Juazeiro do Norte (CE): Exposição homenageia Luiz Gonzaga

A festa é também do Rei do Baião. O cantor passa a ser um dos grandes homenageados todos os anos durante o mês das comemorações juninas. Até o dia 30, estará sendo realizada no Cariri Garden Shopping, em Juazeiro, a exposição 'A Vida e Obra de Luiz Gonzaga', em que estão à mostra 230 peças de um dos maiores acervos particulares do Brasil sobre o cantor pernambucano.

O projeto tem circulado o País com o acervo do pesquisador e radialista Reginaldo Silva. A mostra acontece no Espaço Trevo, voltado para exposições e eventos culturais. A discografia, acervo fotográfico, objetos pessoais e a última sanfona doada por Gonzaga podem ser vistos no local.

A divulgação da obra 'gonzagueana', conforme Reginaldo, já esteve em mais de 40 cidades em todo o País, com oito delas realizadas em Juazeiro do Norte, uma no shopping, em 2002, e seis em Exu, no Estado do Pernambuco, terra do Rei do Baião.

Com caráter educativo e cultural, para pesquisas, com demonstrativos em fotografias, documentos, imagens em DVDs, objetos pessoais, artes plásticas e dentre outras coisas ligadas ao Rei do Baião, na exposição são realizadas palestras, e exibição de vídeos com imagens inéditas de Luiz Gonzaga e sua obra.

Resgate
O objetivo é resgatar a memória história da trajetória do cantor, além de reunir admiradores, colecionadores, pesquisadores, seguidores e os demais membros da sociedade interessados em preservar a identidade cultural. Também é discutido o legado de sua obra, além da promoção e homenagem ao Rei do Baião. A exposição é idealizada de forma itinerante, para percorrer as principais cidades do país, no intuito de disseminar debates.

O artista que cantou e encantou gerações, conforme Reginaldo Silva, ainda se encontra muito presente no imaginário popular e permanecerá por muitos anos, pela forte identificação com o Nordeste.

Parte das peças expostas foi cedida pela família do cantor. O público poderá conferir até sanfonas utilizadas por Gonzaga em seus 30 anos de carreira a objetos como camisas, óculos, pratos, talheres, discos lançados e fotos raras. Além disso, mostruários de fotos relembram diferentes momentos do histórico de Gonzaga.

Reginaldo Silva foi amigo pessoal e produtor da banda de seu Luiz durante 12 anos de trajetória. Ele conta que, no shopping, o acervo não só tem atraído os fãs da época de Gonzaga, como também a presença de muitos jovens e universitários. "Vejo grande interesse da juventude e dos estudantes de mestrado e doutorado que chegam com o caderninho na mão para registrar fatos sobre a vida do Gonzagão", diz.

Atualmente, Reginaldo é um dos maiores divulgadores da cultura 'gonzagueana'. "Estreamos em Juazeiro do Norte e vim tomar pé do valor do que ele representava. Tinha um material de muita importância e não havia outras manifestações", ressalta. De acordo com o organizador, a memória de Gonzaga está entre os três principais ícones que representam o Nordeste. "Enquanto Padre Cícero é lembrado na religiosidade e Lampião no cangaço, a obra de Gonzaga é imortalizada nas famílias, na religiosidade, na educação e no social", destaca.

Influência
Também pernambucano, da cidade de Lagoa do Ouro, Reginaldo Silva conheceu Luiz Gonzaga aos 16 anos, na cidade de Goioerê-PR. Viu o cantor pela primeira vez num show de lançamento do livro "O Sanfoneiro do Riacho da Brígida", de Sinval Sá. Onze anos após esse primeiro encontro, teve a oportunidade de sonorizar e apresentar um show de Luiz Gonzaga na inauguração em Cachoeirinha, em Pernambuco.

Em 1978, como um dos coordenadores do Festival Nacional de Jericos (Panelas-PE), com o apoio da empresa Mucuri (Canhotinho-PE), produziu e realizou um grande show com Luiz Gonzaga. A década de 1980 foi decisiva para a ligação de Reginaldo e Luiz Gonzaga. Nesse período, Reginaldo foi trabalhar com publicidade para a empresa "Fumo Dubom", em Arapiraca-AL, produto esse que tinha Luiz Gonzaga como garoto propaganda. O ex-produtor destaca importantes trabalhos em que esteve ao lado do cantor, como nos anos 1980, quando Luiz Gonzaga teve uma grande influência no processo de pacificação em seu município de origem, Exu.

Nessa época chegou a realizar vários shows e eventos públicos, com produção e apresentação de Reginaldo. Durante o período de forte estiagem no Nordeste, Luiz Gonzaga esteve realizado diversos shows para auxiliar as vítimas da seca. Ele lembra que os ingressos eram trocados por alimentos. Nos anos de trabalho com Luiz Gonzaga, Reginaldo participou de 53 shows. Alguns como produtor e outros como percussionista, motorista e locutor.

ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste

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