“Não recebi e não paguei bolsa banqueiro”, diz Dilma, ao rebater Marina

A presidente Dilma Rousseff criticou as propostas para a economia defendidas por Marina Silva e disse que o interesse de sua adversária é retomar o modelo tucano de enfrentamento da crise com ajuste fiscal, aumento dos juros e consequente redução de empregos e salários.

“Eu asseguro para vocês uma coisa. Esse povo da autonomia do Banco Central quer o modelo anterior. Quer fazer um baita ajuste, um baita superávit primário, aumentar os juros para danar, reduzir emprego e reduzir salário. Porque emprego e salário não garante a produtividade, segundo eles. Eu sou contra isso, eu tenho lado, eu sou contra”, disse Dilma, em conversa com jornalistas no Palácio da Alvorada.

A presidente defende que a política econômica seja conduzida por quem foi eleito e que o Banco Central é um instrumento de condução desta política. Ao responder as críticas de Marina de que os bancos nunca lucraram tanto como nos governos petistas, Dilma disse que isso não significou deixar a economia por conta do mercado exclusivamente.

“Eu acho que cada setor neste país merece ser ouvido, inclusive os bancos. Entre isso e eu achar que os bancos podem ser aqueles que garantem a política monetária, fiscal e cambial vai uma diferença”, rebateu. “Eu tenho a impressão que o que estão querendo aplicar aqui não está dando muito certo no mundo, que é uma política recessiva e aberta”, disse a presidente.

Exibindo uma impressão com as taxas de juros praticadas no Brasil desde 1995, a presidente voltou a rebater a acusação de Marina de que ela havia criado uma “bolsa banqueiro” ao manter taxas altas de juros, Dilma voltou a se referir à relação de Marina com Neca Setúbal, herdeira do Itaú e coordenadora do programa de governo da candidata do PSB.

“Eu não criei bolsa banqueiro e também nunca recebi bolsa banqueiro. Não recebi e nunca paguei”, disse a presidente Dilma.

O gráfico apresentado pela presidente exibe uma redução gradual dos juros ao longo dos anos. De 1995 a 2002, a média de juros teria sido de 17%. Entre 2003 e 2010, a média seria de 8,2%. Entre 2011 e 2014, a média seria de 3,3%, de acordo com dados apresentados por Dilma.

Rampa
A presidente Dilma ainda aproveitou para apresentar uma proposta de adotar um regime de transição tributária para empresas hoje abrigadas pelo Simples que tiverem aumento substancial de faturamento que as forcem sair do regime simplificado de tributação. De acordo com a presidente, a medida tem o objetivo de estabelecer uma “rampa” e não uma “escada” ao dizer que o aumento das taxas de juros para as empresas precisa ser “suave”.

“Você não pode deixar que ele [empreendedor] tenha medo de crescer ou crie mecanismos para transferir seu crescimento para outrem para não correr o risco de perder do limite de tributação especial”, destacou Dilma, sem especificar percentuais que serão adotados, nem quando esta medida começará a valer.

A presidente admitiu que há problemas na economia provocados por fatores externos que refletiram no “viés” apresentados pela agência de classificação de risco Moody's para alterar a nota do Brasil de "estável" para "negativa", nesta terça (9). “É claro que eu queria estar crescendo a uma taxa de 10% ao ano. Em termos de crescimento, sou a pessoa que mais quererá crescer”. “Nós estamos discutindo agora modelos de enfrentamento da crise, e não é possível se comportarem no Brasil como se não houvesse crise internacional”, disse.

Fonte: Último Segundo



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