Sua saúde: Conheça 15 doenças da modernidade

Noites mal dormidas, congestionamentos de horas, responsabilidades profissionais e ainda os cuidados com a vida pessoal. Homens e mulheres desenvolvem cada vez mais atividades em 24 horas, criam hábitos para otimizar o tempo e descuidam de momentos importantes como o descanso e alimentação. O resultado inicial é o estresse, mas que pode vir acompanhado de uma série de “doenças da modernidade”. Obesidade, problemas cardíacos, nas articulações, endocrinológicos e até no aparelho reprodutor estão entre as enfermidades.

O infarto, que era uma complicação muito mais comum em homens, atinge cada vez mais mulheres. Uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) considerou o ataque cardíaco a principal causa de morte entre as brasileiras. Nos anos 1970, uma em cada 10 pacientes de infarto era mulher, em 2008, a proporção já estava em 40%. “O sedentarismo é o principal agravante”, disse o cirurgião vascular, da Clínica Vivere, Caio Focássio.

Os lanches, comidas prontas e a falta de sono colaboram para os altos índices de obesidade no País, de acordo com o Ministério da Saúde. Uma pesquisa feita em 2011 pelo órgão mostrou que quase metade dos brasileiros, 48,5%, estava acima do peso. O levantamento é da Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico). Quando uma parte do corpo fica desregulada, colabora para o desequilíbrio completo e para doenças que poderiam ser prevenidas com hábitos mais saudáveis, de acordo com os entrevistados. Veja a seguir doenças da modernidade:

Úlceras estomacais
De acordo com a psicóloga e professora da Faculdade de Medicina de Petrópolis, Virgínia Ferreira, os efeitos psicológicos causados pelos hábitos modernos podem afetar o aparelho digestivo. O estômago é um órgão ligado ao emocional, por isso, o estresse pode sobrecarrega-lo. A úlcera é uma ferida que pode aparecer em qualquer parte do corpo e no estômago é causada pelo ataque dos ácidos estomacais às paredes do estômago.

Enxaqueca
Segundo a Sociedade Brasileira de Cefaleia, a enxaqueca afeta 15% da população. Trata-se de uma dor latejante de moderada a forte intensidade, que provoca incômodos como o enjoo, a partir de coisas simples como luz e barulho. O problema é mais uma doença da modernidade citada pela psicóloga e professora da Faculdade de Medicina de Petrópolis, Virgínia Ferreira. Entre as causas, segundo a SBC, estão ansiedade, preocupação excessiva, estresse, má alimentação, cansaço, sedentarismo e o consumo excessivo de cafeína. Os fatores são comuns, conforme citou Virgínia, na vida atual de homens e mulheres.

Insônia
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), 40% da população tem dificuldades em dormir de seis a oito horas consecutivas. O excesso de atividades que as pessoas conciliam hoje faz com que sobre menos tempo para o descanso. Elas se divertem menos e trabalham demais, afirmou a psicóloga Virgínia.

Alcoolismo
Nos tempos modernos, as pessoas só se sentem bem consumindo, afirmou a psicóloga Virgínia. “Elas precisam trabalhar mais para pagarem as contas e, por trabalhar mais, se sentem merecedoras de consumir mais. É uma verdadeira bola de neve”, disse ela. A situação colabora para doenças como o alcoolismo, que é uma forma de compensar o cérebro pelos níveis de estresse que ele é submetido.

Depressão
Uma pesquisa feita pela OMS em 2012 mostrou que mais de 350 milhões de pessoas sofrem de depressão ou outros problemas mentais. A doença, de acordo com a definição da Organização, se define por uma tristeza com duração acima de duas semanas, a qual impede o indivíduo de conduzir a rotina como era habitual. Doenças cardíacas, dificuldades econômicas e conflitos na vida pessoal estão entre causas da depressão. Virgínia diz que as pessoas vivem em constante pressão por causa da violência e por trabalharem cada vez mais para poder pagar as contas, o que pode contribuir para a doença. A nutricionista Mônica Maia, da Oncoclínica, acrescentou que os indivíduos estão mais expostos a substâncias estranhas presentes em alimentos industrializados, o que pode aumentar os níveis de estresse.

Doenças arteriais
“Vemos muito doenças ligadas ao sedentarismo, que é um vilão para doenças arteriais e venosas”, afirmou o cirurgião vascular Caio Focássio. O especialista explicou, em relação às complicações nas artérias, que um atleta que está sempre em movimento tem o bombeamento cardíaco melhor do que o sedentário. “O atleta tem 50 batimentos por minuto em repouso, contra 90 do sedentário. Usando menos o coração, ele dura mais tempo”, disse Focássio. Além disso, praticar atividades físicas exercita o músculo do coração e o fortalece e pode prevenir paradas cardíacas.

Doenças venosas
“As veias são os vasos que levam o sangue de volta ao coração e quando a pessoa pratica exercícios protege as penas de alguma insuficiência venosa, que podem aparecer em formas de vasinhos, varizes, edemas e até úlceras na pele”, afirmou Focássio. Segundo ele, a panturrilha é o coração da perna e fortalecê-la impacta em melhor circulação sanguínea. Outra medida que pode auxiliar é o uso de meias elásticas: “elas pressionam e fazem com que o sistema venoso, a drenagem do sangue, aconteça na parte mais profunda e poupa o sistema superficial”.

Corrimento vaginal
O corrimento vaginal era causado, no passado, por infecção e queda da imunidade, afirmou o ginecologista e obstetra Domingos Martinelli, da clínica Mantelli. Mas com a rotina moderna, a causa para o problema mudou: “hoje o estresse e a ansiedade são cada vez mais fortes como causas”, disse. A mulher da atualidade é empresária, trabalha bastante, concilia diversas atividades, como cuidar da casa e dos filhos. “O estresse libera uma série de hormônios, que mexem com o PH vaginal e podem favorecer o corrimento”, explicou Martinelli. O problema precisa ser tratado com ansiolíticos, muitas vezes, afirmou o médico.

Câncer de mama
É o tipo da doença mais frequente no mundo, correspondente a 22% dos novos casos a cada ano, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA). O Instituto estima que 57.120 casos serão diagnosticados nesse ano. Um dos motivos para o aumento no número de pacientes é o adiamento da gravidez, afirmou Martinelli. Quando está grávida, a mulher interrompe a exposição ao estrógeno. Adiando ou não tendo filhos, ela aumenta essa exposição a um hormônio que aumenta os riscos de câncer de mama. Além disso, a amamentação protege a mama. A doença também está ligada aos hábitos de vida, como sedentarismo e tabagismo, disse Martinelli. A nutricionista Mônica Maia alertou para riscos cancerígenos causados pela alimentação. Segundo ela, no próprio preparo da comida, dependendo do tempo de cocção, substâncias que causam câncer são liberadas. “A casquinha do bolo, a carne caramelizada, o alho muito frito, corantes, alimentos defumados, os agrotóxicos em frutas e verduras, não tínhamos essa alimentação poluída no passado”, disse ela. As embalagens plásticas são vilãs da saúde, de acordo com a nutricionista: pesquisas mostram que o material libera substâncias cancerígenas.

Complicações na gravidez
Martinelli afirmou que a maioria das mulheres opta por ter filhos mais tarde do que no passado, geralmente com mais de 30 anos. A gravidez tardia aumenta os riscos de “hipertensão, diabetes gestacional, parto prematuro e aborto”, enumerou o ginecologista. Segundo ele, é importante fazer o pré-natal com mais cuidado para identificar os riscos dessas e outras doenças.

Dores nas costas
“O sedentarismo pode levar a doenças como lombalgias, cervicalgias e desvios posturais que podem causar dor e, principalmente, atrofia muscular. As dores podem ser tanto musculares ou articulares”, afirmou o ortopedista professor da Faculdade de Medicina de Petrópolis, José Labrocini. Por outro lado, a cultura dos “corpos perfeitos”, afirmou Labrocini, faz com que pessoas pratiquem exercícios em excesso e tomem substâncias para melhorar o desempenho do corpo, o que pode colaborar para uma lesão muscular, nos tendões, hérnia de disco e deformidades articulares.

Tendinite
Passar muito tempo sentado em frente ao computador pode causar tendinite, assim como dores nas costas e problemas posturais, alertou o ortopedista Labrocini. O problema nos tendões é provocado por movimentos repetitivos, como o de digitação. Para prevenir, é importante a prática de atividades físicas, alongamentos e tratamento médico, quando necessário.

DSTs
A infectologista Graziella Hanna, do Hospital Santa Cruz, notou nos últimos anos um aumento de casos de sífilis, principalmente em adolescentes e adultos jovens. Segundo ela, não é a falta de informação sobre uso de proteção, mas o tipo de relacionamento atual, mais casual, que pode ser um agravante. “Já tratei paciente três vezes. Sexo oral transmite sífilis e muitas pessoas não usam camisinha para praticar”, afirmou Graziella.

Doenças respiratórias
A vida em aglomeração, seja nos transportes públicos ou no escritório com todas as janelas fechadas e circulação do ar feita apenas pelo ar condicionado aumenta os riscos de gripe, resfriados, viroses respiratórias, pneumonia, tuberculose, entre outras, contou a infectologista Graziella. O ideal, segundo ela, é que o filtro seja trocado com regularidade, mesmo assim, às vezes ele não dá conta do trabalho. Ainda existem as doenças causadas por organismos presentes no próprio ar condicionado que são disseminados no ambiente de trabalho. “Uma pessoa mais deprimida e estressada favorece a queda da imunidade”, acrescentou Graziella.

Fonte: Terra



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