Snowden recebe asilo temporário de um ano e entra na Rússia

O técnico em informática Edward Snowden, que revelou o esquema de monitoramento de dados de internet e telefones feito pelos Estados Unidos, recebeu nesta quinta-feira asilo temporário da Rússia por um ano e deixou o aeroporto de Sheremetyevo, em Moscou.

Ele estava há 39 dias no terminal, desde que deixou Hong Kong em 23 de junho, um dia após os Estados Unidos pedirem sua extradição para ser julgado por roubo de informações confidenciais e espionagem. Caso processado, poderá pegar até 20 anos de prisão.

Segundo o advogado russo que cuidava do caso, Anatoly Kucherena, o Serviço Federal da Imigração da Rússia entregou nesta quinta os documentos do asilo temporário, que será de um ano. Ele afirma que o delator já deixou Sheremetyevo e foi para um local seguro.

No entanto, o site WikiLeaks, que tem assessorado Snowden, disse em mensagem no microblog Twitter que o informante recebeu status de refugiado. Nenhuma das duas versões foi confirmada oficialmente pelo governo russo. Os Estados Unidos ainda não comentaram a decisão.

Com isso, Snowden consegue entrar na Rússia após 39 dias morando em um hotel na área de trânsito de Sheremetyevo. Nesse período, ele pediu asilo a mais de 30 países, incluindo o Brasil, mas só havia conseguido permissão de Bolívia, Venezuela, Equador e Nicarágua.

Snowden, 30, trabalhava para a Agência de Segurança Nacional americana (NSA, sigla em inglês) como funcionário terceirizado da empresa Booz Allen Hamilton. Ele revelou detalhes sobre programas de espionagem à mídia britânica e norte-americana, que publicaram as informações no início de junho.

A NSA, cujo material foi divulgado por Snowden, é uma das organizações mais sigilosas do mundo. De acordo com as informações apresentadas pelo delator, a agência monitorou os registros de ligações de milhões de telefones da Verizon, segunda maior companhia telefônica dos EUA.

Também foram verificados dados de usuários de internet de todo o mundo em empresas de internet como Google, Facebook, Microsoft e Apple. O escândalo causou críticas ao presidente Barack Obama, que combateu a espionagem feita pelas agências quando fazia oposição ao republicano George W. Bush.

As denúncias também causaram irritação de governos de diversos países, incluindo o Brasil. A NSA manteve em Brasília uma de suas centrais de seu programa de vigilância, o que provocou protestos e críticas do governo federal.

Devido às denúncias, o governo brasileiro estuda exigir às maiores empresas de internet que mantenham seus centros de processamento de dados no país, a fim de aumentar o controle sobre a informação que pode ser acessada pelo governo americano.

Fonte: Folha.com



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