Falta de leitos precariza serviço público hospitalar no Cariri

A falta de leitos para internamento de pacientes em hospitais que compõem a rede pública em municípios da Região Metropolitana do Cariri continua ocasionando uma série de problemas e constrangimentos para a população que depende do atendimento gratuito para realização de tratamento hospitalar. Nós últimos anos, hospitais que possuíam convênios para tratamento de pacientes, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), foram fechados por conta de problemas financeiros.

Dívidas contraídas com fornecedores e o atraso no pagamento de funcionários destas unidades acabaram se acumulando no passar dos anos. O recurso adquirido por meio do pagamento dos internamentos realizados pelo SUS, conforme afirmam ex-diretores, não chegavam a ser suficientes para o equilíbrio financeiro destes hospitais.

Em Juazeiro do Norte, por conta destas situações, foram fechados os hospitais Santo Inácio e o Infantil Imijuno, além de um Pronto Socorro que funcionava nas imediações do Centro da cidade. Já em Crato, a população passou a enfrentar maiores dificuldades a partir da paralisação das atividades do Hospital Pediátrico Monsenhor Rocha, do Hospital Manoel de Abreu e pelo descredenciamento do hospital São Miguel, que deixou de atender pelo SUS e hoje realiza atendimentos de forma particular aos pacientes da unidade.

As deficiências do setor acabaram ocasionando um aumento significativo em relação às demandas de atendimento junto ao Hospital Regional do Cariri (HRC). Profissionais da área médica e de enfermagem afirmam, inclusive, que o número de pacientes deslocados de outros municípios da região só não é maior porque a maioria dos procedimentos, dentre eles os internamentos e as cirurgias eletivas, acabam sendo disponibilizadas à população residente em Juazeiro do Norte e no entorno da terra de Padre Cícero.

Deficiência
Neste município, atualmente, o Hospital Municipal Tasso Ribeiro Jereissati, mais conhecido como Estefânia Rocha Lima, não possui as condições necessárias para garantir a qualidade no atendimento para quem precisa dos serviços médicos de urgência e de internamento. Apenas o setor de traumatologia continua funcionando a contento na unidade. A maioria dos pacientes, no entanto, não consegue atendimento para uma simples consulta médica. Há, também, reclamações quanto à falta de equipamentos para realização de exames, medicamentos no setor ambulatorial e, até mesmo, médicos plantonistas. No Hospital Infantil Maria Amélia, único disponível para atendimento pediátrico no município, a situação também aponta para a necessidade de maiores cuidados e investimentos. Em noites de maior movimentação, atendentes se revezam na busca do único termômetro digital disponível.

Audiência
No ano passado, uma audiência pública provocada por representantes do Ministério Público Federal e do Estado do Ceará debateu as situações de precariedades evidenciadas nas unidades hospitalares do município. À época, foram realizados Termos de Ajustamento de Conduta (TAC), objetivando a melhoria na infraestrutura do Hospital Tasso Ribeiro Jereissati, bem como em relação às questões urgentes do Hospital São Lucas, como a compra de material básico para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal daquela unidade. Durante as discussões, usuários chegaram a reclamar da falta de higiene do Hospital Tasso Jereissati e da carência de alimentação no equipamento.

Segundo o prefeito de Juazeiro do Norte, Raimundo Mâcedo (PMDB), as deficiências no setor passaram a ser evidenciadas por conta de decisões adotadas pela gestão passada. Ele afirma que "quando o Município fechou o Pronto Socorro e o Hospital Santo Inácio, criou toda a dificuldade que atualmente a população enfrenta".

A secretária de Saúde do município de Juazeiro do Norte, Marcleide do Nascimento, que assumiu a pasta interinamente na semana passada, por um prazo de 90 dias, informou que uma comissão será criada para tomar conhecimento da atual situação do Hospital Tasso Jereissati.

Crato
Em Crato, duas unidades hospitalares mantêm atendimento à população por meio do SUS, os hospitais São Raimundo e São Camilo. No entanto, o número de leitos disponibilizados é insuficiente à demanda. A secretária de Saúde de Crato, Aline Alencar, explicou que o município deverá contar, nos próximos meses com uma Policlínica e com uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) para diminuir os problemas ora vivenciados pela redução de leitos hospitalares no município. Conforme informou, a Policlínica está em fase de construção e a responsabilidade em torno de sua conclusão pertence ao Estado, enquanto que o recurso para construção da UPA já está assegurado e o processo licitatório para contratação da empresa que responderá pela obra encontra-se em fase de tramitação.

Aline Alencar disse, ainda, que, por conta da própria estrutura da rede de saúde que está sendo formada no município, haverá melhor capacidade de atendimento nos hospitais públicos na cidade. Para o eletricista Luis Cláudio de Oliveira, que reside no município há cerca de 10 anos, a falta de leitos para atendimento a pacientes pelo SUS estabelece a necessidade de construção de mais uma unidade hospitalar no município. "Não tem hospital pertencente ao próprio município. Não entendo como uma cidade que quer ser vista como desenvolvida, a exemplo de Juazeiro do Norte, não possui, sequer, um hospital," desabafou.

Mais informações
Secretaria de Saúde de Juazeiro do Norte
Telefone: (88) 3512-2754

Secretaria de Saúde de Crato
Telefone (88) 3523-3823

ROBERTO CRISPIM
COLABORADOR

Fonte: Diário do Nordeste



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