Falta de verba diminui ritmo dos trabalhos no Cinturão das Águas

A redução drástica nos repasses financeiros para as empreiteiras, da maior obra de infraestrutura hídrica do Estado do Ceará, a do Cinturão das Águas, provoca uma diminuição no ritmo das frentes de serviços, com paralisação na maior parte dos trechos. Isso ocorre, principalmente, em quatro dos cinco lotes em operação, desde o começo do ano. Alguns estão funcionamento parcialmente, como ocorre no 5, onde está sendo construída grande parte dos túneis.

No lote 1, na primeira etapa, se concentra o maior número de funcionários. São cerca de 600 pessoas trabalhando para construção dos primeiros 38 quilômetros do canal, que deverá receber no próximo ano as águas do Rio São Francisco, advindas da barragem de Jati, entre os meses de julho e setembro de 2016.

A obra do Cinturão das Águas abrange cerca de 150 quilômetros, chegando até o município de Nova Olinda, no Cariri. A primeira etapa do Cinturão chega ao custo de cerca de R$ 1,3 bilhão, com recursos do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) e do Governo do Estado. Dos mais de 3 mil funcionários que trabalhavam nas frentes de serviço dos lotes 1 ao 5, cerca mil continuam, segundo o secretário de Recursos Hídricos do Estado, Francisco Teixeira.

Acompanhamento
Ele esteve durante a última semana em Crato para verificar o andamento da obra e os trechos onde há uma paralisação mas aguarda até o próximo ano que os trabalhos possam avançar, caso haja uma mudança na perspectiva econômica do País. O secretário afirma que a prioridade dos serviços foi dada justamente para a área do Cinturão das Águas mais próxima à barragem de Jati, onde as obras do projeto da Transposição do Rio São Francisco continuam, com quase 90% de conclusão.

A barragem será a porta de entrada das águas rio São Francisco, no Ceará, redistribuindo, por meio do Cinturão, para diversas cidades do Estado. De acordo com o secretário, se está diante de uma das maiores secas do Ceará. Ele classifica a situação em boa parte dos municípios como crítica e chega a acompanhar, de forma 'on line', diariamente, a situação das cidades, se reunindo com os órgãos ligados do setor, semanalmente. A esperança maior seria que as águas começassem a ser distribuídas a partir do próximo ano.

Até janeiro, há uma perspectiva de se chegar a 10% das reservas hídricas, conforme levantamentos do Estado, e a previsão é de mais um ano de seca. Conforme Francisco Teixeira, a ideia é poder fazer a maior quantidade de poços, chegando a cerca de 800 no Estado. Atualmente, segundo ele, foram construídos 410. Mas será feita ata de lançamentos de preços para se chegar a pelo menos 2 mil.

Em relação ao Cariri, o secretário afirma que é uma das regiões do Estado com boa infraestrutura hídrica de poços. Ele cita adutoras de montagem rápida que foram feitas, como no caso de Caririaçu, além da cidade de Salitre, que requer mais atenção, e há uma previsão de construir mais poços no Município, além de resolver questões técnicas relacionadas a bomba para um dos já existentes. Esses serviços deverão ser iniciados nos próximos 30 dias.

A paralisação das obras do Cinturão das Águas começou ainda no inicio do atual governo. Teixeira cita a dificuldade de repasses por parte tanto do Governo Federal como do Estadual. A crise nacional proporciona a redução dos repasses do Fundo de Participação dos Estados (FPE) e do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). "Há dificuldade de crescimento do País, e isso gera problemas na continuidade das obras", afirma o titular da SRH.

De acordo com Teixeira, o Governo do Estado decidiu priorizar a construção do 'Caminho da Água', concentrando todas as frentes de serviços nos primeiros quilômetros do lote 1, para ver se até o próximo ano, na área de Jati e Porteiras, mais próximos do reservatório, se concluam os primeiros 38 km.

O engenheiro Carlos Davis Nogueira Oliveira, da Superintendência de Obras Hidráulicas (Sohidra), ligada à SRH, participou da fiscalização e supervisão da obra do Cinturão das Águas durante a semana. Ele afirma que os trechos mais prejudicados serão os que incluem os lotes 3 e 4.

As desapropriações, principalmente em Crato, já estão bem avançadas, no que diz respeito à continuidade do projeto do Cinturão das Águas. "Se não fosse a questão financeira, já haveria uma sequência natural de obra", disse. Para Carlos Davis, o fato de os repasses não estarem sendo cumpridos, as construtoras têm tido um certo receio em manter um nível de produtividade elevado, sem o ressarcimento devido. A obra do trecho 1 foi iniciada em setembro de 2013, com previsão de conclusão em 24 meses. Esse primeiro período já está no limite. Algumas empresas já entraram com pedido de aditivo para solicitar a prorrogação do prazo e dar continuidade aos serviços.

O morador de Monte Alverne, em Crato, Antonio Cariri Julio, teve seu imóvel desapropriado e diz que ainda falta receber R$ 7 mil, de uma indenização e R$ 39 mil, de 8 tarefas de terra. Ele não acredita que depois de um ano possa receber o restante dos valores. O produtor rural lamenta que suas terras tenham sido desapropriadas por um preço bem inferior ao que vem sendo negociado, principalmente com a valorização após a construção do canal. Alguns moradores, inclusive, dizem que em alguns pontos das obras, pessoas chegaram a levar material de construção dos canteiros.

Mais informações
SRH
Centro Administrativo Governador Virgílio Távora
Cambeba/CE
Fone: (85) 3101.3995

ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste

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