Cid diz que Câmara tem 400 achacadores e deputados reagem

Em mais um episódio de atrito entre o governo e o Parlamento, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou ontem um requerimento de convocação do ministro da Educação, Cid Gomes. Os deputados querem que o ministro esclareça sua declaração, dada na Universidade Federal do Paraná na sexta-feira passada, sobre a existência de “300 a 400 achacadores” na Casa.

O requerimento, proposto pelo DEM, foi aprovado por 280 deputados, 102 contra e quatro abstenções. A oposição avisou que pedirá a Procuradoria da Câmara para que entre com interpelação judicial contra Cid.

Só PT, PC doB, PDT e PROS (partido do ministro) orientaram voto contra a proposta e tentaram, durante toda a sessão, converter o requerimento de convocação em convite. A liderança do governo liberou a base aliada para votarem livremente. “Não é necessário ser desta forma”, apelou o líder do PROS, Domingos Neto (CE).

O líder governista José Guimarães (PT-CE) reconheceu que a frase do ministro foi “infeliz”. Mas argumentou que não seria necessário tensionar mais a relação com o Parlamento. “Foi uma palavra que saiu e que não volta mais, como uma flecha”, disse o líder do PT, Sibá Machado (AC).

A oposição se aliou ao PMDB na alegação de que o ministro foi “mal educado e desrespeitoso”. “Temos que mostrar que esse Parlamento se respeita”, disse o líder do PSC, André Moura (SE).

Declaração
No evento da semana passada, Cid criticou a eleição do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para a presidência da Câmara e disse que os 300 ou 400 parlamentares querem um governo mais frágil para achacá-lo. A frase de Cid lembra a do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva dita em 1993: “Há uma maioria de 300 picaretas que defendem apenas seus próprios interesses”, afirmou o petista à época, referindo-se ao Congresso.

“Ele (Cid) vai ter que vir aqui explicar quem são os achacadores. Um governo que tem como lema ‘Pátria Educadora’ não pode ter um ministro da Educação mal educado”, disse Cunha.

Em retaliação, o peemedebista retirou de pauta o projeto do MEC que cria o Instituto Nacional de Supervisão e Avaliação da Educação Superior (Insaes). O projeto visa criar uma entidade para avaliar e regular as faculdades no País. Cunha avisou que o tema só retornará à pauta se a presidente Dilma Rousseff solicitar a urgência formalmente. A votação era um pedido do ministro.

Fonte: Estadão



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