Você tem medo de quê?

O medo é natural e até saudável, mas há pessoas que desenvolvem um pavor irracional a situações ou objetos que não oferecem perigo.

Chamadas de fobias, essas aversões envolvem um transtorno de ansiedade, impedem que a pessoa tenha uma vida normal e levam à necessidade de tratamento.

Os sintomas variam em cada paciente mas, normalmente, envolvem taquicardia, suor em excesso, boca seca e tremores.

Os tipos mais comuns
Orlando Vicko, psicólogo especializado em tratamento de ansiedade e Síndrome do Pânico pela Universidade de Miami, lista as 10 fobias mais frequentes:

Acrofobia: medo de lugares altos. A pessoa pode ter acessos de pânico ao visualizar o solo e se desesperar para buscar uma saída do ambiente que gera desconforto.

Aerofobia: medo de voar ou de se expor a correntes de ar intensas. Essa fobia impede que a pessoa viaje de avião e, em casos mais graves, impossibilita a prática de esportes ao ar livre.

Agorafobia: medo de locais cheios e multidões. Consiste, basicamente, em ansiedade antecipatória, pois o agorafóbico teme a multidão pela ideia de que não poderá sair do meio dela, caso se sinta mal.

Aracnofobia: medo de aracnídeos. O pavor pode impedir que a pessoa permaneça em locais onde acredita que existam aranhas ou, ainda, que se desespere diante de qualquer contato inesperado do animal com a pele.

Catsaridafobia: medo de baratas. Assim como a aracnofobia, este distúrbio pode impedir que a pessoa frequente certos lugares e pode desencadear também uma obsessão por limpeza.

Claustrofobia: medo de lugares fechados, como elevadores, salas sem ventilação, trens e aviões. A sensação de falta de ar e taquicardia são os principais sintomas. A claustrofobia pode estar diretamente associada a um quadro de agorafobia.

Glossofobia: medo de falar em público. Não deve ser confundida com quadros normais de ansiedade diante de uma plateia. Quem sofre de glossofobia apresenta taquicardia, suor em excesso, desmaios e até diarreia ao ser obrigado a falar em público.

Hematofobia: medo de sangue. Os sintomas envolvem tremores, fraqueza, falta de ar, dor de cabeça e transpiração excessiva ao ver sangue. Muitas pessoas desenvolvem ainda o medo a todo tipo de objeto cortante e pontiagudo, como facas e agulhas, pois estão associados com sangramento.

Hidrofobia: medo de água. A pessoa se desespera ao menor contato com qualquer tipo de líquidos, seja ao entrar no mar ou em uma piscina ou simplesmente ser atingida por um jato de água.  

Nictofobia: medo da noite ou de locais escuro. Por temer o que não pode ver, a pessoa que sofre de aversão ao escuro se apavora ao menor ruído ou sombra. Ocorre geralmente logo na infância, mas pode continuar na idade adulta, se não for tratada.

A origem das fobias
“É impossível determinar de forma genérica qual é a origem de uma fobia, pois cada caso apresenta suas peculiaridades”, explica Orlando.

De acordo com o especialista, pode-se apenas apontar que todo medo extremo está diretamente relacionado a um episódio traumático na vida do paciente. Isso significa que um afogamento na infância – ou mesmo na fase adulta – pode desencadear um quadro de hidrofobia anos mais tarde, por exemplo.

A experiência impactante pode ser vivida pelo paciente ou apenas presenciada por ele. “Já acompanhei pessoas que desenvolveram uma fobia a sangue após testemunharem um grave acidente”, conta o especialista.

Para evitar traumas profundos, os pais devem tomar alguns cuidados diante de situações intensas. “Ao notar a insegurança da criança diante de uma situação nova, como um voo de avião, os adultos devem conversar com calma e tranquilidade, mostrando à criança que o medo é natural, mas que pode ser superado”, sugere Orlando.

Segundo o psicólogo, a postura dos pais influencia muito a reação da criança em uma situação nova.

Marlene Muniz, 42 anos, é mãe de Vitória, 9 anos, que sofre de um caso grave de aracnofobia. Após muitas sessões de terapia, a origem do problema foi identificada.

“Durante o tratamento descobrimos que aquele medo irracional começou na infância. Quando ela tinha 4 anos, viajamos para um sítio da família e logo na primeira noite ela encontrou uma aranha grande na cama. Ela pegou com uma folha de jornal e veio me mostrar. Eu me apavorei e comecei a gritar, mandando que soltasse a aranha porque ela poderia ser muito perigosa. Após esse dia, ela passou a ter um medo insuperável do animal”, relata Marlene.

O que parecia ser um pavor comum começou a ganhar proporções incontroláveis. A menina fazia xixi na calça ao ver fotos ou cenas de uma aranha na televisão e desmaiava se encontrasse um animal “ao vivo”, por menor que ele fosse.

“Ela faz terapia há 2 anos e já apresentou muito avanço. Conseguimos controlar os desmaios e o xixi involuntário. A terapia foi essencial, mas também abrimos o diálogo em casa, falando abertamente sobre o problema”, revelou Marlene.

Tratamentos possíveis
O primeiro passo é conscientizar os familiares e amigos de que esta aversão não é frescura e precisa, sim, de tratamento, pois pode levar a quadros incapacitantes, interferindo diretamente na vida das vítimas.

“Há pessoas que se tornam escravas do medo de situações que não oferecem nenhum perigo real”, argumenta o psicólogo.

A terapia cognitivo-comportamental é, na grande maioria dos casos, o tratamento mais indicado para fobias. “Com a ajuda de um psicólogo, a pessoa vai sendo lentamente exposta aos objetos que geram o medo. O profissional vai ajudando o paciente a remanejar seus pensamentos nessas situações e, assim, superar a fobia”, explica ele. O especialista ressalta que os estímulos são graduais, para não causar agonia.

Para ele, é importante ter em mente que buscar a raiz do problema não deve ser o foco do tratamento. “Como toda fobia gera algum tipo de sofrimento ao paciente, o intuito do tratamento deve ser superar o medo”, aponta.

Fonte: Disney Babble

Curta nossa página no Facebook



Nenhum comentário:

Postar um comentário

AddThis