Dez filmes que valeram o ingresso em 2014

Nas telas, 2014 não foi dos anos mais inspiradores. Até a estreia de "Boyhood - Da Infância à Juventude", em novembro, foram vários meses com poucos filmes realmente arrebatadores.

Em clima de retrospectiva, o iG relembra dez produções que valeram o ingresso. O único critério é que o filme tenha entrado em cartaz no circuito comercial do Brasil este ano, ainda que tenha sido lançado nos Estados Unidos em 2013.

"Boyhood – Da Infância  à Juventude": O diretor Richard Linklater fez um belo estudo sobre a passagem do tempo a partir de uma ideia simples e original: acompanhar a trajetória de um garoto dos 6 aos 18 anos sem trocar o elenco, com filmagens anuais. O resultado foi uma experiência cinematográfica inédita, capaz de mostrar que a inovação no mercado não passa única e necessariamente por efeitos especiais e óculos 3D.

"Ela": Joaquin Phoenix está em grande forma no longa de Spike Jonze sobre um homem solitário que se apaixona por um sistema operacional. A acertada decisão de ambientar o filme em um futuro próximo, sem carros voadores ou trajes prateados, fez do filme um retrato interessante e atual de um mundo no qual as pessoas dependem cada vez mais da tecnologia para viver e se relacionar.

"O Grande Hotel Budapeste": Um dos mais bonitos e inteligentes filmes da carreira do diretor Wes Anderson, que parece mais maduro e no controle de seus maneirismos, ainda que mantenha as marcas registradas (muitas cores, imagens simétricas, personagens excêntricos, entre outras). Com humor e ironia, conta a história de M. Gustave, concierge de um hotel na fictícia nação de Zubrowska em tempos de guerra e fascismo. No papel principal, um impecável Ralph Fiennes, que esbanja carisma e timing cômico.

"Hoje Eu Quero Voltar Sozinho": Candidato do Brasil a uma indicação ao Oscar de filme estrangeiro, é a estreia no longa-metragem do diretor Daniel Ribeiro. O cineasta chamou a atenção principalmente pela sensibilidade e delicadez com que conta a história de Leonardo (Guilherme Lobo), adolescente cego que vive a descoberta do primeiro amor com o colega Gabriel (Fábio Audi).

"O Homem Mais Procurado": O ótimo thriller de espionagem de Anton Corbijn serve de palco para a última grande atuação de Phillip Seymour Hoffman, morto em fevereiro. Ele interpreta Günter Bachmann, experiente funcionário do serviço de inteligência da Alemanha que monitora um possível terrorista na cidade de Hamburgo. Às profundas reflexões sobre terrorismo, medo e paranoia, soma-se uma brilhante atuação de Hoffman, num triste lembrete de um dos maiores talentos que o cinema perdeu em 2014.

"Inside Llewyn Davis – Balada de Um Homem Solitário": Premiada em festivais no ano passado, mas praticamente esquecido pelo Oscar, a melancólica comédia dos irmãos Coen foi um dos melhores lançamentos do início do ano. Recriando um período de efervescência musical na Nova York dos anos 1960, os diretores focaram em Llewyn Davis, músico frustrado que poderia ser Bob Dylan, mas não foi. É, em grande parte, um filme sobre a perda, a dificuldade de expressar a dor e o momento em que um artista questiona se chegou a hora de desistir de seu maior sonho.

"Instinto Materno": Outro lançamento de 2013 que chegou no Brasil apenas este ano, o filme de Calin Peter Netzer é  mais um exemplo da boa fase do cinema romeno. Netzer se distancia da maior parte da produção de seu país ao focar não em personagens marginalizados, mas nos novos ricos de Bucareste. Aos 64 anos e em seu primeiro papel de protagonista, Luminita Gheorghuiu brilha no papel de uma mãe controladora que faz de tudo para livrar o filho da cadeia, depois de ele atropelar e matar um garoto pobre.

"Nebraska": Indicado a seis Oscar, o road movie que acompanha pai e filho em busca de um suposto prêmio na loteria é o melhor filme do diretor Alexander Payne (de "Sideways - Entre Umas e Outras" e "Os Descendentes"). Sem ser óbvio, "Nebraska" mostra a reaproximação de personagens distanciados por anos de falta comunicação, num inteligente retrato da família americana, especialmente do sul, em tempos de crise econômica. Discute, também, o envnlhecimento e a inversão de papéis que o tempo impõe a pais e filhos, com uma atuação marcante do veterano Bruce Dern.

"Praia do Futuro": Inspirado em "Heroes", de David Bowie, o diretor Karim Aïnouz criou um filme sobre um herói de carne e osso: o salva-vidas Donato (Wagner Moura). Apaixonado por um alemão, ele muda para Berlim sem avisar a família, e anos depois recebe a visita do irmão mais novo, inconformado com a partida. O interessante embate geracional do filme - o que era tabu para o irmão mais velho é natural para o mais novo -, combinado ao ótimo elenco, fotografia e trilha sonora, são as bases do belo trabalho de Aïnouz.

"Relatos Selvagens": Maior sucesso do ano na Argentina, a comédia de Damián Szifrón conquistou fãs brasileiros com seis histórias de pessoas que perdem o controle e fazem justiça com as próprias mãos. As tramas sobre fatos cotidianos são daquelas que provocam identificação imediata, num comentário engraçado e inteligente sobre a selvageria urbana. Destaque para Erica Rivas, protagonista do último e hilário episódio no qual uma noiva descobre a traição do marido em plena festa de casamento.

Fonte: iG



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