Contaminação por vírus do Ebola não é descartada no Brasil e no Ceará

O Secretário de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, declarou, na manhã de ontem, em reunião com o Conselho Nacional de Saúde (CNS), que o País sofre ameaça de contaminação por Ebola. "O risco de o Brasil ter casos de Ebola é baixo, porém não é zero", afirmou. O infectologista Anastácio Queiroz certifica que essa possibilidade nunca foi descartada no Ceará e que já é hora de serem tomadas atitudes para prevenir casos. "A probabilidade é remota, porém, muitas pessoas viajam e têm contato com outras que podem estar infectadas. Isso pode acabar 'importando' o vírus para cá e, consequentemente, mais pessoas podem ser contaminadas", esclarece.

De acordo com a assessoria da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), a Organização Mundial de Saúde (OMS) elaborou e enviou nota técnica para todos os países. "Toda doença de grande contingência precisa do preparo dos profissionais. Para isso, já foram realizadas inúmeras capacitações com as equipes de saúde", declarou o órgão. A intenção é orientar os profissionais sobre os possíveis sintomas e, assim, enviar as recomendações para outros hospitais da capital cearense.

Viajantes
Os postos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), presentes nos portos e aeroportos do Estado também já estão atuando de maneira preventiva. Segundo a assessoria de comunicação, a vigilância de passageiros e cargas nos portos e aeroportos já é rotineira. Porém, neste período, foram incorporados itens de verificação específicos para ebola, que incluem a checagem da origem e o quadro de saúde do viajante.

"Já há uma prática definida para os casos suspeitos que inclui a remoção pelo Samu por equipes com treinamento neste tipo específico de atendimento", garante a Pasta.

O órgão esclarece que, caso uma pessoa, durante um voo comercial ou outro meio de transporte, desenvolva sintomas típicos de infecção pelo ebola e haja suspeita de exposição ao vírus, a tripulação aciona as autoridades sanitárias em solo.

Na chegada ao destino, as autoridades sanitárias e a equipe de saúde do aeroporto ou porto avaliam o risco para definir a necessidade ou não de medidas de controle. Se descartado o risco, o passageiro é enviado ao hospital para uma nova avaliação e tratamento de seu problema de saúde.

Suspeitas
Entretanto, se os sinais e sintomas, bem como o histórico de exposição à doença nos países afetados, estiverem de acordo com a definição de caso suspeito, o viajante deve ser isolado em ambiente hospitalar específico para evitar a transmissão e qualquer contato com mais pessoas.

Em caso de confirmação que a pessoa infectada esteve dentro do ambiente de uma aeronave ou navio, os ambientes e equipamentos que estiveram em contato com o viajante passam por descontaminação, e os resíduos são descartados como infectantes. O rastreamento de contatos pelos serviços de saúde, em caso de passageiro suspeito é recomendado e faz parte dos planos de contingência existentes.

A Anvisa informa, ainda, que os trabalhadores de saúde envolvidos no atendimento de pacientes com ebola devem adotar as precauções adequadas para evitar a contaminação, como o uso de equipamento de proteção individual apropriado. Os postos de atendimento da Anvisa, no Ceará, ficam situados em Fortaleza. Existe um posto no Centro, e outro em Pecém, na Esplanada do Pecém. Também há postos no porto e no Aeroporto Internacional Pinto Martins.

Medidas
"Ainda será uma epidemia que durará por muito tempo. Por isso, é imprescindível a prática de medidas de proteção nesse momento, tomando um maior cuidado", explica o infectologista Anastácio Queiroz, reforçando o uso habitual de simples aparatos que podem evitar o contágio, como as luvas.

Outra forma importante de evitar o vírus é o paciente que tem suspeita de contágio informar ao médico e às outras pessoas que teve contato com indivíduos possivelmente infectados. "Dessa forma, é mais fácil prevenir que a doença se alastre", acredita Queiroz.

De acordo com a assessoria da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), ainda não há medidas especiais para viajantes que chegam de outros países, bem como o cancelamento de voos.

Em reunião, o secretário de vigilância sanitária do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, disse que, mesmo com o avanço da doença, o Brasil não pretende mudar o protocolo para passar a avaliar a temperatura de viajantes que cheguem ao País. De acordo com ele, experiências sanitárias anteriores, como Sars e influenza aviária, mostraram que não é eficaz o esforço de medir temperaturas nos aeroportos, até porque o viajante pode chegar ao País sem sintomas.

A epidemia da febre hemorrágica ou Ebola tem se alastrado, principalmente, em países da África Ocidental, como Serra Leoa, Guiné, Libéria e, por último, Nigéria. Recentemente, foram notificados novos casos em Senegal, também no continente africano, bem como nos Estados Unidos, situado na América do Norte, na Espanha e na Macedônia, na Europa. No total, são 8.035 casos da doença, contabilizando 3.866 mortes.

Mais informações
Secretaria Estadual da Saúde (Sesa)
0800 275 1520/(85) 3101.5227

PATRÍCIA HOLANDA
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste



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