"Você já fez uma faxina na sua vida?" é a minha coluna de maior sucesso na Folha. Ela teve mais de 20 mil recomendações e ficou em primeiro lugar entre as colunas mais lidas e enviadas no site da Folha. Recebi inúmeras mensagens de mulheres falando sobre a vontade de fazer uma faxina em suas vidas.
Alguns homens perguntaram se existe faxina existencial para eles.
É verdade que eles acham mais fácil reclamar da situação política e econômica, da violência, da corrupção, do futebol do que de questões mais subjetivas.
Mas alguns leitores, talvez provocados pelo meu artigo, escreveram sobre suas insatisfações, como um advogado de 53 anos:
"É um paradoxo. Nunca foi tão fácil encontrar mulheres para transar, mas está cada vez mais difícil encontrar uma mulher que eu admire por suas ideias e realizações. Está sobrando mulher que se acha gostosa, mas falta mulher admirável."
Um analista de sistemas de 55 anos disse: "As mulheres estão muito egocêntricas, só se interessam pelo próprio umbigo, ou melhor, pelo próprio corpo e aparência. É muito chato sair com uma mulher que está sempre de dieta, toda botocada e plastificada, e que não tem um papo desafiador. É raríssimo achar uma mulher interessante".
Meus leitores subverteram o clichê "falta homem no mercado". Eles reclamam que, em um mercado com muitas mulheres disponíveis para transar, não conseguem encontrar mulheres interessantes e admiráveis.
Um fotógrafo de 59 anos contou: "Trabalho com mulheres lindas e jovens. Ninguém entende porque me casei com uma mulher da minha idade. É muito simples: não quero um troféu para exibir para os amigos, nem alguém que me critique por eu não conseguir satisfazer as suas exigências absurdas".
Ele valoriza o fato de ter uma mulher compreensiva, carinhosa e divertida: "Ela me faz rir e sabe rir das minhas brincadeiras. Ela me compreende e gosta de mim exatamente do jeito que eu sou. Ela demonstra que sou importante para a sua felicidade. Tem muita mulher no mercado, mas não como a minha. Ela é especial porque brinca e ri dos seus próprios defeitos e me ama mesmo conhecendo as minhas faltas e imperfeições".
Você também acha que está faltando mulher (compreensiva, interessante e admirável) no mercado?,
Mirian Goldenberg é antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro e escreve na Folha.
Fonte: Folha.com
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