73,6% da população do CE não possuem acesso a esgoto

Água tratada, coleta e tratamento de esgoto são importantes para garantir a qualidade de vida da população, mas no Ceará, nem todos têm estes benefícios. Apenas 26,4% da população do Estado têm acesso à rede de esgoto, de acordo com o estudo "Benefícios Econômicos da Expansão do Saneamento Brasileiro", feito pelo Instituto Trata Brasil e pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS). Assim, 73,6% dos cearenses não têm esgoto disponível.

Apesar disso, o Ceará é o segundo estado do Nordeste com o maior número da população com acesso ao esgoto, perdendo apenas para a Bahia. Enquanto 2.282.465 de cearenses possuem esgoto, 4.003.196 de baianos têm o recurso.

Já no Piauí, apenas 164.911 pessoas são beneficiadas com o esgoto, o menor número do Nordeste. Em seguida, aparece o Sergipe, com 322.040. Depois, vem o Estado de Alagoas, com apenas 452.462.

O estudo do instituto também mostra que 5.900.415 dos cearenses têm acesso à água tratada, ou seja 68,3% do total da população do Estado. Estão à frente do Ceará a Bahia, com 10.666.143, e Pernambuco, 6.144.330.

Sergipe é local que apresenta o menor número de pessoas com esse benefício: 1.751.898 têm água tratada.

Defasagem
Para o coordenador do curso de Saneamento Básico do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), Adeildo Cabral da Silva, o estudo feito pelo Instituto Trata Brasil e o CEBDS demonstra a realidade do Estado. "No Nordeste, temos uma defasagem na parte do tratamento de esgoto. Tanto que, ao analisar os dados, podemos ver uma grande diferença entre a distribuição e o tratamento da água", frisou.

Silva ressalta que, hoje, os custos para o saneamento básico são altos devido à grande demora dos governos municipais em investir nesta área. "Isso é resultado do acúmulo de problemas. Em todo esse tempo, os dejetos do esgoto vêm sendo descartados de um jeito inadequado".

O problema teve início da década de 70 e começou a piorar em 1980, com a urbanização das cidades, ressaltou o coordenador. Dessa forma, houve uma ocupação desordenada sem planejamento para a infraestrutura. "Uma das prioridades da infraestrutura tem que ser o esgoto, mas, naquela época, se preocuparam mais em construir".

Ele acredita que, para mudar essa situação, é preciso, primeiramente, cuidar do plano de saneamento básico das cidades. No Ceará, comentou Silva, dos 184 municípios, apenas 30% possuem esse projeto. "Um número muito baixo para o nosso Estado". Os planos devem durar 20 anos, pois têm muitas metas e ações, e devem ser criados pelas prefeituras com a sociedade.

Até o fechamento dessa edição, a reportagem não conseguiu contato com a assessoria da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece).

THIAGO ROCHA
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste



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