Aiuaba (CE): ICMBio realiza combate à caça ilegal de avoantes

Nesta época do ano, ocorre a formação de pombais de reprodução de avoantes, na Estação Ecológica neste município. As aves tornam-se presas fáceis para caçadores e comerciantes. Apesar das dificuldades, falta de pessoal e de equipamentos, fiscais do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), entidade que administra a unidade, promovem ações de preservação e combate à caça ilegal.

Recentemente, foram presos quatro caçadores oriundos do município de Campos Sales, no Sul do Ceará, apreendidas 158 avoantes, quatro motos, e aplicadas multas no valor de R$ 19.500,00, cada. Os caçadores foram autuados por prática de crime ambiental na Delegacia Regional de Polícia Civil da cidade do Crato, no Cariri cearense, e foram liberados após pagamento de fiança. Vão responder em liberdade a processo administrativo e penal.

O coordenador da Estação Ecológica de Aiuaba, Honório Miguel Arraes, disse que o principal objetivo da operação de combate a caça de avoante no pombal da Serra do Ermo, no entorno da unidade, ocorre em função de surgimento de pombais de reprodução de avoantes que vieram de diversos locais do Nordeste. Nessa época do ano, período da quadra invernosa, é comum a vinda das aves para a formação de pombais de reprodução na Estação Ecológica, mas há cerca de quatro anos que as aves não migravam para essa unidade. Em decorrência do retorno das avoantes, caçadores foram atraídos para a região.

A área de vegetação do bioma Caatinga e que deveria ser protegida é escolhida por milhares de avoantes para a sua fase de procriação. A postura (quando as avoantes põem os ovos para reprodução) começou abril entre a Serra Preta e a Serra do Ermo, distante, aproximadamente, 10 quilômetros da reserva, e na própria unidade conservacionista. O período de procriação deve ir até o fim deste mês, quando se diz popularmente que a avoante "empenou", ou seja, criou penas e já pode voar.

É também nesta época que as avoantes estão mais propícias à serem pegues pelos caçadores. De acordo com o gerente da Estação, Honório Arraes, as aves são perseguidas "pelos traficantes que compram para comercializar". Os caçadores profissionais costumam vir das cidades de Campos Sales e Juazeiro do Norte, no Ceará, e Pio IX, no Piauí.

Depois do período de reprodução, cerca de 90 dias, as aves saem com destino aos municípios de Iguatu e Quixelô, na Bacia do Açude Orós para se alimentar nas roças de arroz e beber água. Voam mais de 150 km. Nessa região, são novamente alvo de caçadores e comerciantes que instalam milhares de arapucas para apreensão e posterior venda das avoantes abatidas.

A operação de combate à caça ilegal conta com a participação de fiscais do Ibama, do ICMBio e da Polícia Militar Ambiental. Arraes disse que o combate à caça de avoantes é feito há mais de 25 anos em uma área superior a 5 km quadrados, apesar de a unidade ecológica contar com apenas dois fiscais.

A Estação Ecológica de Aiuaba possui uma área de 11.500 hectares, e foi criada em 1978. É considerada a maior unidade de preservação do bioma Caatinga. As dificuldades aumentaram após o fechamento há cinco meses do posto de fiscalização com a demissão de quatro vigilantes. Cerca de 40% da reserva estão com cercas quebradas, facilitando a entrada de animais de grandes portes, de caçadores e até a retirada de madeira.

Audiência
Em março passado, o Pacto Ambiental dos Sertões de Crateús e Inhamuns (Parisc) promoveu audiência Pública em Aiuaba com a presença de gestores da região, ambientalistas, estudantes e representantes de órgãos ambientais a fim de debater o atual quadro de dificuldades de administração da Estação e encaminhar soluções. Durante a reunião, confirmou-se que o local é alvo de constantes invasões por animais de grande porte, prejudicando os trabalhos de pesquisa. Falta também capital humano para a parte administrativa, serviços gerais e técnicos.

Fonte: Diário do Nordeste



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