Crato (CE): Município inova com novo modelo de cisternas para o semiárido

No semiárido pode até ter pouca água em tempos de seca, mas a criatividade supera a dificuldade em busca de novas alternativas de vivência no sertão. E o Cariri passa a ser referência com um novo modelo de cisterna, aproveitando a captação da água com maior eficiência, possibilitando diversidade de plantios em forma de mandalas em torno da cisterna Chapéu de Padre Cícero.

Assim ficou conhecida a nova alternativa que vem sendo experimentada desde 2010 e recentemente adotada pelo Banco de Tecnologias Sociais do Banco do Brasil.

Com isso, a Associação Cristã de Base (ACB), em Crato, desenvolveu a técnica que agora poderá ser financiada para produtores e moradores do semiárido do Brasil. O prêmio de certificação digital foi repassado à entidade, pela Fundação Banco do Brasil para as melhores tecnologia sociais do país. O trabalho foi desenvolvido pelos técnicos a fundação, e a primeira experiência aconteceu na cidade de Nova Olinda, na serra do Araripe. A escolha de 192 experiências, dentre elas a do Cariri, aconteceu entre 1.011 inscrições de projetos de todas as áreas do Brasil. As que foram identificadas como tecnologia social, passaram a fazer parte do banco de tecnologias. A metodologia desenvolvida é disponibilizada gratuitamente, por meio de um cadastro on line.

Formato
De acordo com o técnico da entidade, Francisco de Assis Batista, as informações também poderão ser repassadas pelos próprios técnicos da fundação aos que se interessarem fazer a nova forma de cisterna. Os técnicos já chegaram, inclusive, a receber na região, pessoas interessadas em ver o novo modelo. Por ter um formato de chapéu, parecido com o usado pelo Padre Cícero, recebeu o seu nome.

A experiência com o novo modelo não diferencia muito do processo de captação da cisterna calçadão. Segundo o técnico há uma economia maior de materiais como cimento, no formato externo, além de diminuir a área de cobertura do solo, antes até utilizada para a secagem dos produtos retirados do cultivo. Já são quase 80 cisternas que serão construídas nesse sistema por meio de financiamento, com investimentos que vão de R$ 8 mil a R$ 10 mil, para um armazenamento de até 54 mil litros de água. As primeiras serão construídas em quatro municípios da região.

Um projeto aprovado com a Petrobras Ambiental para a construção de mais 85 cisternas, já está em execução, por meio da coordenação da entidade na região. Criada a partir da experiência da cisterna-calçadão, a Cisterna Chapéu de Padre Cícero tem como principais objetivos garantir a otimização do espaço cultivável em pequenas áreas a médio e longo prazo, além de reduzir o impacto ambiental que a cisterna retangular causa em sua implementação.

A cisterna calçadão circular foi adaptada com outras técnicas no Cariri e se transformou na cisterna Chapéu de Padre Cícero, como forma de promover uma identidade regional para a nova técnica adotada.

Aproveitamento
A nova técnica reúne os sistemas das cisternas de placa e calçadão, além do aproveitamento da água do telhado que dá uma capacidade maior de captação. O sistema passou a ser adotado a partir da observação do aproveitamento das cisternas calçadão anteriores, onde estava havendo o desperdício da água que caía dos telhados.

Em torno dessas cisternas de forma circular, existe o plantio de algumas culturas, como forma de aproveitamento do sistema. No caso da cisterna implantada em uma Associação Comunitária da Serra do Catolé, na Chapada do Araripe, foram iniciados os cultivos de mandioca e palma para o gado.

Experiência
A experiência coletiva atendeu, inicialmente, 15 famílias que participam do trabalho da casa de farinha e sobrevivem do processamento do produto no local. Nos dias de feira no Crato, a goma e a farinha de mandioca são comercializadas.

A ideia era captar água com mais eficiência. Os técnicos da Associação Cristã de Base, do Crato, observaram que a cisterna calçadão poderia ter uma melhor forma de aproveitamento da água. Até aí, o que descia do telhado e poderia ir para a cisterna não estava sendo aproveitado. E era muito mais desperdício do que a absorção do sistema de calçadão.

A cisterna em formato circular e com um cone no meio acumula de 50 a 54 mil litros, capta água da chuva do telhado, do calçadão e insere o sistema mandala. A ACB tem trabalhado com cerca de 20 municípios da região. O trabalho foi desenvolvido com o envolvimento inicial da Cáritas Diocesana e da ACB, que inicialmente era unidade executora e continua agora como gestora, também com projeto junto ao governo do estado para implantação de cisternas. (RC)

Mais informações
Cáritas Diocesana
Diocese do Crato
Rua Coronel Antônio Luiz 1068, Centro 
Telefone: (88) 3521.8046

ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste



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