Copa 2014: Mundial favorece venda de artesanato no Cariri

Artesãos do Cariri comemoram o retorno financeiro da Copa do Mundo, com aumento no número de peças comercializadas em até 20%. Esse é o balanço inicial, que já vem acontecendo desde o mês de maio. Mas, como é período de alta estação, até o final do ano, as vendas deverão estar aquecidas. Especialmente no Cariri, há uma movimentação maior principalmente até o mês de agosto, no período de férias e festas na região, época de maior fluxo de turistas.

No Centro de Cultura Popular Mestre Noza, os artesãos se prepararam desde o começo do ano, com as encomendas além da conta do que já produzem. Em maio, foram encaminhadas várias remessas de peças, para a Central de Artesanato do Ceará (Ceart). Outros artesãos da região do Cariri e Centro-Sul estão se preparando desde o começo ano, para participar com as exposições dos seus produtos nos 12 estados onde estão sendo realizados os jogos da Copa do Mundo. Os produtos foram encaminhados por meio de Ceart e Projeto Vitrines Culturais, do Ministério da Cultura, com parceria da Central de Artesanato.

Procura
Mas no caso das peças produzidas no Centro de Cultura Mestre Noza, as encomendas para comercialização têm ocorrido por meio da Ceart. Segundo o presidente do Mestre Noza, Adalberto Soares (Beto), somente no mês de maio foram encaminhadas cerca de 500 peças, desde santos em madeira, barro, até os tradicionais artigos voltados para a cultura popular, inspirados nas manifestações tradicionais dos grupos de dança, entre outros personagens populares dos reisados, lapinhas, bandas cabaçais, além de Lampião, Luiz Gonzaga e Patativa do Assaré.

"Com certeza, esse tem sido importante retorno para nós. Não deu para levar os nossos produtos aos estados onde acontece a Copa, por conta da grande quantidade de encomendas e o pouco tempo disponível para produzir", diz ele. O Mestre Noza é uma das principais referências em artesanato no Nordeste, onde são encontradas milhares de peças produzidas pelos artesãos que confeccionam seus produtos no mesmo espaço.

Para Beto, uma das grandes oportunidades que se tem nesse momento não é apenas vender, mas de poder divulgar o trabalho dos artesãos. Mesmo assim, conforme o artista, a maior parte das vendas está sendo direcionada à Ceart em Fortaleza, que nesse momento recebe em grande quantidade turistas do mundo inteiro. "Continuamos recebendo encomendas e compradores também do Sul e Sudeste do Brasil", diz ele. Essa é a alternativa, porque há a possibilidade, diz Beto, de divulgar um pouco dos trabalhos dos artesãos do Centro, também em outros estados onde ocorrem os jogos.

As alternativas para as vendas são diversificadas, inclusive com motivos da Copa, que também foram incorporadas ao trabalho dos artistas, como a produção de troféus em madeira e personagem da cultura popular com motivos verde e amarelo.

Expectativa
Mesmo assim, o artesão Wanderley da Costa afirma que a expectativa poderia ser bem maior, caso o centro tivesse maior apoio das instituições voltadas para o fomento da cultura.

O espaço ainda é precário e pouco divulgado. Os artesãos trabalham com sacrifícios para manter a associação, que há vários anos realiza suas atividades sem apoio das administrações públicas. As instituições parceiras do trabalho são o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e a Ceart.

A média de comercialização dos produtos deverá chegar a, em média, 300 a 500 peças. Em meses mais difíceis, a comercialização não passa de cinco dezenas. Já o artesanato em palha, xilogravuras e outras tipologias foram repassadas por meio do Minc. Não obstante, a comemoração geral pelas boas vendas e divulgação da cultura popular do cariri, expressada nos produtos artesanais, houve também alguns percalços para os artistas locais, que pretendiam destinar suas peças para as cidades sedes de realização dos jogos.

O artesão Francisco Correia Lima, Francorli, afirma que os artistas foram surpreendidos com o edital, que chegou no último dia 26 de março. Houve a mobilização de 28 artesãos, junto com associações. Ele chegou a enviar cerca de 400 peças.

ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste



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