Observatório monitora violência no Cariri

Os altos índices de violência registrados nos últimos anos na região do Cariri têm chamado a atenção de estudiosos para buscar as causas dessa realidade, além de realizar um monitoramento de dados. Para isso, será criado na região, a partir do dia 18, o Observatório de Violência do Cariri, que terá a iniciativa de envolver estudiosos multidisciplinares e a sociedade. O projeto será desenvolvido por meio da Universidade Regional do Cariri (Urca).

O observatório terá um banco de dados, que já vem sendo levantado, por meio de trabalho de uma das coordenações do projeto, na área de violência doméstica. O projeto está sendo realizado em parceria com o curso de Direito, da instituição, além da Enfermagem.

Serão realizadas pesquisas com fontes primárias e secundárias dos dados da violência, nos jornais, delegacias, e além disso fazer um trabalho de sensibilização e mobilização da sociedade em torno do problema, para trabalhar a importância do papel do Estado, nas políticas públicas e no acolhimento às vítimas e na prevenção.

Uma das coordenadoras do observatório que será instalado, Professora Lourdes Góes, afirma que o projeto voltado para casos de violência contra a mulher, Flor de Jitirana, será inserido, além do de Violência Doméstica, que vem sendo desenvolvido pela professora Cileide Araújo, do curso de Direito da instituição.

O objetivo inicial é monitorar os casos de violência e promover a prevenção, além de levar essa realidade à sociedade, articulando as entidades, governamentais e não governamentais para debater o que pode ser feito, e trabalhar com a universidade e magnitude e transcendência desses problemas, e os seus impactos na saúde.

Será o primeiro no interior do Estado. Já existe o Observatório da Violência contra a Mulher (OBSERVEM), da Universidade Estadual do Ceará (UECE), além de outras instituições, mas a pretensão é buscar instrumentalizar ao máximo esse trabalho, conforme a coordenadora.

As ações iniciais irão inscrever o projeto na Pró-reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa, que passará a contar com três bolsistas que serão treinados para auxiliar no processo de captação de dados. Lourdes afirma que houve uma aprovação preliminar do projeto, mas que vai passar por uma estruturação. Vai ser publicada a provação definitiva, e será feira uma formação com os bolsistas da área do Direito e da Enfermagem para trabalhar a questão da coleta de dados e como desenvolver a pesquisa, além de montar o banco de informações e uma sala de situações, para o registro e acompanhamento da evolução da violência e das políticas públicas que estiverem sendo implementadas.

Internet
Também estão previstos seminários, envolvendo as organizações governamentais e não governamentais e a comunidade acadêmica para debater essas questões, além da criação de uma página no site da Urca, para divulgar o resultado das análises que serão feitas. A sala de situações terá além do monitoramento, e com esses dados haverá todo um trabalho de sensibilização e articulação, em torno das questões.

Está previsto divulgar todos os meses um relatório e produção escrita para as pessoas que não têm acesso à internet.

De acordo com Lourdes Góes, será feito um levantamento na própria universidade de todos os professores pesquisadores que estejam realizando trabalhos nessa área da violência, para se fazer uma reflexão conjunta e articulada. Ela afirma que já existem alguns trabalhos, mas de forma isolada, já que os pesquisadores não deram continuidade às temáticas trabalhadas. "A diferença é que esse trabalho do observatório será permanente, para que esteja envolvido na estrutura da Universidade", explica.

A primeira contribuição que o observatório poderá dar, segundo Lourdes, está associada à desnaturalização da violência. Para ele, tem toda a prevalência da violência na região do Cariri, mas passa a ser entendida como um evento natural.

"As pessoas não se indignam mais, e fica uma coisa incorporada numa cultura machista, que oprime, torna a mulher objeto e a primeira grande questão é desnaturalizar e mostrar também as raízes patriarcais, opressivas, e transformar isso em todos os âmbitos da sociedade", diz. A pretensão é também fazer um link desse trabalho com o Instituto de Saúde Coletiva (ISC), para verificar os impactos da violência na saúde, além de outros segmentos, de áreas diferentes. "A gente quer articular os pesquisadores e ativistas da área da saúde, direito, para os casos terem um desdobramento do Núcleo de Práticas Jurídicas (NPJ) e articulações das mulheres, com uma parceria da Casa Lilás.

Indicadores
Há cerca de cinco anos, que vem sendo pensada essa iniciativa, já diante do crescimento urbano do Cariri nos últimos anos e as estatísticas de violência na região. Conforme o Reitor da Urca, professor Patrício Melo, o pensamento inicial para criar o observatório foi o envolvimento da universidade na produção de indicadores e dados sobre esse fenômeno da violência no Cariri, que tem uma dimensão diversificada. "A iniciativa do observatório é inédita na região, mas a gente quer consolidar essa iniciativa dentro de uma visão de enfrentamento, em conjunto com o governo, a exemplo do Pacto Ceará Pacífico.

ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste

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