Artistas do Cariri cobram ações para a cultura

Artistas das mais diversas formas e matizes culturais, atuantes neste e nos demais municípios do Cariri, aguardam, com expectativas, o anúncio de mudanças no desenvolvimento da Política Cultural do Ceará, por parte do novo Secretário da Cultura do Estado, Guilherme Sampaio. A esperança é objetivar melhorias para o setor e o atendimento das demandas existentes junto aos que buscam o fomento das produções artísticas em cidades de pequeno e médio porte no interior.

Na avaliação de profissionais de artes cênicas, membros de grupos de tradição, integrantes do movimento cultural Coletivos Camaradas, dentre outros, a categoria permaneceu, praticamente, abandonada durante quase toda a gestão passada, impedindo, desta maneira, que maior número de produções artísticas pudessem ter sido criadas e apresentadas ao público da região.

Na opinião de diversos artistas, somente na Região Metropolitana do Cariri, que engloba nove municípios e cerca de 600 mil habitantes, dezenas de espetáculos deixaram de ser montados durante os oito anos da gestão Cid Gomes, por conta da falta de incentivo por parte da máquina estadual. Agora, com o início de um novo período administrativo, a expectativa é que a classe tenha suas reivindicações atendidas, pelo menos em parte, e haja apoio financeiro visando à ampliação da produção cultural.

Dentre as principais demandas vivenciadas pelo setor artístico-cultural do Cariri, destaca-se a necessidade de um Plano de Desenvolvimento que contemple a urgente descentralização da gestão, com a implantação de uma subsecretaria ou, então, um escritório de cultura sintonizado prioritariamente com os fóruns municipais, dotado de estrutura física, pessoal e orçamento para programas de formação, calendário de eventos e ações de fomento de caráter estruturante, circulação, intercâmbio, e com edital regionalizado que privilegie a relevância do conteúdo e diminua a burocracia jurídica.

Integração
Também reclamam maior articulação e cooperação com os municípios, de modo que se desenvolvam ações integradas e se fortaleçam os sistemas de cultura das três instâncias; observância da Lei Cultura Viva e ampliação da Rede de Pontos de Cultura para todas as cidades do Ceará, bem como a construção e manutenção de Centros Culturais, já validados no plano de governo para o interior, contemplando as áreas de formação, criação e difusão cultural.

Os artistas reivindicam, ainda, a criação e manutenção de rede de equipamentos públicos e privados que possa atender à demanda interna e recepção por intercâmbio e a adoção de política especial que vise reconhecer, inventariar e desenvolver a cultura tradicional popular, com destaque para os mestres, brincantes e comunidade de origem; destinação de, no mínimo, 1,5% do Orçamento Estadual para o setor e concurso público para a Secretaria de Cultura do Estado do Ceará (Secult).

"Há um sentimento de confiança no governador Camilo e no secretário Guilherme. Estamos aguardando a vinda deles ao Cariri, em breve, o que não torna desnecessário irmos à Capital, articulados com outras regiões do interior, em momentos oportunos, como fóruns e conferência ou mesmo audiência, com o fim de dialogar acerca da definitiva e justa partilha de oportunidades de desenvolvimento no que tange à gestão, equipamentos, formação, circulação e recursos orçamentários. E esse diálogo não se dará apenas no campo governamental, mas principalmente no debate com segmentos culturais que ainda insistem em resumir o Ceará a Fortaleza", asseverou o dramaturgo Cacá Araújo, um dos principais nomes da cultura na região do Cariri.

No início do mês de dezembro passado, ele representou os movimentos culturais da região durante seminário proposto pelo Governo do Estado para debater as questões da Cultura cearense. "Na ocasião do encontro, tivemos a oportunidade de apresentar a Carta da Cultura do Cariri ao Governo do Estado. Na verdade, trata-se de um documento subscrito por quase 100 coletivos, grupos de arte e representações profissionais, contendo análise e propostas coletadas na região e também reivindicações históricas do setor", informou.

Para Alexandre Lucas, do Movimento Coletivo Camaradas, as últimas gestões da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará foram desastrosas e caracterizadas pela desorganização administrativa, burocratização na política de editais e na centralização de suas ações na capital cearense. No entanto, ele também acredita que, pelo compromisso político assumido pelo governador Camilo Santana em relação ao setor, avanços, como a descentralização da Secult, por meio da criação de coordenarias regionais e aplicação de 1,5% do orçamento do Estado na cultura, possam acontecer ainda neste ano. Alexandre Lucas aponta, ainda, a necessidade de diálogo permanente e respeitoso com a produção e a diversidade estética, artística e de pensamento na região do Cariri. "Acredito que a criação das coordenarias regionais de cultura facilitaria o diálogo com a Secult.

Em e-mail, o secretário Guilherme Sampaio disse que "a política cultural do Estado será sempre construída de forma coletiva, com o mais amplo diálogo, desde o primeiro momento, com os artistas, produtores, técnicos, articuladores, formuladores do campo da cultura e com a sociedade em geral. Também em sintonia com as diretrizes fundamentais estabelecidas pelo plano de governo, que reflete os debates do Comitê de Cultura".

Entre as diretrizes, foi prometida "a afirmação da cultura como eixo de desenvolvimento para o Ceará, a democratização do acesso aos bens culturais, às políticas e aos recursos, a integração com outras secretarias do Governo do Estado, entendendo que as políticas de cultura não são apenas assunto da Secult. Teremos ainda a interiorização das políticas da Secretaria e o avanço na gestão da Secult, a partir do que já foi alcançado em gestões anteriores, que ofereceram ao secretário condições para iniciar este trabalho.

No documento, lembra que na proposta de governo há o compromisso de implantar, no Interior, incluindo o Cariri, quatro centros culturais e 13 escolas profissionalizantes para a cultura, integrando-se aos equipamentos públicos e privados, já existentes, fortalecendo e dinamizando essa rede.

Mais informações
Secretaria de Cultura do Estado do Ceará
Rua Major Facundo, 500
Telefone: (85) 3101-6767
Centro - Fortaleza

ROBERTO CRISPIM
COLABORADOR

Fonte: Diário do Nordeste



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