Juazeiro do Norte (CE): Transporte para a Colina do Horto é inseguro

Pneus carecas, má acomodação interna, lotação acima do permitido e, em alguns casos, falta de segurança. Esse é o perfil de veículos que fazem o transporte de romeiros, visitantes e moradores da Colina do Horto, um dos pontos turísticos mais visitados deste município. Diariamente, ônibus, vans e caminhões pau-de-arara trafegam por um percurso íngreme, repleto de curvas, levando no interior dos veículos pessoas curiosas em conhecer o local onde funciona o Museu Vivo do Padre Cícero.

Lá, há cerca de um século, existia o Casarão do Horto, onde o sacerdote realizava seus momentos de meditação e convivia com pessoas mais próximas. A movimentação no local cresce demasiadamente em período de romarias, aumentando, desta forma, a possibilidade de acidentes devido à precariedade de alguns veículos.

Em 2006, um ônibus que transportava cerca de 50 crianças pegou fogo por causa de problemas mecânicos. O acidente só não se transformou em tragédia por causa do motorista que, ao perceber o início do fogo, ordenou que as crianças saíssem do veículo. Antes que as chamas chegassem ao interior do ônibus, o motorista também conseguiu sair do carro que acabou despencando da colina, indo parar cerca de 150 metros distante da estrada.

Vítimas fatais
No ano seguinte, um caminhão F-4000 desgovernado, carregado de garis a serviço do município, chocou-se contra um dos coletivos da empresa Bom Jesus do Horto, que faz a linha de passageiros no bairro. Oito pessoas acabaram morrendo devido à gravidade do acidente. Motoristas de veículos de passeio também acabam sofrendo acidentes no trecho por causa da má condição dos automóveis. "O trecho de acesso à Colina do Horto é muito perigoso, se o carro de passageiros não estiver em plena condição de trafego, é provável que um acidente acabe acontecendo", avalia o motorista de uma das empresas de ônibus que regularmente realizam o transporte de romeiros e visitantes ao local.

Conforme o profissional, embora a movimentação neste período ainda seja fraca, há veículos que chegam ao pátio do estacionamento apresentando aspectos de falta de revisão e necessidade de troca de pneus e reparos internos.

"A gente cansa de ouvir colegas motoristas que trabalham em empresas menores reclamando da falta de revisão dos carros ou, ainda, de problemas na parte mecânica, como caixa de embreagem e freio, por exemplo", diz o motorista, que prefere não ser identificado.

Para o ambulante Cícero Francisco da Silva, que todos os dias trabalha na área do estacionamento da colina, alguns veículos realmente apresentam características de sucateamento.

"Tem caro de tudo quanto é jeito. A maioria dos veículos, hoje em dia, são novos. Mas tem carro velho também que vem pra cá com muita gente dentro", diz ele.

Além dos ônibus, outra preocupação é a quantidade de carros pau-de-arara repletos de romeiros e visitantes estacionados no local.

Embora a maioria dos carros não ofereça a mínima garantia de segurança para quem utiliza este meio de transporte, muitos romeiros dizem preferir realizar o deslocamento à Colina utilizando os veículos, ao invés de ônibus ou carros mais confortáveis.

"O romeiro que paga promessa tem que andar é de pau-de-arara mesmo. A gente sabe que pode acontecer acidente. Mas faz parte da tradição do romeiro", ressalta a agricultora Maria Nardeli de Lima, natural da cidade de Assaré.

Para Cícero Manoel Gonçalves, que trabalha no Horto há mais de dez anos, o problema em torno da existência de carros supostamente sucateados persiste devido à falta de fiscalização por parte das autoridades de trânsito no município. Ele alega que agentes do Departamento Municipal de Trânsito quase não são vistos no local e, quando há acidentes, demoram a chegar para auxiliar no resgate de vítimas ou para organizar o trânsito na área dos sinistros.

"Quase não aparece gente do Demutram por aqui. Quando aparece, ficam menos de dois minutos. Não tem fiscalização por aqui, não", afirma.

O diretor do Departamento Municipal de Trânsito de Juazeiro do Norte, Jesualdo Alves Duarte, nega que a fiscalização não aconteça no local. Segundo ele, o número de servidores é pequeno, o que dificulta a permanência de agentes de trânsito na Colina do Horto, objetivando a fiscalização dos veículos que fazem o transporte de passageiros com maior frequência.

"Nós só possuímos 96 agentes. Deste total, 32 atuam no serviço interno. Até o mês de junho, será realizado concurso público para criação de cerca de 100 novas vagas para agente de trânsito no município ", informa o diretor do órgão.

Jesualdo Alves afirma que o Departamento de trânsito tem realizado blitze em diversos pontos da cidade e que, quando comprovada irregularidades, os procedimentos legais são realizados. "Sempre que comprovada irregularidade é feito o procedimento segundo o que determina a legislação em vigor", diz ele, ressaltando que diversos veículos já foram apreendidos e recolhidos ao pátio do Demutran. "Há muitos veículos apreendidos. Inclusive, vans que faziam o transporte de passageiros à Colina do Horto", concluiu o diretor, informando, ainda, que determinará a ampliação de fiscalizações na região do Horto.

Mais informações
Departamento Municipal de Trânsito
Rua Beata Maria de Araújo, S/N, Bairro Romeirão
Juazeiro do Norte
Telefone: (88) 3566.1044

ROBERTO CRISPIM
COLABORADOR

Fonte: Diário do Nordeste



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