Saiba o que aconteceu com Casagrande e como prevenir o infarto do miocárdio

O tema infarto do miocárdio sempre nos deixa preocupados e muitos ainda se perguntam: será que em um jovem é mais perigoso? E mais, como pode ocorrer em um ex-atleta profissional considerado de alto rendimento que sempre atuou em ótima forma física e por tantos anos? Evidentemente respeitando o ex-jogador Walter Casagrande, ainda ídolo de muitos torcedores e agora um paciente, vamos comentar os fatos que servirão como prevenção e alerta para todos os leitores.

Em primeiro lugar, o fato de ser ou ter sido esportista ou mesmo atleta profissional não evita essa e outras doenças cardiovasculares. O exercício físico NUNCA funcionou como garantia total ou seguro de vida, porém é de constatação científica que, enquanto se mantiver ativo, praticando exercícios físicos regulares, preferencialmente aeróbios (como corrida, ciclismo e natação de lazer), as possíveis complicações serão bem mais raras e de intensidade menor. Aqui relembro que os inúmeros ex-atletas que atendemos com doenças cardíacas, cirurgias cardiovasculares e intervenções não-cirúrgicas, como as angioplastias por cateterismo, tiveram uma evolução bem melhor após a alta hospitalar do que as dos pacientes sedentários.

A correção firme dos fatores de risco, como a hipertensão arterial, a vida sedentária, o tabagismo, o elevado nível do colesterol, o diabete e a chamada resposta agressiva ao estresse diário e natural, já diminui, mas não exclui o risco de infarto do miocárdio. Porque ainda temos que considerar a herança familiar de doenças cardiovasculares, um fator potente, quando é próximo de nós, isto é, se recebermos essa herança genética dos nossos pais.

O sucesso do tratamento do infarto está fortemente ligado ao tempo e ao tipo de atendimento que será feito. Há 30 anos, morriam de infarto no Brasil mais de 50% dos que dele sofriam. Hoje a morte nas primeiras horas do evento está em menos de 12%. O sucesso tem um prazo de tempo limitado, do início dos sintomas até a internação numa UTI, não podemos deixar ultrapassar seis horas, porém o ideal é que seja menos que QUATRO horas.    

Ao sentir os sintomas de: dores no peito ou nas costas, suor frio, mal estar geral,  náuseas, imediatamente chame o SAMU. Se tiver à mão, mastigue um comprimido de ácido acetilsalicílico. Atenção, não confundir com dipirona ou paracetamol. Aguarde a ambulância deitado, recostado em um travesseiro e procure conversar com alguém próximo de você.

Chegando ao hospital, o paciente na vigência do infarto será levado para cateterismo de salvamento. Imediatamente se tentará com cateter especial a angioplastia da coronária obstruída e implante de um stent (espécie de mola na forma de tubo expansivo), que deixará esse vaso sanguíneo (artéria coronária) livre para o sangue circular e voltar a nutrir o miocárdio. Após poucos dias, correndo tudo bem, terá alta do hospital. O retorno ao trabalho é bem mais rápido do que seria sem essa intervenção salvadora.

Concluindo, podemos afirmar que a rapidez do atendimento decide se teremos vida, sequela ou mesmo a terrível possibilidade da morte súbita por infarto do miocárdio.      

Por: Nabyl Ghorayeb, Doutor em Cardiolgia e Medicina do Esporte

Fonte: Eu! Atleta/Globo Esporte.com

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