Projeto faz uso da reciclagem no Cariri

Um catador que usa a sua experiência para educar as pessoas de como melhor aproveitar o lixo e promover a conscientização ambiental. Há 18 anos, Francisco Alvino, presidente da Associação Engenho do Lixo, iniciou sua atividade como catador e está à frente da entidade, que também tem chamado a atenção de instituições de outros países, para a experiência de se trabalhar com o que é recolhido nas ruas e o seu melhor aproveitamento.

O desafio agora é poder criar uma cooperativa regional, com a implantação do aterro consorciado, junto ao Governo do Estado, Universidade Federal do Cariri (UFCA), e a secretaria de Meio Ambiente da cidade de Juazeiro do Norte.

O Engenho do Lixo, criado hás seis anos, é o único local que recebe materiais como lâmpadas fluorescentes, e repassa também baterias de equipamentos como celulares, e faz o seu devido encaminhamento, além de lixo eletrônico. A cada mês são repassados pela associação cerca de 50 toneladas de lixo. As atividades do Engenho do lixo ainda contam com pouco apoio, principalmente no tocante ao poder público. Ele diz que empresas, principalmente de fora, têm visto com bons olhos as atividades da entidade.

O trabalho na associação, além da separação e compactação do lixo, também recolhe o óleo de supermercados e restaurantes para ser aproveitado, evitando que seja lançado no meio ambiente. Um banco de mudas é mantido no Horto. Mas, o catador que não conseguiu ter tanto estudo, vai mais além quando quanto à educação ambiental. Recentemente contou com uma visita de uma entidade de reciclagem de Cancún, no México, e recebeu o convite para conhecer a experiência naquele país.

Educacional
Enquanto isso, segue o trabalho político e também educacional. Quando se trata de alguma pauta relacionada ao meio ambiente ou leis que possam mexer com estatutos referentes às questões ambientais, ele faz questão de estar presente na Câmara Municipal da cidade. "É importante a gente conhecer e poder participar dos processos", diz ele, ao ressaltar a importância da conscientização da sociedade sobre o que está acontecendo com a sociedade a partir da transformação da natureza.

A expectativa é agora poder participar de uma associação de recicladores em nível regional, com a instalação de um aterro consorciado, a ser construído na cidade de Caririaçu. A discussão já tem mais de cinco anos, mas até o momento o projeto não foi iniciado de fato. O aterro irá congregar 10 cidades da região.

Além do trabalho junto à associação, também é realizada atividade educacional com os catadores do na sede do engenho. Eles recebem aulas de alfabetização e também a visita semanal de um médico. Conquistas que há alguns anos eram inimagináveis. O trabalho de compensação ambiental é outra proposta do Engenho do Lixo, já responsável ao longo da sua existência, pelo plantio, pelos próprios catadores, de mais de mil mudas de árvores, principalmente frutíferas, em Juazeiro.

Seu Alvino desenvolveu um trabalho que pode parecer apenas simbólico, diante dos estragos causados nos últimos anos, com a poluição do rio Salgadinho. Ele realiza a retirada de lixo do local. "Tudo que se possa imaginar as pessoas depositam no rio, na natureza", diz ele, ao ressaltar que ainda falta muito se melhorar em termos de conscientização.

O que se tem feito pela natureza, conforme o presidente da associação, ainda é muito pouco diante dos estragos causados. A experiência de um leigo que tem aprendido com a lida direta com os resíduos sólidos, conforme Alvino, tem sido importante em sua vida. Para ele, o pouco do que tem aprendido, compartilha com estudantes de escolas públicas e privadas do município e região do Cariri, além de universidades, de onde tem sido bastante requisitado. Já recebeu premiações de empresas multinacionais, como a Nestlé, como reconhecimento do seu trabalho, além da doação de equipamentos para aprimorar e multiplicar suas atividades.

Tanto o compactador de lixo e a máquina de processamento do óleo foram recompensas do trabalho, que hoje facilita as atividades. Antes eram processados apenas 200 litros de óleo para a comercialização junto à empresas como as de sabão. Hoje, são 1.500 litros. O trabalho também conta com parceria da Secretaria de Meio Ambiente de Juazeiro do Norte. Para Alvino, outro aspecto importante tem sido a participação em conferências, eventos e conhecer as políticas públicas de resíduos sólidos no Brasil. Ele destaca o assento aos catadores, pessoas que tem dado uma grande contribuição nesse processo de reciclagem do lixo. Ano passado, chegou a participar de conferências como representante de Juazeiro do Norte e da região do Cariri. Apresentou, durante o mês de outubro, o seu projeto em Brasília.

Para Alvino, a questão do lixo na região e principalmente na maior cidade, tem sido difícil de ser enfrentada. Ele avalia que o desafio agora é ter que implantar junto com a secretaria municipal, a coleta seletiva de lixo. "Acho que estamos fazendo a nossa parte e somos 40 catadores que sobrevivem do material do galpão", afirma ele.

Fonte: Diário do Nordeste



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