Eunício Oliveira é citado na Operação Lava Jato. Senador teria recebido 500 mil

Eunício é candidato ao governo do Ceará
As empresas acusadas de formar um cartel para lotear grandes licitações públicas no País, segundo investigação da Operação Lava Jato, doaram R$ 456 milhões a PT, PMDB, PSDB, PSB, DEM e PP nos últimos sete anos, sem fazer distinção entre situação e oposição. Parte do dinheiro foi repassada às legendas em valores fixos e mensais.

Segundo o ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef, parte desse dinheiro teve como origem esquemas de fraudes em contratos, lavagem de dinheiro e corrupção, e foi parar nas campanhas presidenciais de 2010 do PT e do PSDB.

Levantamento feito pelo Estado mostra que o PT e o PSDB, juntos, receberam 55% do total repassado aos seis partidos via diretório nacional. Os R$ 456 milhões que irrigaram as contas dessas legendas de 2007 a 2013 - período que o Tribunal Superior Eleitoral publica para consulta na internet - representam 36% do total doado às seis legendas por pessoas jurídicas em geral, no período.

Esse tipo de doação é legal, mas tem uma fiscalização mais frouxa em relação à eleitoral, e sempre foi usada para tentar dissimular a origem do dinheiro que abastece campanhas.

Repasses mensais
O mapa do dinheiro feito pelo Estado mostra que as construtoras fizeram repasses mensais em valores fixos muitas vezes e pulverizados por partidos, tanto da situação como oposição. É o caso da Andrade Gutierrez, líder no total repassado: R$ 128 milhões aos seis partidos. Para o PT, em 2010, ela deu R$ 15 milhões, sendo que alguns mensais fixos, como três depósitos de R$ 700 mil cada entre fevereiro e abril. Para o PSDB, a Andrade Gutierrez fez 24 repasses, totalizando R$ 19 milhões.

Naquele ano, R$ 60 milhões foram doados para o PT pelas 14 empresas citadas pelos delatores como parte do cartel. Há no entanto outras que aparecem nos documentos, com contratos com o grupo, que abasteceram os cofres do diretório petista e não foram incluídas no levantamento. Segundo os delatores, parte desse dinheiro irrigou a campanha da presidente Dilma Rousseff em 2010.


Prestação de contas da campanha mostra que o Diretório Nacional do PT repassou às contas do comitê e da candidata R$ 21 milhões e R$ 171 mil, respectivamente. Outros R$ 562 mil vieram de diretórios locais.

Tucanos
O levantamento indica também que os grandes grupos empresariais alvos da Lava Jato fazem com frequência doações divididas em valores iguais no mesmo dia usando duas empresas que controlam. É o caso da Construtora Queiroz Galvão, apontada por Paulo Roberto Costa como a empresa que pagou a propina de R$ 10 milhões ao PSDB para que a CPI da Petrobrás do Senado fosse arquivada.

Nos dois últimos meses de 2009, quando a comissão foi encerrada sem punições, a Queiroz Galvão repassou dois depósitos de R$ 833 mil cada. Em 2010, ano em que José Serra (PSDB) disputou a Presidência, a empresa repassou valores mensalmente, entre eles cinco depósitos de R$ 1 milhão cada a partir de junho - quando começa a campanha oficialmente.

Em 2013, a Odebrecht fez três repasses ao PMDB que totalizaram R$ 11 milhões. Um dado que sugere movimentação triangulada via diretório é a doação da OAS em 2010 para o PMDB, no valor de R$ 500 mil, no dia 15 de setembro. No mesmo dia, valor igual foi repassado pelo Diretório Nacional à campanha ao Senado do tesoureiro do PMDB Eunício Oliveira - atual candidato ao governo do Ceará.

Alvos da Polícia Federal e do Ministério Público Federal para dimensionar o tamanho da rede de corrupção controlada pelo ex-diretor da Petrobrás e pelo doleiro, as empresas negam até agora envolvimento. A Queiróz Galvão nega propina no caso do PSDB. Ela e a Odebrecht criticaram as acusações dos delatores. A Camargo Corrêa, a Andrade Gutierrez, UTC/Constran, OAS e demais empresas negaram anteriormente relação com ilícitos e afirmam que só fazem doações legais.

O levantamento feito pelo Estado considerou as 14 construtoras citadas pelo doleiro e pelo ex-diretor da Petrobrás como formadoras de uma espécie de "cartel" que dividia contratos públicos, principalmente no governo federal, pagando propina para partidos e agentes públicos e fraudando os contratos e movimentando recursos de caixa 2 dentro e fora do País.

Levou em conta também os três principais partidos da base de governo citados, PT, PMDB e PP, que teriam loteado diretorias na estatal petrolífera para cobrar até 3% de propina das grandes construtoras, além dos dois principais partidos de oposição, PSDB e DEM, e o PSB, aliado do PT até 2014.

Fonte: Estadão



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