Insegurança em municípios da região do Cariri assusta moradores locais

Em muitos municípios do Cariri, aparentemente tranquilos, a falta de delegacia, de efetivo suficiente e cadeias públicas deterioradas vêm deixando a população da região com medo. Em alguns deles, há policiais que disponibilizam o próprio veículo em caso de urgência, ou até mesmo saem a pé, por falta de viatura policial.

Essa realidade do aparato de segurança pública insuficiente tem chamado a atenção dos municípios por conta da incidência de assaltos aos pequenos comércios. E há casos em que, até para registrar um boletim de ocorrência, o cidadão local é obrigado a se deslocar para outra cidade, há mais de 50km.

Um dos municípios cearenses que nos últimos anos tem sofrido consequências danosas em relação ao trato com a segurança pública é a cidade de Santana do Cariri. Há menos de um mês a segurança realizada por seis homens, que se revezam numa casa alugada no Centro da cidade, por não ter delegacia, ficou até sem veículo para trabalhar.

Todos estavam a pé. Não havia viatura para cobrir a extensa área territorial do município, de mais de 900 quilômetros. O que existia era emprestado do Pró-Cidadania para cobrir a deficiência. A sucata de um veículo Parati, que há vários meses estava abandonada e sem uso, não foi substituída, e o único carro existente foi cedido pela administração local. Caso a Prefeitura não precise, a Polícia terá a possibilidade de utilizá-lo.

Insegurança
O problema tem deixado moradores indignados e sem condições de se sentirem seguros, quando comerciantes estão sendo assaltados durante o dia. Há casos de assaltos, em que apenas um estabelecimento foi roubado até três vezes, a exemplo da única lotérica da cidade.

A segurança pública tem sido assunto frequente na Câmara Municipal de Santana do Cariri. À espera de uma audiência pública para debater o problema, o vereador João Cabral, disse que já enviou ofícios a várias repartições, no intuito de convidar representações dos segmentos da Justiça e segurança pública, para discutir o tema, que ele considera de extrema gravidade.

A cidade de 17 mil habitantes, aproximadamente, Capital da Paleontologia no Estado e que detém uma das maiores reservas fossilíferas do período cretáceo do planeta, está, conforme o parlamentar, há mais de três anos sem uma estrutura adequada.

João Cabral explica que antes os policiais tinham um suporte melhor para desenvolver suas atividades. Os moradores reclamam, principalmente aqueles que não se confiam em deixar os seus estabelecimentos abertos até além das 18 horas.

Já o município de Mauriti possui uma área de grande extensão e atualmente está com um efetivo tão baixo que, segundo os próprios profissionais da segurança pública local, seria necessário triplicar para manter o mínimo de segurança ideal. São coletes à prova de balas vencidos, armamento ultrapassado em relação ao aparato dos bandidos.

Para um policial que não quis se identificar, é uma realidade dissociada do que tem de ser enfrentado. São mais de 1.000 quilômetros a percorrer e caso a única viatura esteja nos sítios ou distritos, a cidade fica descoberta. A única solução nesses casos é usar os próprios veículos dos policiais, em casos de urgência.

A cadeia pública também está em péssimas condições, conforme a Polícia local. O espaço está bastante deteriorado, com rachaduras, banheiros de má qualidade, infiltrações, entre outros problemas visíveis.

No município de Barro também tem algo em comum com Santana do Cariri: ambos não possuem uma delegacia. Ainda em Santana, outro problema é que há um prédio com construção parada há mais de três anos, para essa finalidade e nada foi realizado até o momento.

Uma reivindicação que vem sendo endossada pela Câmara e a administração local é de que seja concluída a delegacia, para que o efetivo do município tenha onde ficar para realizar o seu trabalho e colocar os presos, porque até os flagrantes obrigam os policiais a fazerem esse trabalho em cidades como o Crato ou no Juazeiro do Norte.

De acordo com o vereador João Cabral, a Ouvidoria do Estado chegou a afirmar que já protocolou ofício e destacou que iria marcar a audiência, mas até o momento aguardam confirmação do órgão.

Com distritos de mais de 30 quilômetros de distância da sede, quando há o deslocamento dos agentes, a cidade fica sem cobertura. Embora tendo ocorrido um assassinato no ano passado, comerciantes afirmam não estar seguros.

Já em Mauriti, o comerciante Sinval Pereira da Silva, avalia que há muito que melhorar no segmento da segurança pública, principalmente porque é visível para a população as necessidades dos policiais.

Assalto a banco
Segundo ele, mesmo não tendo tantos problemas nos últimos anos, a população do município ainda está chocada com um assalto à agência do Banco do Brasil, ocorrido no ano passado. Os assaltantes, para intimidar primeiro, chegaram a atirar contra o destacamento policial da cidade e em seguida jogaram explosivos no banco.

"Ainda hoje, estamos nos recuperando dessa ação que chegou a chocar os moradores de Mauri. Isso mostra, de certa forma, que não estamos seguros", completa Sinval Pereira.

A cidade faz divisa com outros estados, como o Pernambuco e a Paraíba, e isso requer mais cuidados e também a vinda de mais efetivo e viaturas para garantir reforço.

A reportagem do Diário do Nordeste tentou contato com a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Estado e com o comando regional, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.

Mais informações
Câmara Municipal de Santana do Cariri
Rua José Augusto, s/n Centro
Telefone: (88) 3545.1211

ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste



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