FHC diz que governo atual vive de propaganda

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) disse nesta terça-feira (25) que o governo federal tem recorrido à propaganda para escamotear fragilidades e, apesar dos avanços, é chegada a hora de mudança devido à "fadiga de material" da administração iniciada em 2003.

Na entrada da solenidade em comemoração aos 20 anos do Plano Real, no Senado, FHC rebateu artigo em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva exalta os 11 anos da administração petista.

"É verdade que o Brasil se tornou competitivo, mas o presidente Lula sempre faz comparações como se a história começasse com ele. Ele disse que a inflação de 2002 era de 12% e agora é de 6%, só que em 2002 [último ano da gestão tucana] a inflação era dele, era o medo do Lula", afirmou o tucano. O artigo de Lula foi publicado na edição de hoje do jornal "Valor Econômico".

"O Brasil se tornou melhor e vai melhorar mais, mas tem que competir, tem que continuar a mudar, continuar a fazer reformas, a ver onde estão os problemas, e isso não pode ser feito na calada da noite. Tem que abrir o jogo, tem que dizer a verdade, não ficar fazendo o tempo todo propaganda", completou FHC.

Escanteado nas fracassadas campanhas tucanas de 2002, 2006 e 2010, o governo tucano voltou a ser defendido pelo pré-candidato tucano ao Palácio do Planalto, o senador Aécio Neves (MG). Na solenidade do Senado, além de Aécio e FHC, praticamente todos os caciques tucanos estavam presentes.

Economistas que participaram da formulação do Plano Real também estavam presentes. Candidato tucano ao Palácio do Planalto em 2002 e 2010, o ex-governador José Serra (SP) não compareceu. Ainda antes do evento, FHC disse que a candidatura de Aécio pode ser beneficiada pelo que ele classifica como uma necessidade de "novos ventos".

"A partir de certo momento, tem fadiga de material. Eu sofri essa fadiga quando estava no governo. Agora, tem fadiga de material: 'De novo o mesmo, meu Deus?'. O Brasil é um país novo, precisa de sentir ventos novos", disse.

Em seu discurso, Aécio adotou um tom muito mais crítico ao governo, dizendo que "os 12 anos de governo do PT levaram o Brasil a estar hoje mergulhado em ambiente de desesperança e descrença do futuro". "De tijolo sólido, viramos hoje frágil economia. (...) Quem suceder ao atual governo, governará em tempos difíceis até o país recuperar o entusiasmo num futuro melhor."

Sobre o plano Real, FHC lembrou as resistências sofridas na época. "Cheguei até a pedir demissão no dia 27, na véspera, porque havia tanta resistência de ministros que não entendiam o processo, mas o presidente Itamar [Franco] foi firme, aliás o presidente Itamar foi sempre firme."

Fonte: Folha.com



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