Alunos do Ceará dizem ter recebido tema da redação do Enem antecipado

Alunos do Ceará dizem que também receberam antecipadamente o tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2014. Três alunos que conversaram com o G1 nesta quinta-feira (13) informaram que receberam mensagens pelo celular com o tema da prova, "Publicidade infantil no Brasil", antes ou durante a realização do exame, assim como foi denunciado por estudantes do Piauí. O Enem ocorreu neste sábado (8) e domingo (9) e teve cerca de 6,2 milhões de participantes.

Um estudante de 20 anos, que mora em Fortaleza, disse que chegou ao celular dele às 11h50 uma mensagem com uma imagem mostrando o tema da redação na folha de prova. "Antes de chegar à prova, uma hora e dez minutos antes eu recebi uma mensagem de um colega de Campina Grande. Se a mensagem chegou de outro estado, de São Paulo, então, ela deve ter se espalhado em vários estados ainda antes da prova", afirmou. Não sei se vou entrar com alguma representação na Justiça, vou conversar com meus pais e com a direção", afirmou.

Uma estudante do ensino médio de 17 anos afirmou ter recebido uma mensagem em áudio no celular às 15h11 (horário de Brasília) e a viu logo após sair do local de prova. O áudio era de um amigo que soube do tema por ter visto uma imagem do carderno de prova que chegou via celular no WhattsApp, segundo a aluna. No momento, outros alunos ainda realizavam os exames, que podia ser concluído até as 17h30 do domingo. A aluna diz que informou à escola onde estuda sobre o vazamento na segunda-feira (10) e só divulgou o caso nesta quinta-feira após conversar com a diretoria.

Um terceiro aluno declarou ao G1 que também recebeu uma mensagem às 15 horas no celular também por WhatsApp. "Enquanto eu que passei o ano inteiro estudando, fazendo redações, eu não me beneficiei porque eu não sabia que era realmente o tema da redação. Mas a pessoa que recebeu primeiro teve tempo para se preparar e sabia que seria o tema da redação", acrescenta este aluno, que também não quis se identificar. Ele diz que também recebeu a imagem da prova às 10h50, mas só checou a mensagem depois que deixou o local do exame.

No Ceará, o Ministério Público Federal e a Polícia Federal declararam que não receberam qualquer denúncia formal sobre o caso. Já no Piauí, a Polícia Federal e o MPF-PI abriram inquérito para investigar o caso. O Ministério da Educação diz que acompanha as investigações da PF do Piauí.

No Piauí, alunos revelaram casos semelhantes nesta quinta-feira. A Polícia Federal do estado abriu investigação sobre o suposto vazamento do Enem depois de denúncias de que a página com o tema proposto teria sido compartilhada nas redes sociais antes do início da prova.

O ministro da Educação, Henrique Paim, disse nesta quinta-feira (13) que o MEC está "seguro de que o processo está sendo muito bem conduzido e ao longo desse período todo de aplicação da prova, não tivemos nenhum problema".

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pelo Enem, informou em nota que "não existe qualquer indício" de que o tema tenha vazado, mas reforçou que a denúncia será apurada "com rigor".

Prisões no domingo
No domingo (9), a Polícia Federal prendeu duas pessoas suspeitas de receber o gabarito do exame em mensagens no celular em Juazeiro do Norte. Elas foram autuadas pelo crime de fraude em concurso de interesse público.

Os candidatos presos se inscreveram com sabatistas, que fazem o exame em horário diferenciado. "Eles foram presos com os gabaritos das provas nos celulares. Ainda não podemos saber como eles tiveram acesso, estamos no começo da investigação", diz a delegada da Polícia Federal Andréia Assunção, responsável pela segurança do Enem no Ceará.

Os presos foram liberados após pagamento de fiança no valor de R$ 6 mil e vão aguardar o julgamento. Se condenados, eles podem pegar pena de um a quatro anos de prisão. O crime ocorreu na noite de sábado (8) e divulgado neste domingo (9).

Vazamento na edição 2011
Em 2011, uma escola privada de Fortaleza teve acesso antecipado a 16 questões do Enem, que foram compartilhadas entre os alunos. Os candidatos que tiveram acesso prévio tiveram as questões anuladas.

Na época, o Ministério Público Federal chegou a pedir a anulação da prova, mas a Justiça não deu decisão favorável ao procurador Oscar Costa Filho.

Fonte: G1 CE



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