Expedição diagnostica poluição no Rio Salgado

O rio Salgado nasce em Crato e passa por municípios da região, incluindo os mais populosos. A cada ano tem sua situação agravada em função dos poluentes d o avanço do perímetro urbano das cidades. A luta em prol de salvar o rio ganha aliados. Dessa vez, são coletivos de fotógrafos da região que estão encarando a missão de denunciar o descaso social e a falta de compromisso em salvar o manancial. Está em curso a expedição fotográfica em defesa da área.

A ideia não tem como finalidade apenas fazer o registro, mas abrir e ampliar o debate em torno da despoluição, consci-entização da sociedade e o envolvimento de órgãos ambientais, câmaras municipais e administrações locais no compromisso de preservar o curso do rio.

O relatório final do trabalho será a elaboração de um documento embasado com um farto material, para ser entregue ao poder público, além de exposições junto à comunidade. A proposta é impactar, segundo uma das idealizadoras desse trabalho, a fotógrafa Nívia Uchôa. Ela é do grupo Poesia da Luz que, junto com o Foto Crato e o Coletivo Camaradas iniciaram a missão de documentar uma realidade impressionante do que existe ao longo do rio. E não só apenas o Salgado vem sendo visitado em suas diversas áreas, mas os afluentes também.

Agressões
A degradação é verificada em quase toda parte. O rio Salgadinho, como foi carinhosamente adotado pela população, expõe agressões ambientais com altos níveis de poluição. O advogado e professor Cristóvão Teixeira Rodrigues, do Foto Crato, é um dos integrantes da expedição. Ele destaca a própria forma de a população atualmente enxergar a situação do rio como algo até natural, como se a realidade do alto nível de poluentes não chocasse mais as pessoas. "Temos a finalidade de chamar a atenção para a conservação do rio, e para isso é importante o envolvimento da sociedade", diz.

Em Crato, os integrantes do grupo realizaram uma vista na área do Canal do Rio Grangeiro, na semana passada. Nas proximidades do mercado Walter Peixoto, encontraram uma situação degradante em que moradores chegam a depositar lixo dentro do canal, que já sofre agressões de todas as formas.

Resíduos
Um exemplo dessa realidade foi citada pela fotógrafa Nívia Uchôa, que também é geógrafa, ao ver sendo atirado rio abaixo um aparelho de televisão velho.

Para ela, a grande importância desse trabalho é poder gerar um 'feedback' com a sociedade sobre a relevância do objeto pesquisado. Além disso, quer promover um debate ecológico e político sobre a temática.

Nesse primeiro momento, a expedição contou com a presença de oito pessoas e foram realizados importantes registros em Crato e Juazeiro do Norte. As novas estratégias de trabalho serão debatidas para as próximas expedições que se realizam ainda este mês e em agosto.

A sensibilidade de trabalhar com a temática fez com que Nívia por dois anos desenvolvesse o projeto "Água pra que te quero!", de 2009 a 2011, nas áreas da Bacia do Salgado, Alto Jaguaribe e Banabuiú, tratando justamente da relação do homem com os mananciais aquíferos. Agora, a inciativa do projeto trará registros importantes para que seja formatado o segundo projeto, ao longo da Bacia do Salgado.

O projeto tem a pretensão de reunir maior número possível de integrantes de fotógrafos dos coletivos, além de fazer um chamamento também dos vereadores das cidades incluídas na situação problemática.

Em Crato, por exemplo, Cristovão chama a atenção para a situação do Rio Grageiro, que passou a ser um grande captador de água de esgotamento de toda a cidade. Um problema o advogado e professor considera difícil de ser totalmente sanado pelo poder público, mas que pelo menos possa ser minimizado pela despoluição e que a população possa colaborar não sujando mais ainda essas áreas.

Cheias
A ponte sobre o rio Salgado em Juazeiro do Norte, no bairro Socorro, também foi outro ponto de registro da expedição. Nívia destaca essa como uma das áreas problemáticas, já que todos os anos, mesmo em pequenas precipitações, estão acontecendo cheias e casas são invadidas pelas águas poluídas.

A área atingida tem se ampliado e a geógrafa alerta para o avanço da construção do Anel Viário, que chega até bem próximo ao local, agravando mais ainda essa situação na área urbana.

Mesmo sabendo que é uma reivindicação praticamente impossível, ela afirma que a única solução para a recuperação do rio está no processo de desapropriação da área, além de plantio de árvores.

"Mas devemos entender que a sociedade também é culpada. Enquanto realizava trabalhos de filmagens, as pessoas depositavam lixo", lamenta Nívea. A fotógrafa lança o alerta de que a solução acontece paralelamente ao processo de conscientização das pessoas. Ou seja, do que elas estão fazendo e os problemas ambientais que poderão acarretar no futuro.

ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste

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