Polícia nega racismo contra suspeita de matar italiana

A delegada adjunta da Delegacia de Proteção ao Turista (Deprotur), Patrícia Bezerra, informou que a turista do Rio de Janeiro, Mirian França, presa suspeita de envolvimento na morte da italiana Gaia Molinari, 29,  preferiu não manter contato telefônico com a mãe, Valdicéia França. A mãe da suspeita informou, durante entrevista, que não conseguiu conversar com a filha desde a prisão e caracterizou a prisão como um ato de racismo, por Mirian ser negra. A Polícia pretende ainda fazer uma reconstituição do crime, com a participação da carioca.

A Secretaria de Segurança Pública do Estado do Ceará (SSPDS-Ce) realizou uma coletiva e a delegada Patrícia Bezerra informou que a prisão não foi atrelada com nenhum tipo de discrimação. "Ela (Valdicéia) pediu para a assessora de imprensa me contactar. Estava nervosa e telefonei para ela. Disse que que a filha dela estava bem e que não tinha sofrido nenhum tipo de agressão física e que ela estava tranquila, porquê ela (Mirian), não perde a tranquilidade em nenhum momento. Acredito que ela (Valdicéia) esteja nervosa com tudo o que esteja acontecendo, como qualquer mãe estaria. Mas queremos dizer que a Polícia Civil do Estado do Ceará é séria, técnica e competente. A gente está atrás do culpado e não de qualquer culpado. Independente da cor que ela  tenha, condição social ou procedência", comentou a delegada responsável pelo caso.

Ainda de acordo com a delegada, a prisão foi reprentada pois a Polícia entendeu que haviam elementos suficientes para que Mirian permanecesse sob a tutela da Polícia. "A gente representou pela prisão da Mirian, pois entendíamos que havia elementos para isso. E o juiz que a decretou entendeu da mesma forma, pois quem decretou a prisão não foi a Polícia, mas o juiz", explicou.

A Polícia ainda informou que foi dado a Mirian o direito de telefonar, mas que a turista carioca preferiu não "preocupar" a mãe e ligou apenas para uma orientadora do curso superior e um amigo.

Reconstituição deverá acontecer ainda em janeiro
"Eu não teria como continuar as investigações com ela (Mirian) no Rio. Porque a gente pensa em fazer uma reprodução simulada dos fatos que precisaria da participação dela e do consentimento dela", afirma a delegada, que diz pretender realizar uma reconstituição do crime antes que expire o prazo da prisão, no dia 28 de janeiro.

"A gente trabalha com várias linhas de investigação. Em relação a outros suspeitos a investigação está avançando, e a gente vai chegar a um resultado satisfatório", afirmou a delegada.

Segundo o secretário da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará, Delci Teixeira, a polícia tentou combinar com a mãe da estudante um horário na manhã desta segunda para que ela falasse com a filha por telefone.

"Nós entramos em contato com a Secretaria de Direitos Humanos do Rio. Foi combinado que a mãe iria hoje (segunda, 5) às 11h para que pudesse de lá fazer um telefonema e conversar com a filha. Ela acabou não comparecendo", disse.

A Defensoria Pública do Ceará montou uma comissão para estudar a defesa da estudante. No Rio, o advogado Humberto Adami diz que deverá entrar com um pedido de habeas corpus a pedido da mãe da estudante. Ele afirma que as contradições nos depoimentos de Mirian não justificam sua prisão e que a estudante é vítima de racismo.

Gaia Molinari foi encontrada morta no dia 25 de dezembro, estrangulada, em Jericoacoara, no litoral do Estado. Mirian, que viajava com ela, cumpre prisão preventiva por 30 dias, por contradições em seus depoimentos, segundo a polícia. Ela está numa cela separada dos demais presos em uma delegacia de Fortaleza.

Fonte: Folhapress



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