Juazeiro do Norte (CE): Movimento protesta contra corte de árvores centenárias

Integrantes do movimento SOS Parque das Timbaúbas, criado a partir de denúncias da derrubada de árvores centenárias para construção de equipamentos públicos na única área verde da cidade de Juazeiro do Norte, devem encaminhar, nos próximos dias, um documento ao gestor do município, Raimundo Macêdo, solicitando a imediata paralisação nas obras de construção dos equipamentos, bem como a transferência de local para realização das obras.

O grupo, formado por cerca de 40 pessoas, alega que as construções poderão ocasionar danos irreparáveis ao meio ambiente e fazer desaparecer o aquífero que abastece o município, localizado no subsolo do parque. A área é protegida pelo decreto municipal nº 1.183, de 23 de março de 1995. Conforme os integrantes do movimento em defesa do parque, estariam sendo construídos um Centro de Reabilitação Motora e uma Oficina de Órteses e Próteses, além de uma piscina semiolímpica com arquibancada e estacionamento.

Os equipamentos, caso construídos, ocasionariam a destruição de uma área estimada em cerca de 6,3 mil m². "Permitir a manutenção da derrubada de árvores no Parque das Timbaúbas pode trazer prejuízos muito sérios, já nos próximos anos, ao meio ambiente e, consequentemente, a toda a população do município. As obras que estão na iminência de serem construídas no parque ocasionarão, na verdade, grande ônus", afirma a bióloga Neiliane Bezerra, mestranda em Desenvolvimento Regional Sustentável, pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). Segundo ela, com a construção da piscina semiolímpica, bem como das arquibancadas, da área do estacionamento e da pavimentação utilizada nas obras impedirão que haja a permeação das águas provenientes de chuvas, responsáveis, também, pela formação do lençol freático que abastece grande parte da cidade.

"O parque foi construído por sobre um importante equipamento de preservação da vida, que é o aquífero. Não apenas a construção destes equipamentos, mas, ainda o corte das árvores, ocasionarão um maior volume de evaporação da água presente no subsolo. Os riscos são muito grandes", diz a bióloga.

Para Fernando Gomes, que também faz parte do grupo, há outras áreas pertencentes ao município que poderiam ser utilizadas para construção dos equipamentos. "Não falta terreno. Locais, a Prefeitura tem de sobra. O que nos causa estranhamento é o fato de autorizarem a construção em um espaço que é protegido por uma lei criada pelo próprio município", argumenta.

Ele defende que, em vez de árvores serem derrubadas para construções na área, o município inicie, imediatamente, o plantio de árvores nativas, buscando revitalizar o parque.

Projeto inicial
"O parque vem sofrendo desde a sua construção. O projeto inicial foi modificado, o que diminuiu o seu tamanho, estimado em cerca de 640 hectares. Caso fosse mantido o projeto original, o parque cobriria toda a área do Riacho das Timbaúbas, entre a Avenida Getúlio Vargas e o trecho de acesso ao aeroporto", explicou.

O secretário executivo da Secretaria de Meio Ambiente, Agricultura e Serviços Públicos (Semasp), Silva Lima, negou que a administração tenha determinado o corte de árvores centenárias. No entanto, admitiu que houve autorização para a derrubada de três árvores da espécie sabiá. "Este tipo de árvore é utilizada em diversas finalidades. Não houve cometimento de nenhum crime ou dano ambiental. Isso aconteceria se tivéssemos derrubado um jatobá, um ipê ou uma timbaúba, o que não foi o caso. Mesmo assim, os cortes só foram permitidos porque há um equipamento sendo construído no interior do parque objetivando a revitalização deste equipamento, a partir de uma maior movimentação de público no local", frisou.

Silva Lima classificou as denúncias como inverídicas e afirmou que a Semasp possui várias estufas para a produção de mudas de árvores de diversas espécies, inclusive frutíferas, para plantio em toda extensão do parque. "Mesmo que derrubássemos 100 árvores, teríamos a condição de plantar outras mil de espécies variadas. O parque possui estufas onde mudas são produzidas com tal finalidade", disse ele. Sobre a piscina em construção, o secretário informou que a obra possui recursos federais, pleiteados no ano de 2007 e que sua construção tem como finalidade a oferta de um novo equipamento de lazer aos frequentadores da área verde. "O objetivo é favorecer a população que já possui o hábito de visitar o parque e, ainda, se for possível, ampliar o número de pessoas circulando no local", concluiu.

Mais informações
Secretaria de Meio Ambiente
De Juazeiro do Norte
Avenida Ailton Gomes, S/N
Parque Ecológico das Timbaúbas Telefone: (88) 3511.3512

ROBERTO CRISPIM
COLABORADOR

 Fonte: Diário do Nordeste



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