Crato (CE): Polícia nega ter dado “toque de recolher” para população

Na noite desta quarta-feira (05) a Praça da Sé estava vazia
(Foto: Ag. Miséria)
Ao contrário da informação que circulou nesta quarta-feira nas redes sociais, a Polícia Militar de Crato negou ter dado ordem para uma espécie de “toque de recolhimento” da população a partir das 21 horas. A notícia foi espalhada por grupos de internautas e sem qualquer respaldo oficial resultando num certo esvaziamento na noite de ontem de áreas centrais do município. A propósito do assunto, o jornalista Paulo Ernesto da TV Verdes Mares escreveu o seguinte artigo sob o título: “Toque de Recolher”:

“Praça da Sé, coração da cidade, 10 horas da noite. Poucos veículos, poucos transeuntes e quase nenhuma movimentação. O Crato, deste 5 de novembro, para os conhecedores da história, lembrou os empos de chumbo da ditadura quando, após o Golpe Militar, os cidadãos tiveram seus direitos cerceados. Ontem, as redes sociais anunciavam o toque de recolher após as nove horas da noite para os moradores da cidade. Medida que lembra a Alemanha nazista em guerra e, também, o período mais repressivo da ditadura no Brasil.

Propalava-se que, após o toque de recolher, a Polícia Militar iria promover o extermínio da bandidagem. Entretanto, a PM”negou peremptoriamente o anuncio de tal medida e até prometeu investigar o terrorismo das informações veiculadas na Internet. Mas, boatos à parte, já não havia como conter o medo da população. Assustados, os cratenses fecharam as portas e o que se viu ontem foi o cruel e irrefutável sentimento de insegurança. Comentar os fatos que precederam a noite do dia 5 de novembro é inevitável.

Na manhã do dia 4, um sargento do Ronda do Quarteirão foi morto ao tentar evitar um assalto. No mesmo dia, outros três homicídios foram registrados na cidade. A primeira vítima, segundo a polícia, numa troca de tiros com a PM e as outras duas, segundo familiares, após uma abordagem da polícia. Ontem, durante o cortejo do Sargento assassinado, mais uma vítima da violência. Os noticiosos estamparam a manchete: cinco mortes em pouco mais de 24 horas na cidade do Crato.

Para o cidadão, a notícia, ou o boato, do toque de recolher era desnecessário. O rato, diante do gato, trata de se esconder. Assim, temerosos e como ratos, dormimos na noite de ontem. Nesta manhã, após uma noite mal dormida, atentei que é preciso estar alerta e, literalmente, acordar. Não é possível que tenhamos que viver eternamente imóveis diante da violência que se instala e que se torna banal. Os velhos e novos poderes instituídos têm que corresponder ao clamor social. O ser humano precisa de mais indignação. A Praça da Sé, que ontem estava vazia, precisa ser ocupada pelos milhares de cratenses conscientes e indignados com a falta de segurança e a impunidade”.

Demontier Tenório

Fonte: Miséria



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