Cid Gomes usa reforma de secretariado para demitir secretário da Segurança

Justificada por pretensões eleitorais insuspeitas para quem nunca pertenceu a partido político, a saída do coronel Francisco Bezerra do comando da Segurança Pública representa mudança de rumo na secretaria que mais desgasta o governo Cid Gomes (PSB) desde o ano passado.

Até aliados pressionavam pela substituição e, em entrevista veiculada ontem pelo programa HoraK, na TVC, o próprio irmão do governador, Ciro Gomes (PSB), defendeu a necessidade de alterações. A troca de secretário dentro do pacote da reforma administrativa e a justificativa eleitoral não disfarçam a enorme pressão que havia por mudanças no setor mais crítico da administração estadual, em cenário de violência crescente.

Por causa dos números da violência, a substituição do coronel da SSPDS é aprovada por entidades representativas de policiais civis e militares, Ministério Público, sociedade civil e por pesquisadora dos direitos humanos ouvidos pelo O POVO. Todos reclamam da falta de diálogo.

“Os números demonstram que esta gestão é uma tragédia, um genocídio. Espero que o próximo secretário seja uma pessoa que possa dialogar”, diz Pedro Queiroz, presidente da Associação de Praças da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (Aspramece). O presidente da Associação dos Cabos e Soldados, Flávio Sabino, cita que o coronel Bezerra nunca recebeu representantes da categoria para dialogar. “Em quase três anos de gestão, o secretário não conseguiu colocar nem um projeto novo de segurança pública. Apenas deu continuidade a um sistema que já vinha sendo falho”,

A nova gestão da SSPDS “não vai ter uma missão fácil”, avalia o vereador Capitão Wagner (PR), presidente da Associação dos Profissionais de Segurança Pública do Ceará. “O secretário (Bezerra) deixou situação caótica”, diz. Por isso, indica o presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Ceará (Sinpoci), Gustavo Simplício, seria melhor assumir a pasta um civil.

Na avaliação da professora Glaucíria Mota Brasil, coordenadora do Laboratório de Direitos Humanos, Cidadania e Ética (Labvida), da Universidade Estadual do Ceará (Uece), os dirigentes da SSPDS “não são admirados pela tropa”. “Eles não têm legitimidade”, opina. Ela salienta a necessidade da criação de um plano de segurança que seja transparente. “Não sabemos qual o plano de segurança pública. Se existe, não foi divulgado”, diz a professora.

Para a criadora do grupo Fortaleza Apavorada, Eliana Braga, o futuro gestor precisará “conversar com os dois lados (policiais e sociedade civil), saber onde está a falha e procurar corrigir o que nunca foi corrigido”.

O promotor Iran Sírio, coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias Criminais, Júri e Controle Externo da Atividade Policial, do Ministério Público, considera que a segurança necessita de plano e resultado concretos. “Vejo que o governador talvez queira mudar para a construção de política de segurança que atenda aos anseios do Ceará de um estado mais seguro”.

Via Facebook, o governador informou que se reúne segunda-feira com os novos secretários para definir as diretrizes de cada pasta.

Fonte: O Povo



AddThis