Dilma admite pela primeira vez mudança em equipe, caso seja reeleita

A presidente e candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT), disse nesta quarta-feira que promoverá mudanças na política industrial do país e também em sua equipe. É a primeira vez, na campanha eleitoral, que a presidente admite realizar mudanças nos quadros que integram o governo. Dilma, no entanto, não deu indicação se poderia mudar ministros.

Em discurso para empresários e dirigentes da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Dilma admitiu considerar a situação atual da indústria “complexa” e que gostaria de ver o Brasil “crescendo em ritmo mais acelerado”, mas defendeu a política industrial atual. No ato, ela reafirmou o compromisso de reunir representantes da indústria em um novo “conselho de desenvolvimento” vinculado diretamente a ela.

- Devemos fazer esse balanço não para ficarmos satisfeitos com o que já fizemos, mas para continuarmos a fazer. Estive na CNI há um tempo atrás e naquela circunstância declarei que considerava tão importante a política industrial e de desenvolvimento em geral, que eu faria um Conselho de Desenvolvimento ligado diretamente à Presidência da República. E eu reitero hoje novamente esse meu compromisso. Obviamente, novo governo, nova e, necessariamente, atualização das políticas e das equipes - disse a presidente.

Dilma gastou 11 dos 27 minutos de seu discurso na abertura da Olimpíada do Conhecimento, evento realizado por empresas do Sistema S e institutos federais de tecnologia, para defender as políticas de seu governo, recorrendo a texto preparado por assessores.

- É possível que alguns de vocês, na atual conjuntura, quando a incerteza do cenário internacional se mistura com o debate eleitoral, questionem a eficácia dessa nossa política. Mas, apesar de eu respeitar essa posição, acho que em um país democrático como o nosso, posições têm que ser respeitadas. Eu gostaria que o Brasil tivesse crescendo em ritmo muito mais acelerado - disse a presidente.

Segundo ela, a situação do país seria pior se o governo federal não tivesse adotado políticas de compras públicas baseada em conteúdo local e também políticas de crédito subsidiado para a indústria.

- Não quero dar a impressão aqui de que eu acho que tudo foi feito. Eu acho inclusive que vivemos uma situação bastante complexa na indústria. Agora, eu só me pergunto o que seria se nós não tivéssemos tomado medidas na área industrial e no reconhecimento que a indústria é estratégica para o país - afirmou a presidente.

Dilma volta a criticar programa de Marina
Sem citar diretamente a candidata Marina Silva (PSB), com quem está tecnicamente empatada nas pesquisas, Dilma criticou o programa de governo da adversária, que prevê incentivo ao crédito voluntário, oferecido por bancos privados, no lugar de subsídios dados atualmente pelo Tesouro Nacional, por meio de bancos públicos. Para Marina, a nova proposta seria uma forma de fazer com que o governo deixe de ser “controlador para tornar-se servidor dos cidadãos”.

- Muito me preocupa a questão dos bancos públicos, eles cumprem papel muito importante - disse Dilma, citando “condições e prazos” oferecidos pelo BNDES no caso do setor industrial, Banco do Brasil, no caso do setor agrícola, e Caixa Econômica Federal, no caso dos programas de habitação.

- Se não não tiver crédito subsidiado, crédito de longo prazo, crédito que assegure as condições de expansão, teremos um problema muito sério - disse Dilma, amplificando o discurso de medo em relação a uma eventual eleição de Marina.

Para Dilma, "é muito importante a gente ter os bancos privados fazendo isso também”. No entanto, para ela, "enquanto não fizerem nas mesmas condições que os bancos públicos fazem", não haveria justificativa para retirada dos bancos públicos dessa atividade.

Fonte: O Globo



Nenhum comentário:

Postar um comentário

AddThis