Juazeiro do Norte (CE): Cidade ainda vive clima de instabilidade política

Após 45 dias afastado do cargo, o prefeito Raimundo Antônio de Macedo (PMDB) foi reconduzido ao posto depois que o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Francisco Falcão, suspendeu a decisão, em primeira instância, que afastava o político por 180 dias. O resultado da liminar foi publicado no último dia 6, no Diário Oficial da Justiça.

Apesar de retornar ao cargo, Raimundão continua respondendo a processo na Justiça, o que tem gerado instabilidade naquele município. A pouco mais de um ano das próximas eleições e com problemas antigos sem solução, o atual cenário político de Juazeiro tem gerado intensas discussões e mexido com vários setores da sociedade.

O vice-presidente da Câmara de Vereadores, Antônio Cledmilson Vieira Pinheiro, avalia o atual momento político da cidade como "horrível, não sendo bom para situação, tampouco para oposição". Ele considera que a crise foi agravada pelas constantes disputa de poder e afirma que a situação financeira, assim como os problemas na saúde pública, são os mais preocupantes.

Pinheiro ressalta que, se os políticos se unissem em prol de uma causa maior - a população -, os problemas poderiam ser solucionados com maior eficácia. Em sua visão, a volta do prefeito pode ser um marco na política de Juazeiro. "Ele tem nova chance de pôr em prática os projetos que não foram iniciados durante os três anos de mandato, além de dar continuidade ao que foi feito de positivo pelo vice Luiz Ivan".

Questionado se há resistência na volta de Raimundão ao cargo, Pinheiro foi enfático e negou qualquer manobra para retirar o peemedebista da Prefeitura. "Quem foi eleito pensando no bem de Juazeiro do Norte não pode pensar, jamais, em manobras políticas que venham a prejudicar a cidade. Não acredito naqueles que fazem oposição só por fazer. Acredito, sim, que se todos estiverem unidos, Juazeiro pode sair desse momento delicado. Contudo, algumas mudanças devem ser feitas, sobretudo no tocante à saúde", salienta.

A situação precária na qual o município se encontra fez com que o Ministério Público Federal (MPF) ajuizasse, no dia 30 de junho, ação contra Raimundão por desvio de recursos na saúde. Ele é acusado de desfalque de verba federal por intermediação fraudulenta de mão de obra. Somando-se todos os valores envolvidos no caso, o MPF identificou prejuízo aproximado de R$ 1,5 milhão aos cofres públicos.

Irregularidades
De acordo com o procurador da República, Celso Leal, autor da ação, durante vistoria do MPF, em abril de 2014, no hospital municipal São Lucas, foram constatadas irregularidades nos valores referentes à prestação de serviços. Para o Ministério, a contratação da empresa Dinâmica Cooperativa de Profissionais de Saúde, que envolveu cerca de R$ 8,5 milhões para atuação no Hospital, se consisti em apenas um meio de burlar os direitos trabalhistas dos profissionais para apropriação de verbas públicas federais, repassadas pelo Ministério da Saúde, já que a cooperativa jamais prestou qualquer serviço efetivo ao município.

Um dia antes de deixar o cargo, o até então prefeito interino, Luiz Ivan, afastou outros 13 servidores nomeados por portaria e/ou cargos comissionados, totalizando 54 destituídos. Em 30 de julho, ao retirar 41 servidores com duplicidade de serviços nomeados ou por receberem sem trabalhar, Ivan anunciou que pretendia exonerar cerca de 200 servidores irregulares.

A medida seria para ajustar as contas da prefeitura, que gira em torno de R$ 17 milhões, possibilitando melhor equilíbrio financeiro para os próximos meses. Ao reassumir o cargo, Raimundão declarou que dará continuidade aos afastamentos, apesar de terem sido indicados por ele próprio. O prefeito reconhece que é preciso reduzir o número de cargos comissionados para que a máquina funcione melhor perante a crise.

ANDRÉ COSTA
COLABORADOR

Fonte: Diário do Nordeste

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