Barbalha (CE): Documentário divulga festa religiosa

O tão sonhado registro no Instituto Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), ainda não ocorreu com a Festa de Santo Antônio de Barbalha, que envolve as mais variadas manifestações culturais. Mas a própria plasticidade e originalidade da festa têm sido foco de pesquisa para os mais diversos profissionais brasileiros. O fotógrafo Augusto Pessoa, que há mais de 10 anos tem realizado registros sobre o evento e suas manifestações culturais, é um deles.

Com o documentário O Pau da Bandeira, realizado em 2012, tem sido premiado em vários festivais do Brasil e ampliado a visibilidade do evento no Brasil. Os mais recentes prêmios são do Festival Brasileiro de Filmes de Turismo, Aventura e Sustentabilidade, o Fatu 2013, em Paraty, Rio de Janeiro, com o melhor filme profissional e melhor montagem, além de ser selecionado para o Festival do Filme Etnográfico do Recife, em outubro do ano passado, Cinema da Fundação, em Recife-PE, e para o Clemont Ferrant, na França.

O filme procura resgatar toda as nuances da festa, em sua diversidade cultural, com os grupos de tradição. A direção além de Augusto, é realizada pelo cineasta Felipe Wenceslau, com fotografia de ambos e mais Hélio Filho. Além dessas premiações, o trabalho arrancou o prêmio de melhor fotografia, no Curta Canoa - 2012, em Canoa Quebrada, no Estado cearense, e na mesma categoria, venceu em 2012 o Festival Latino Americano de Cinema da Amazônia 2012.

Revistas
O filme registra a atividade de carregamento do Pau da Bandeira, realizado anualmente na cidade de Barbalha, no Cariri cearense. Augusto Pessoa documenta fotograficamente a festa desde 2002, tendo publicado reportagens em revistas como a National Geographic, Continente, entre outras.

Em 2012 convidou o cineasta paraibano Felipe Wenceslau e produziu o curta que tem 20 minutos de duração e faz uma leitura fotográfica das manifestações culturais que circulam o cortejo de carregamento do Pau da Bandeira. "Fazer esse filme foi para mim a confirmação de 10 anos de escolha fotográfica, quando em 2000 iniciou um processo de documentação fotográfica, que não tem data para terminar, mesmo estando morando agora fora da região. A riqueza da cultura popular do interior do Ceara é presença marcante na minha trajetória como fotógrafo e foi desse incrível relicário aprendi muito do que hoje caracteriza o meu trabalho", diz.

Com a presença de dezenas de grupos de tradição popular, a festa de Barbalha, atrai uma multidão de milhares de pessoas logo no dia inicial, com o cortejo de carregamento do Pau da Bandeira. É um momento de devoção, seguindo uma tradição de mais de cem anos.

Todo um resgate da festa foi realizado durante os últimos anos, no intuito de preservar essa memória cultural. O trabalho foi realizado por diversos pesquisadores, incluindo historiadores de Barbalha, dando origem a publicações como o livro 'Sentidos de Devoção - Festa e Carregamento em Barbalha', lançado no ano passado, com exposição sobre a festa no prédio histórico do Casarão Hotel da cidade.

Os primeiros registros do fotógrafo foram direcionados inicialmente à diversidade da cultura regional. "Fiquei impressionado com a cultura popular, a religiosidade e com o rico patrimônio natural e arqueológico da Chapada", destaca.

Dentre as manifestações, uma a que se deteve, em especial, por reunir as diversas expressões, foi a festa do Pau da Bandeira. Em 2002, teve um registro de destaque da festa na National Geographic e anualmente ele passou a registrar a celebração.

A ideia de fazer o filme veio em 2010. Em dois anos seguidos, após uma década de registro do cortejo e suas diversas manifestações, Augusto não pôde participar dos festejos, e em 2012 fez o documentário. O destaque maior está na fotografia.

As premiações, como ele mesmo diz, não poderiam ser para um segmento diferente. Com o cineasta paraibano, Felipe Wenceslau, e o vídeo maker cearense Hélio Filho, que integra a equipe de meninos formados na Fundação Casa Grand, em um só dia, na abertura dos festejos, os trabalhos foram iniciados ainda cedo, antes do amanhecer, quando os primeiro grupos de tradição saem às ruas para reverenciar Santo Antônio.

Diversidade
O registro é feito até a chegada do mastro com cerca de três toneladas, na praça da igreja matriz . "A ideia central do documentário é mostrar a diversidade de manifestações culturais que compõe essa festa, com foco na fotografia", enfatiza Augusto. Há depoimentos dos brincantes, personagens principais da festa.

Os primeiros movimentos foram registrados, seguindo a linha do tempo, com a chegada dos grupos. "O filme foi produzido sem um roteiro específico. A festa em si foi o roteiro. Nos separamos e gravamos tudo com três câmeras, única maneira de conseguir captar cenas que acontecem simultaneamente, como por exemplo a missa e o início de carregamento do tronco", afirma Augusto Pessoa. 

ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste



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