Casa do Ceará em Brasília comemora 50 anos e homenageia caririense

Foi uma festa de cearenses em grande estilo. Uma baita comemoração dos 50 anos da Casa do Ceará em Brasília, nas suas dependências da 909/910 Norte, quando o jantar de confraternização reuniu cerca de 750 pessoas, para uma expectativa inicial de 450, participando familiares dos 150 homenageados, de 55 municípios cearenses, que estão no livro “50 Anos da Casa do Ceará em Brasília”, elaborado para marcar a data, e financiado pelo grupo empresarial M. Dias Branco. A presença de Ivens Dias Branco com esposa e filhos destacou evento.

Foram lembrados os 28 fundadores, cujos nomes foram nominados, e lido os nomes dos 150 homenageados.

Coube ao ex-presidente e fundador da Casa, jornalista Fernando César Mesquita, saudar Ivens Dias Branco e lhe entregar o 1º livro, assinalando a forte ligação entre a Casa e o grupo M. Dias Branco, que financiara em 2010 o livro que marcou os 50 anos de Brasilia, quando foram homenageados outros 150 cearenses. Ivens agradeceu lembrando o espirito empreendedor dos cearenses, sua disposição para enfrentar e superar desafios, a presença deles na construção e consolidação de Brasilia e assinalando a alegria de participar dos esforços da Casa do Ceará em Brasilia para se consolidar como instituição símbolo dos cearenses.

O governador Cid Gomes, presidente de honra da Casa, várias vezes citado pela decisão de apoiar o projeto Fausto Nilo, da nova Casa a ser implantada, mandou mensagem, justificando sua ausência, o mesmo fazendo o ex-governador Gonzaga Mota.

Na oportunidade, dentre outros homenageados, destaca-se o reconhecimento por parte da Casa do Ceará a Elmano Rodrigues Pinheiro, natural de Farias Brito, idealizador do "Padarias Espirituais", que por meio do projeto já doou mais de 1 milhão de livos para as bibliotecas do Ceará e do Nordeste.

Perfil do homenageado
Elmano Rodrigues Pinheiro nasceu em Farias Brito, em 31 de agosto de 1949, filho de Enoch Rodrigues, do Crato, fazendeiro, comerciante e pecuarista, e Maria Carmosina Pinheiro Rodrigues, de Assaré, professora.

Fez o curso primário com as professoras Maria Carmelita Leite, Maria Gracildes Ribeiro, Maria Lisieux Costa Araújo e Isaulina Roque.

Aos 8 anos, perdeu o pai, Enoch, que por sua vez fora prefeito de Farias Brito, pelo PSD, e que foi brutalmente assassinado em 16 de fevereiro de 1958, durante uma apresentação de carnaval, a mando dos chefes políticos de Santana do Cariri, o feito consumado pelo pistoleiro Pedro Tenório Cavalcanti, de Duque de Caxias, do Rio de Janeiro, responsável também pelo assassinato do delegado Imparato  que andou investigando os crimes praticados pelo famoso Tenório Cavalcanti na Baixada Fluminense e que se dizia imbatível com sua “lurdinha”.

Órfão com sete irmãos, Normando, José Rodrigues, Eliane, Sonia, Marcia e Gutenberg, viu sua mãe casar-se pela segunda vez com Jales Pinheiro, e, com ele, ganhou mais quatro irmãos, Joilson, Jansen, Janson, e Jader.

Começou o curso ginasial no Colégio Diocesano do Crato e concluiu no Ginásio Enoch Rodrigues, nome do seu pai e implantado com a ajuda da comunidade por sua mãe, Maria, que contou com o apoio daquele que mais tarde seria desembargador, José Maria de Melo.

Para tirar o peso de cima de sua mãe, com Normando e Eliane, Elmano foi para a casa da sua tia, irmã de sua mãe, Lourdes, que morava no Cosme Velho e trabalhava na Justiça do Trabalho.

Logo conseguiu o primeiro emprego como faxineiro na agência de propaganda de um cearense, Aroldo Araújo, que foi agência média na década de 60, mas ali conheceu o que chamou de segundo pai, Gianvittori Calvi. Este era desenhista, gravador, pintor, diretor de arte na Agencia, e depois criou sua própria  agência, Casa do Desenho, na Tijuca. Gian Calvi, como era mais conhecido, ensinou toda a arte da produção gráfica que Elmano captou e, com isso, ganhou projeção no mercado publicitário carioca, indo trabalhar na Grant Publicidade, com Thomas Burnett, que detinha a conta da Souza Cruz. Depois, foi trabalhar na JMM, João Moacir de Medeiros, detentora da conta do Banco Nacional; e na JE, de Jorge Eduardo e Alvaro Pires, que mais tarde se fundiu com a Krastup Publicidade.

Já mais bem encaminhado, concluiu o curso colegial no colégio Antônio Prado Júnior, na Tijuca, e fez vestibular para a Faculdade de Comunicação Hélio Alonso, a FACHA.

Em 1979, veio para Brasília, a convite de Guilherme de La Penha, secretário do Ensino Superior, do MEC, que desembarcou com o ministro Eduardo Portela.

Passou pelo Conselho Editorial do Conselho Nacional de Pesquisas (CNPQ), em 1981, concluiu o curso Superior no CEUB e foi trabalhar na Editora da Universidade de Brasília, onde ficou por 32 anos, como produtor gráfico, contribuindo para consolidar o prestígio da Editora pela qualidade de suas publicações. Mesmo depois de aposentado, continuou nas mesmas funções na UnB.

Há 15 anos, em 1998, Elmano lançou-se em novo desafio de vida – disseminar bibliotecas e distribuir livros pelo Brasil.

Pelos seus cálculos, já distribuiu pelo País mais de l milhão de livros para mais de 200 bibliotecas, das quais para umas 50 do Ceará. Admite que só para Juazeiro do Norte mandou mais de 70 mil livros. Criou o projeto Padarias Espirituais, uma Fundação que leva o nome do seu pai, Enoch Rodrigues, e um lema “A cidadania através da leitura”. Sem pedir dinheiro a ninguém, mas só livros e transporte, Elmano bate à porta de quem tem livros e os redistribui pelas bibliotecas do Nordeste. Muitas carretas deixaram Brasília naquele rumo, algumas fretadas pelas próprias prefeituras que mandam pegar os livros onde Elmano os encaixota.

“Os municípios do Cariri conhecem o meu trabalho voluntário.”

O Correio Braziliense (11/01/2011), quando descobriu suas façanhas, Leilane Menezes escreveu: “O Distribuidor de Cultura. Por iniciativa própria, sem qualquer subsídio, um funcionário púbico envia livros para comunidades carentes do Nordeste. Multiplicador de conhecimento, ele ajuda a ampliar horizontes de muita gente”.

Na revista Darcy, da UnB (nov./dez. de 2010), João Campos escreveu: “O Sertão vai virar livro. Esta é a história de um servidor da UnB, que teve uma boa ideia e um caminhão partindo de Brasília rumo ao Ceará. Como ela vai terminar, nem o padim Ciço saberia dizer”.

Elmano Rodrigues Pinheiro casou-se pela primeira vez com a jornalista, professora e escritora Samira Abrahão, com quem teve um filho, Elmano Rodrigues Pinheiro Filho, hoje com 34 anos, engenheiro da ANATEL, trabalhando em Brasília. Pela segunda vez casou-se com Alcimena Vieira Botelho, cearense de Antonina do Norte, com quem tem uma filha, Maira Botelho Rodrigues Pinheiro, que compartilha com minha determinação.

Elmano não para um minuto. É comum vê-lo com sua camionete em prédios residenciais e públicos recolhendo livros. Vai juntando até encher uma carreta.

Muitos prefeitos do Ceará o procuram atrás de livros.

Depois de colaborar com a Ensinamento Editora, que tem como carro-chefe a literatura de cordel, está ajudando a lançar o Projeto o “Livro na fila, um jeito de tornar a espera agradável” e espera alcançar bancos, clínicas médicas e dentárias. “O livro precisa ir onde o leitor está.” Vamos chegar lá.

Foto: Arquivo Pessoal

SAMUEL PINHEIRO (com informações da Casa do Ceará)



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