Juazeiro do Norte (CE): Mobilidade se precariza com buraqueira e lamas das chuvas

Não são poucos os buracos em ruas e avenidas da terra do "Padre Cícero". Mesmo a cidade ainda vivenciando um período chuvoso de maior intensidade, que há alguns anos não se via, os moradores das áreas centrais e principalmente na periferia mal suportam os transtornos de uma cidade extremamente carente em infraestrutura. São ruas praticamente destruídas pelas chuvas, calçamentos arrastados, erosões nas vias públicas.

Em comunidades de lugares como a Betolândia, Timbaúbas, São José, Triângulo, Santa Teresa, Lagoa Seca, João Cabral, Novo Juazeiro e bairro Frei Damião, os problemas se agravam, principalmente porque muitas ruas nessas áreas sequer contarem com calçamento. Isso, só para citar alguns dos bairros onde há fortes agravantes.

Mesmo com a liberação recente de uma verba solicitada no ano passado, para a melhoria de infraestrutura da cidade, no valor de R$ 9,4 milhões, do Governo Federal, por meio da Defesa Civil, os valores estão voltados para a recuperação de áreas já determinadas pela administração. As melhorias serão feitas de forma gradativa. Segundo o secretário de Infraestrutura da cidade, Akiro Meneses Chikushi, mesmo assim, a maior parte dessas localidades são os pontos considerados mais críticos.

Erosão
Mas, ao mesmo tempo em que acontece o crescimento vertiginoso de uma cidade de cerca de 250 mil habitantes, os problemas estruturais de bairros como o São José são gritantes. Algumas ruas estão totalmente destruídas com a erosão e muitos buracos, há falta de calçamentos e em algumas áreas simplesmente parte deles se foram com a força das águas e os alagamentos. Comerciantes estão no prejuízo, moradores enfrentam o perigo de trafegar nas áreas, por atravessar ruas com buracos imensos, e muitas vezes à noite, e no escuro, correndo o risco de acidentes e serem assaltadas.

O comerciante autônomo, Cícero Batista Ferreira, diz que o município tem que dar o suporte necessário de infraestrutura para os bairros da cidade se expandirem. Ele reside no bairro São José, que é um dos que mais recebeu novas moradias nos últimos anos e está carente em algumas ruas até de abastecimento de água e energia.

"Infelizmente, estamos diante de uma realidade em que a cidade não está preparada para o crescimento e a população acaba pagando um preço muito alto", diz. Ele reside na rua Zeca Esmeraldo, onde os próprios moradores tiveram que colocar sacos com terra para contenção das erosões na rua. "Aqui, infelizmente é só buraco.", lamenta.

E em pontos centrais da cidade, nas áreas de maior tráfego, o problema está presente, como em cruzamentos da Avenida Castelo Branco, nas proximidades do shopping, com buracos no asfaltamento. No bairro Triângulo, carros já chegaram a ser praticamente engolidos pelas crateras formadas nas ruas após as chuvas. No João Cabral, logo na entrada para a Rua Padre Alcântara, proximidades do Mercado do Peixe, os motoristas têm que desviar de um buraco, numa curva fechada, se expondo ao perigo iminente. Alguns reclamam e tacham a situação de descaso, ao passarem.

Saídas
O secretário Akiro justifica que todos esses problemas vêm sendo solucionados aos poucos. A buraqueira presente na cidade vem tendo um trabalho permanente para ser minimizada. Ele disse que durante esse período de chuvas, a situação tem se agravado e não ajuda a fazer com que os serviços sejam totalmente efetivados em alguns casos. Desde o início do mês que a prefeitura local tem procurado ampliar as contratações de calceteiros para efetuar os serviços de tapa-buracos, por meio de força tarefa.

Enquanto isso, os próprios moradores de localidades como o bairro São José se reúnem para calçar por conta própria ruas da localidade. Cansados de esperar pelo poder público, despejam caminhões de pedras e se cotizam para realizar o serviços, conforme o comerciante Cícero Batista. Próximo a sua rua há exemplo bem claro disso. "Na verdade, se a cidade cresce, o poder público tem que chegar na frente e garantir condições para isso", afirma.

No final da rua Cícero Gonçalves, um problema se arrasta há pelo menos quatro meses. Não passa veículos e as motos atravessam com dificuldades. Um comércio de granito nas proximidades está prejudicado. Os proprietários inclusive já tentaram tapar o enorme buraco com rejeito do material do depósito e moradores jogaram lixo, mas não houve jeito. A chuva levou parte da rua, comprometendo um cruzamento, numa área onde não chega a iluminação pública.

Considerado bairro nobre, onde há uma cadeia de bares e restaurantes, e o polo gastronômico da região, com vários hotéis instalados e o maior conjunto residencial vertical da região, o Lagoa Seca é a entrada da cidade para quem vem do Município de Barbalha.

Drenagem
A área há vários anos vivencia a dificuldade de drenagem, sem contar com a grande quantidade de buracos. Calçamentos nas proximidades da Cidade Universitária estão destruídos em alguns trechos, mesmo com a intervenção da administração em outros, corrigindo os danos.

Em alguns pontos, os condutores têm dificuldades de atravessar, como a Avenida Maria Letícia Leite Pereira. Nas proximidades de um hotel da cidade, o local é uma travessia para alguns motoqueiros e condutores de outros veículos. Os que nunca passaram pelo local, temem que o buraco com água seja maior e possam até ficar impossibilitados de atravessar. Essa situação faz parte de um dos problemas mais sérios relacionados à drenagem da cidade, e que já foi parar até no Ministério Público e serviu para criar um movimento dos moradores no bairro. Segundo a gestão local, para ser totalmente solucionado, são milhões que devem ser investidos, por meio de verba federal em todos os trechos atingidos.

Mesmo com a liberação da verba para investimentos em melhoria de infraestrutura e da malha viária da cidade, o secretário Akiro afirma que a vinda dos recursos não acontecerá de uma só vez, mas em várias etapas e mediante os serviços elaborados. Para ele, felizmente alguns dos trechos mais prejudicados, apontados ano passado, foram contemplados dentro desse montante, só que em algumas áreas os problemas se agravaram. No bairro Betolândia, por exemplo, uma das ruas está totalmente destruída desde as chuvas. Vários caminhões de areia já foram colocados em alguns trechos e a chuva levou.

O artesão do bairro Campo Alegre, Airton Laurindo da Silva, disse que na sua comunidade há muitos buracos nas ruas, e alguns deles considerados verdadeiras crateras. "Não temos condições de conviver mais com essa situação", diz ele.

Conforme o artesão, a situação perdura até antes dele morar na localidade, há mais de três anos. A área inclui o acesso à Penitenciária Industrial da Cidade. O morador ainda reclama falta de calçamentos, além da precariedade no saneamento. Ele cita ruas como a Professora Ivoneide Sabiá e a Manoel dos Santos. "Quando chove na área até as crianças ficam prejudicadas, sem condições de irem para escola", lamenta.

Quanto aos R$ 9,4 milhões, o prefeito de Juazeiro do Norte, Raimundo Macedo, anunciou a destinação dos recursos para serem aplicados na construção de três pontes e dois muros de contenção. As pontes representarão a solução definitiva de antigos problemas em passagens sobre a Várzea das Timbaúbas, principalmente durante o período do inverno em função do volume das águas.

As pontes serão, conforme a gestão atual, na Avenida Virgílio Távora, que dá acesso ao Aeroporto Orlando Bezerra, e nas ruas Rui Barbosa e Madre Neli Sobreira ambas no bairro Limoeiro. No caso da Rui Barbosa vários consertos já foram feitos, mas só a construção de uma nova ponte vai resolver o problema. Quanto a Rua Madre Neli, ficará interditada para o tráfego de veículos e pessoas, em virtude dos alagamentos por cortar a Várzea das Timbaúbas.

Em relação aos muros de contenção, o prefeito diz que serão construídos no Parque Ecológico das Timbaúbas e no bairro Antonio Vieira com o objetivo de evitar as erosões. Além do muro, a obra consta de aterro e a construção de bueiros.

Mais informações
Secretaria Municipal de Infraestrutura
Parque de Eventos Padre Cícero, S/N - Bairro Planalto
Telefone: (88) 3571.1128

ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste



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