Bandas do Cariri misturam poesia e arte em suas canções

A existência de diversas manifestações religiosas, mistura de povos e a forte tradição cultural popular deu o título de "Caldeirão Cultural" à região do Cariri. Não é por acaso que a região desponta, nos últimos anos, como uma das mais efervescentes no cenário de banda autorais, que misturam poesia, arte e música em suas canções.

Lançar um trabalho com músicas autorais há uma década era algo considerado "distante" para os músicos locais. Cenário esse que mudou a partir do surgimento de grupos que cantam, majoritariamente, músicas alusivas aos costumes locais. Grande precursor desse segmento, o cantor e compositor cratense Abidoral Jamacaru é tido, por muitos, como incentivador na produção autoral local.

O professor e cantor Igor Arraes encabeça a banda "Os Caretas" que participou recentemente da gravação de uma coletânea com outras bandas da região. O músico avalia que o "cenário está em ampliação" e considera que a perspectiva futura é "animadora". Para ele, Jamacaru e Cleivan Paiva, nomes importantes da música local, influenciaram para o crescimento das bandas autorais, vislumbrando um novo horizonte.

A banda "Os Caretas" é um projeto que surgiu com algumas músicas não gravadas do grupo "Nacacunda", o qual Arraes era vocalista. "É uma banda que tem uma miscelânea de estilos e experimentações sonoras, na busca por identidade por meio do conjunto de linguagens apresentadas como forma de entretenimento", explica o cantor. Em seu repertório, a banda mescla poesia de artistas regionais com sons experimentais e gêneros como reggae, funk-rock, pop-rock dentre outros.

Com proposta de letras 100% autorais o grupo promete inovar com o lançamento do primeiro CD contendo 12 faixas, previsto para dezembro de 2015.

Para o tecladista Vinícius Simplício, o cenário de bandas autorais em expansão "possibilita as trocas de experiências, ideias e sons". Essa mistura de estilos, ainda segundo o músico, "acaba por abrir mais espaço para esse tipo de som". Outro diferencial do grupo é a forma no trato com a letra das músicas, que levam em sua composição poemas de artistas regionais e também sons experimentais.

Futuramente, a banda quer investir em uma performance com trajes e máscaras como forma de homenagem aos Caretas do reisado, remetendo ao nome do grupo, além de projeções de imagens de artistas plásticos da região durante os shows, a fim de cativar o público e trazer não só a beleza da poesia das letras mais o espetáculo completo aos olhos do público.

Plataformas alternativas
O alto custo para produção de um CD físico não tem sido mais um empecilho para divulgação de bandas com pouco capital financeiro. A facilidade de interação com o público por meio de plataformas alternativas, como as redes sociais, supriu a necessidade de mídias convencionais, como CDs e DVDs. Igor classifica a era digital como de fundamental importância para projeção das bandas, gerando, inclusive, facilidade de acessos às produções autorais.

Trajetória promissora
A banda de rock alternativo autoral "Cômodo Marfim", fundada em 2012, por cinco estudantes universitários de cursos distintos, é apontada hoje como uma das mais promissoras da região do Cariri.

Em sua trajetória, o grupo já coleciona importantes feitos, com diversas apresentações e o lançamento do primeiro EP, com três faixas, de forma totalmente independente.

A banda se prepara para lançar seu primeiro CD. O trabalho conterá 11 faixas, todas compostas e trabalhadas pelos cinco componentes. A gravação está sendo realizada em Juazeiro do Norte, pelo músico e produtor Dudé Casado. A mixagem e masterização será feita no Estado São Paulo.

Para custear o projeto, a banda optou por financiamento online e coletivo pelo site Catarse. Com meta de angariar R$ 6.800, o grupo conseguiu R$ 7.730 em doações feitas pelo site. Gabriel Machado, baterista da banda, explica que o grupo optou pelo site de doações devido "às dificuldades de conquistar recursos, parceiros e patrocínios".

A banda lançará, no próximo sábado (10), o disco online "A Cabeça Estendida Na Viga do Braço". "O prazo para o disco físico é mais demorado, pois envolve uma produção mais elaborada para prensar", detalha Gabriel. O projeto já está na fase final em São Paulo, onde há três meses passa pela mixagem.

ANDRÉ COSTA
COLABORADOR

Fonte: Diário do Nordeste

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