Mauriti (CE): Obras da transposição do Rio São Francisco estão paradas

As obras da transposição das águas do Rio São Francisco continuam paralisadas neste município. Há cerca de um mês, os operários que trabalham no trecho referente a Meta 3N, antigo lote 6, decidiram interromper os trabalhos até que a empresa Queiroz Galvão, responsável pela obra na região de Umburanas, na divisa entre o Ceará e a Paraíba, efetive, dentre outras reivindicações, reajuste salarial da ordem de 20% para todas as categorias que atuam nos canteiros da Meta 3N.

A paralisação dos operários foi decidida após assembleia envolvendo os trabalhadores e representantes do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplanagem em Geral no Estado do Ceará (Sintepav-CE), realizada no dia 22 do mês passado.

Além do reajuste salarial, conforme o representante do Sintepav-CE na região do Cariri, Francisco Evandro Pinheiro, os trabalhadores cobram que a Construtora Queiroz Galvão disponibilize plano de saúde para os empregados e seus dependentes; pagamento de 110% das horas extras trabalhadas de segunda a sexta-feira e 150% nos sábados, domingos e feriados; cesta básica no valor de R$ 400; abono de faltas nos dias de pagamento e abono de dias durante a realização de jogos da seleção brasileira na Copa do Mundo; além da dispensa do aviso prévio, entre outras demandas.

"Estamos cobrando melhores condições de trabalho e de salário. Queremos que a empresa efetive o reajuste salarial e estabeleça o pagamento das horas extras, nos percentuais defendidos pelos trabalhadores, e que haja a entrega das cestas básicas", informou o operário Francisco Leite, um dos representantes dos manifestantes.

O motorista Rogério dos Santos avalia a paralisação como necessária para que os trabalhadores da obra consigam obter melhorias. Segundo ele, que diz receber pouco mais de R$ 1.500 mensais, o reajuste salarial é fundamental para manutenção das famílias dos operários. "Falta no orçamento familiar. A gente precisa do salário para poder atender as necessidades da família da gente. O que a gente recebe não vem sendo suficiente", afirmou o profissional.

Esta é a quarta vez em que as obras sofrem interrupções no trecho do antigo lote 6, em Mauriti. Na última vez que as obras foram paralisadas, no início do mês de março passado, os operários alegavam que os salários estavam sem ser pagos pela construtora desde dezembro de 2013. Após duas semanas sem atividades no local, a construtora resolveu atender às reivindicações dos operários e determinou a realização dos pagamentos devidos. Todos os dias, os trabalhadores realizam manifestações pacíficas no canteiro das obras.

Na última quarta-feira, um dos atos foi acompanhado pela Polícia Militar. Diversos cartazes de protestos foram espalhados pelos operários. Desde que foram iniciadas, em 2007, paralisações são registradas nos trechos do Projeto de Integração do Rio São Francisco que cortam o Ceará, localizados nos municípios de Jati, Brejo Santo e Mauriti.

No final do mês de março deste ano, por exemplo, uma semana após a visita do ministro da Integração Nacional, Francisco Teixeira, ao canteiro de obras no Lote 5, localizado na cidade de Jati, operários decidiram paralisar as atividades reivindicando melhorias salariais à categoria.

A greve, no entanto, foi rápida. A empresa responsável pela obra naquele trecho, Serveng Engenharia, concedeu reajuste salarial de 13% sobre o salário dos funcionários e garantiu a distribuição de cestas básicas no valor de R$ 250, fazendo, desta maneira, com que os operários retomassem a rotina normal de trabalho no local. O trecho da obra em Jati é o mais adiantado dentro do território cearense.

A expectativa é que, até o próximo mês de setembro, já haja água do Rio São Francisco escorrendo pelo trecho. No canteiro localizado em Brejo Santo, as obras também voltaram a ter um ritmo mais acelerado depois que os trabalhadores foram atendidos com reajustes salariais e outros benefícios.

O Projeto de Integração do Rio São Francisco faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal. Formado por dois canais que somam 477 quilômetros lineares, a Integração do Rio São Francisco também envolve a construção de 14 aquedutos, nove estações de bombeamento, 27 reservatórios e quatro túneis para transporte de água.

O projeto vai garantir a segurança hídrica de mais de 12 milhões de pessoas em 390 cidades de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.

A obra possui investimento da ordem de R$ 8 bilhões e quando concluída, conforme o governo federal, deverá beneficiar moradores da zona rural em quatro Estados do Nordeste.

Atualmente, contando com os operários que estão paralisados no trecho de Mauriti, há 9.500 trabalhadores contratados e 2.500 máquinas em operação. A expectativa do governo federal é que o projeto esteja concluído até o final de 2015.

A reportagem tentou ouvir o Ministério da Integração Nacional, responsável pelo projeto de integração, bem como os responsáveis pela empresa Queiroz Galvão, sobre a paralisação da obra no antigo lote 6, no entanto, o contato não foi possível até o fechamento desta edição.

Mais informações
Ministério da Integração Nacional
Edifício Celso Furtado - SGAN 906 Norte - Sala SE 18
Brasília
Telefone: (61) 2034.5800

ROBERTO CRISPIM
COLABORADOR

Fonte: Diário do Nordeste



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