860 profissionais do 'Mais Médicos' devem chegar ao CE em março

Há dois meses, a rotina da médica cubana Ordaliz Hernandez se divide entre o apartamento em que vive na  Avenida Beira-Mar, em Fortaleza, e o consultório do posto de saúde no Bairro Conjunto Palmeiras. Ela é uma das 97 profissionais do Programa Mais Médicos, do Governo Federal, que atuam na capital cearense. Ela saiu de Cuba sem falar português, mas atualmente se comunica bem com os pacientes. “Eu entendi tudo o que ela falou, é só prestar atenção”, diz a dona-de-casa Vera Núbia.

Um total de 572 profissionais do Mais Médicos atuam hoje em 155 municípios do Ceará, a maioria cubanos. O Governo Federal prevê a chegada ao Ceará de mais 860 médicos até o fim do mês de março. Onze profissionais contratados pelo programa estão em treinamento e devem começar a trabalhar ainda neste mês de janeiro, em Fortaleza. Para a Prefeitura de Fortaleza, essa é a melhor forma de ter médicos em bairros mais carentes da capital.

Os profissionais que participam do programa Mais Médicos têm direito à hospedagem, alimentação e uma bolsa de  R$ 10 mil mensais. No caso dos cubanos, o dinheiro vai para o governo de Cuba, que repassa  R$ 2.400 ao médico. Ordaliz Hernandez deixou os filhos na ilha, veio apenas com o marido, também médico e não reclama de ficar sem a bolsa integral. “Nós estamos preparados, como médicos humanistas [para atender a população]. Para nós é muito importante a saúde das pessoas, o bem-estar delas”, diz, em português com sotaque carregado.

Dos quatro médicos trabalham no Posto de Saúde do Conjunto Palmeiras, dois são cubanos. Pacientes usuários aprovaram a chegada dos estrangeiros, que diminuiu o tempo de espera pelo atendimento. “Eu já ouvi vários elogios ao atendimento desses médicos estrangeiros, eles são mais prudentes e mais pacientes”, relata o aposentado Anildo Jerônimo.

Carência
O coordenador do Mais Médicos de Fortaleza, José Carlos Filho,  acredita que a vinda dos médicos estrangeiros para o Brasil é uma boa saída para atender à demanda dessas áreas mais pobres. “Há uma carência muito grande desses profissionais. Hoje em dia, os nossos médicos têm prioridade de vida voltada para a atenção especializada, para o consultório particular”, constata.

Mas se o atendimento médico nos postos de saúde melhorou, outros problemas continuam a existir, como a falta de medicamentos e de infraestrutura dos postos. No município de Pacajus, situado na Grande Fortaleza, a médica cubana Anaí Hernandez tem que atender pacientes em nove comunidades onde a falta de medicamentos e dificuldade para a realização de exames são frequentes. “Venho para cá todos os dias, trabalho em diferentes comunidades e até agora não tive problemas. A princípio a conversa foi mais complicada, mas agora está sendo muito boa”, diz a médica cubana.

Fonte: G1



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