Acusado de jogar vaso sanitário em torcedor no Recife é preso

Menos de 72 horas. Foi esse o tempo que as Polícias Militar e Civil de Pernambuco precisaram para prender o primeiro suspeito por ter matado o torcedor Paulo Ricardo Gomes da Silva, na última sexta-feira, no estádio do Arruda. Foram três dias de investigações, que ganharam corpo no início desta segunda-feira após uma denúncia feita por intermédio do Disque-Denúncia. As ligações levaram a polícia até o bairro de Ouro Preto, em Olinda, onde encontraram Everton Felipe Santiago de Santana, de 23 anos, que trabalha como auxiliar de serviços gerais em uma escola.  O acusado deve responder pelo crime de homicídio qualificado, que prevê uma pena de 12 a 30 anos.  

O suspeito revelou ainda que outras duas pessoas participaram da ação, mas ambos ainda estão foragidos. As equipes de busca da polícia já estão nas ruas para deter os outros dois torcedores que podem ter participado com Everton da morte de Paulo Ricardo.

De acordo com policiais que participaram da prisão, num primeiro momento ele tentou negar, mas assim que os agentes pegaram o seu celular, viram mensagens enviadas afirmando que não queria ir para o "inferno", se referindo a cadeia. Outro fato que chamou a atenção nas mensagens era o pedido de amigos para que ninguém entregasse os outros.  

Três familiares de Everton Felipe passaram a tarde inteira na sede do DHPP esperando por informações, mas evitaram o contato com a imprensa todo momento. Nenhum deles se prontificou a falar para dar a versão do outro lado da história.

Três horas de depoimento  
A delegada responsável pelo caso, Gleide Ângelo, apareceu rapidamente no local onde a imprensa esperava por informações e fez apenas um rápido pronunciamento. Segundo ela, apenas a Secretaria de Defesa Social se pronunciará sobre o caso.  

- Estou aqui por respeito a imprensa. Acabou o depoimento e ele ficará preso. A SDS falará sobre o caso.

Questionada sobre os outros dois suspeitos que teriam sido entregues por Everton, a delegada se negou a falar e se retirou do local.

Advogado teme pelo futuro do cliente   
Contratado pela família de Everton Felipe, o advogado Adelson José da Silva chegou ao DHPP durante o depoimento do suspeito e falou um pouco sobre o crime cometido.  

- Ele confessou. Quando eu cheguei já estava no meio. Ele não sabe explicar o motivo. Disse que foi algo espontâneo e que foi para o estádio apenas com a intenção de assistir o jogo, mas de repente sentiu algo estranho que não sabe explicar.  

Ainda de acordo com o advogado do rapaz, Everton confirmou de fato que teria agido com outras duas pessoas. Um deles é um amigo, mas o outro é uma pessoa que ele conheceu na hora, mas os três fazem parte de uma das torcidas organizadas do Santa Cruz.  

- Ele participou com outros dois, mas só conhece um deles. O outro ele conheceu lá no momento. Eles fazem parte da torcida organizada do clube. Acho que é a Inferno Coral.  

Medo do futuro   
Everton Felipe passará a noite desta segunda-feira preso na própria sede do DHPP, mas a tendência é que seja transferido para o Cotel na manhã desta terça-feira. E é justamente este momento que enche o advogado e o próprio Everton de medo.  

- Sempre há o medo de retaliação e por isso já vamos pedir uma segurança para ele. Além disso, vamos tentar a liberdade provisória e acreditamos que tem chance, pois ele tem residência fixa e trabalha.

Entenda o caso  
Paulo Ricardo Gomes faleceu na última sexta-feira depois da partida entre Santa Cruz e Paraná, pela Série B do Campeonato Brasileiro. Quando passava próximo ao portão seis do Arruda, destinado à torcida visitante, foi atingido por um vaso sanitário arremessado da parte superior da arquibancada. Além da vítima fatal, outras três ficaram feridas, mas estão fora de perigo.  

Torcedor do Sport e morador do bairro do Pina, zona sul do Recife, Paulo Ricardo, 26 anos, trabalhava como soldador na indústria naval do Cabo de Santo Agostinho, Região Metropolitana do Recife. Integrante de uma torcida uniformizada do Sport, saiu de casa com uma missão: tirar fotos da uniformizada do Paraná - uma prática comum entre torcidas aliadas em diferentes estados. Na câmera encontrada pelos bombeiros dentro da bolsa da vítima, havia vários registros do jogo.

Fonte: Globoesporte.com



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