Aposentada cearense viaja por quatro continentes e roda quase 150 mil km de carro

Ao se aposentar, Heloísa decidiu desbravar o mundo
(FOTO: Arquivo pessoal)
Para realizar um sonho, Heloísa Cunha esperou bastante tempo. Sempre teve vontade de viajar para os mais diversos lugares para viver desafios. Por isso, aguardou os filhos crescerem e a aposentadoria chegar. Hoje, aos 71 anos, coleciona quatro continentes, quase 150 mil quilômetros percorridos, cidades – as quais perdeu as contas faz tempo –, fotos e muitas histórias para contar.

Até os 58 anos, Heloísa foi mãe por tempo integral e professora de Odontologia da Universidade Federal do Ceará (UFC). Não deixou de ser mãe, nem professora, pois apenas se aposentou. A diferença é que ela adicionou uma outra ocupação: a de viajante. Em 2000, resolveu arrumar as malas, comprou um carro e saiu pelo mundo dirigindo sozinha. O destino era a Patagônia, região localizada entre Chile e Argentina.

Após quatro meses de viagem, Heloísa retornou a Fortaleza. Mas ela já não era a mesma. “Depois dessa viagem, uma grande mudança aconteceu em mim. Eu enfrentei muitos desafios e resolvi as dificuldades sozinha. Mudei minha postura, meus valores. Eu vi que gostava muito de viajar e que não tinha sentido eu gastar meu dinheiro com roupas ou jantares. Eu tinha que gastá-lo naquilo que trazia felicidade”.

De uma ponta a outra
Era a hora de mais desafios. A aposentada escolheu um destino mais longe: dessa vez ela iria até o topo da América, o Alasca. As irmãs e o marido gostaram da ideia e quiseram fazer parte. Aos poucos foram se juntando à viajante em alguns pontos do percurso. Só a professora quis ir do começo ao fim.

Foram 49 mil km de Fortaleza até lá, que lhe renderam visitas, amizades e situações que oscilavam entre o fracasso e a vitória. O momento mais tenso de todas as suas viagens foi a caminho do estado americano. Passando pelo México, Heloísa e uma irmã foram paradas por policiais, que as extorquiram.

“Eu era uma estrangeira desinformada e não sabia que a placa do meu carro não podia trafegar naquele dia. Daí, eles pediram meu passaporte e dinheiro para devolvê-lo, sob ameaça de encaminhá-lo à Cidade do México e apreender meu carro, o que ia ser muito difícil e ia gerar muita burocracia”, lamentou.

Porém, isso não faria sua viagem ruim. Heloísa aprendeu a superar os limites e o medo. Com os desafios passou a se conhecer melhor e, a partir daí, acreditou em si mesma. A viagem durou sete meses. “Acho que foi o maior percurso percorrido por um Troller [carro em que viajava]”.

Quatro continentes
América, Europa, África e Ásia. A aposentado percorreu os continentes de carro, querendo conhecer cada pedacinho do local. Só falta a Oceania, que já tem uma possível data para ser conhecida. De seu continente, só não visitou as Guianas, mas pode ter certeza que um dia ela vai.

E não teve jeito. Dos continentes que conheceu, se apaixonou principalmente pela América do Sul. Mas duas coisas lhe encantaram mais: Grand Canyon, nos Estados Unidos, e o Parque Torres del Paine, no Chile. “É um negócio que não existe, você se sente pequena. Não sei dizer”.

Heloísa resolveu fazer um blog para contar suas experiências e incentivar outras pessoas. Gostaria de chamar atenção das mulheres no início, mas alcançou diversas pessoas que queriam se autoconhecer e se arriscar.

Nas últimas viagens, Heloísa adotou outra tática. Divertida, batizou o projeto de  “Vovós do Milênio”. Além de não ir mais sozinha, ela viaja de avião até o local e somente em terra firme aluga um carro. Justifica que está ficando velha e já não tem mais idade, mas o coração ainda é de uma jovem viajante, com vontade de descobrir o que ainda falta deste enorme mundo.

Fonte: Tribuna do Ceará



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