Região do Cariri guarda fósseis raros e preservados

O Crato é um município com mais de 120 mil habitantes e está entre os mais desenvolvidos e antigos do Ceará. Ele fica localizado na região do Cariri, onde também está a Chapada do Araripe, que tem 160 km de comprimento e 50 km de largura, formada há mais de 150 milhões de anos. Nesta sexta-feira (15), a reportagem de biologia do Projeto Educação mostra que o local é um parque de diversão para quem está a procura de fósseis e guarda verdadeiras preciosidades.

A formação da Chapada remete à época da pangeia, quando todos os continentes ainda eram unidos. “Quando a América do Sul estava se separando da África, gerou muita instabilidade no interior do continente, abrindo grandes rachaduras e crateras. Ao longo do tempo, elas foram preenchidas por sedimentos e por biodiversidade, que recontam a história do nosso planeta”, destacou o professor Geraldo Moura.

Apesar de estar no meio do semiárido nordestino, o Cariri tem vegetação farta, é chamado de “oásis do Sertão”. A região é conhecida pela riqueza geológica do período cretáceo, com fósseis de 90 a 150 milhões de anos muito bem preservados. Numa pedreira que explora o calcário da região, Moura investigou como era o ambiente há 120 milhões de anos.

“Aqui, temos a teoria de sobreposição de camadas. Poderíamos contar a historia geológica, geográfica e biológica de um paredão rochoso analisando as rochas, das mais baixas para as mais altas, ou seja, das mais antigas para as mais novas. Em segundo lugar, a teoria dos bioindicadores, pois a presença de seres vivos-chave representa uma ferramenta indiscutível e inquestionável sobre qual ecossistema ficou registrado nas rochas. Será que é um oceano, uma floresta, um lago, um deserto? Isso vamos descobrir através da análise dos fósseis da região”, comentou Geraldo.

Para ver as camadas mais baixas – e mais antigas – só é preciso descer para os outros níveis da pedreira. “Registra muitos fósseis, não tem mais nada de matéria orgânica, pois ela foi trocada por minerais, que estão preservados esperando para serem descobertos”, disse o professor. No local, o professor encontrou um fóssil de peixe, o que indica que o ambiente era aquático. Mas será que de água doce ou salgada?

Para responder à pergunta, é preciso procurar outros fósseis. Guardados no Museu de Paleontologia de Santana do Cariri, o professor encontrou três fósseis de sapos, que não toleram sal. “Aqui estamos no meio de um grande lago, existente no Brasil há 120 milhões de anos, o maior das Américas, que se destaca pela qualidade e diversidade de fósseis. Temos representantes de todos os reinos da biodiversidade, com mais de 300 animais e 200 espécies vegetais registrados. Um lago de águas calmas, extremamente doce, que pode ser comprovado pela presença do calcário laminado, que só se forma em ambiente de baixa energia, através da precipitação química em água doce”, explicou o professor.

A biologia explica ainda que o lago tinha águas muito tranquilas. Os animais mortos iam para o fundo e eram cobertos por sais minerais, por isso não entravam em decomposição, eram fossilizados. Dentre as descobertas da região do Cariri, está o Santanaraptor placidus, um dinossauro carnívoro que podia chegar a 2 metros e meio de altura.

Fonte: G1



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