Juazeiro do Norte (CE): Polêmica das vassouras repercute no País

A Câmara de Vereadores, neste município, volta a ser palco de escândalos na política nacional. Dessa vez, a compra de materiais de limpeza, alimentos e expediente chama a atenção pela quantidade exagerada.

A denúncia foi contra o presidente da casa, Antônio Alves de Almeida (PSC), o Antônio de Lunga, feita pelo vereador Danty Benedito (PMN). Ele aponta um suposto esquema de desvio de dinheiro público do Legislativo, que conta apenas com uma cantina e não tem espaço para tanto material adquirido.

Entre os produtos estão 4.200 vassouras e mais de 2,5 toneladas de sabão. O parlamentar ainda acusa a compra com notas frias. O caso foi protocolado junto ao Ministério Público para ser analisado, e o vereador pede o afastamento do cargo do presidente, para investigações.

Excesso
Durante a sessão em que houve as denúncias, na terça-feira, vários vereadores se pronunciaram, pedindo o esclarecimento dos fatos. Ainda relacionado às compras, estão inseridos no montante dos produtos, 1,2 tonelada de açúcar, 312 mil unidades de óleo de peroba, 2.500 caixas de fósforo, 33.600 lãs de aço, 215 mil copos descartáveis de café, 670 mil folhas de papel A4, 2.400 unidades de lustra móveis, 3.216 unidades de detergentes, 1.428 unidades de água sanitária, 15 mil sacos de lixo, além de pastas de dente, sabonetes, entre outros produtos.

O presidente da Câmara não tem noção de quanto tempo o material poderá durar. Ele afirma que o que comprou teve que ser transferido do anexo do Legislativo, por suspeitas de assalto no local, em maio deste ano. Chegou a registrar boletim de ocorrência e alugar o local, onde atualmente está a mercadoria, na Rua Maroli Gomes, 53, no Parque Antônio Vieira, em um pequeno armazém alugado em nome da Câmara. Ele ainda disse que o gasto no primeiro semestre da Casa Legislativa foi baixo em relação à administrações anteriores. De janeiro a julho, foram gastos com material de expediente e manutenção pouco mais de R$ 78 mil. Na sessão de ontem, ele voltou a prestar contas do material comprado

Para o vereador Danty, há uma necessidade de investigação em relação ao que ele chama de irregularidades. Ele protocolou a denúncia junto ao Ministério Público, que deverá apurar o caso. O material foi comprado entre os meses de março e junho e duas empresas venceram a licitação, mas o autor da denúncia afirma que não viu esse material entrar na Câmara.

O vereador Cláudio Luz (PT) recomenda que sejam feitas as investigações devidas, antes de ser tomada qualquer decisão.

Inconformismo
Não houve pedidos de formação de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar o caso, até o momento, mas o clima esquentou, já que vereadores não se conformam com o que foi descoberto na Casa Legislativa, a exemplo do vereador Darlan Lobo (PMDB). Ele defendeu, até, o fechamento da Câmara. Disse que não aguenta mais ser perguntado, nas ruas da cidade, pelas vassouras e o sabão.

O vereador chegou a apelar para o Ministério Público realizar uma intervenção no Legislativo. O presidente da Câmara nega que tenha ocorrido compra irregular e que poderá prestar contas de todos os produtos que foram adquiridos. Ele disse que tem à disposição na Casa todas as notas fiscais referentes aos materiais adquiridos para a limpeza, alimentos e expediente. "As vassouras são para varrer e o sabão para limpeza. Além disso, ao chegar no Legislativo, a primeira coisa que vi foi pasta e sabonete nos banheiros", explica o vereador.

Foram cinco empresas concorrentes no processo licitatório realizado para a compra dos produtos de limpeza. Lunga afirma não saber o nome delas e que houve o processo dentro da transparência exigida pela Câmara Muncipal.

Notas frias
Quanto às notas frias denunciadas por Danty, ele disse não ter conhecimento, já que não é sua função investigar a empresa para saber se ela paga impostos ou não. "Simplesmente, a empresa venceu a licitação e terá que prestar esclarecimentos à Receita Federal", afirma.

Os produtos, por não haver espaço suficiente na Câmara e nem tão pouco no anexo da Casa, estão armazenados em um local de propriedade particular, há pelos menos 4 quilômetros da Poder Legislativo.

Em relação à quantidade considerada exagerada das compras, o presidente do parlamento disse que não tinha noção do montante. "Quem tem comércio quer vender e agora vamos usar esse material, que poderá dar até para outras gestões, sem que tenhamos que realizar licitações de forma constante", diz ele.

Afastamento
O vereador Danty Bezerra destacou a importância do afastamento do presidente da Casa para que sejam feitas as devidas investigações, além do bloqueio dos bens de Lunga. Para ele, todo esse material comprado não corresponde ao real consumo do Poder Legislativa, no que seria uma evidência de ato irregular por parte de Antônio de Lunga.

O vereador também protocolou, na manhã de ontem, na Delegacia de Polícia Civil, o pedido de investigação contra os atos do presidente da Câmara. Qualificou de formação de quadrilha o esquema de compra de materiais de consumo, notas frias e empresas fantasmas.

Exagero
4,2 mil vassouras foram compradas pela Câmara Municipal, após processo licitatório. Vereadores apontam quantidade como acima da necessidade para a Casa

312 mil unidades de óleo de peroba estão entre os milhares de produtos adquiridos pelo legislativo e estocados em um prédio particular alugado

Assista reportagem do Bom Dia Brasil (Rede Globo):


Maiores informações
Câmara Municipal de Juazeiro do Norte
Rua do Cruzeiro, 217 - Centro 
Telefones: (88) 3511-1976 / 3511 2465 

Fonte: Diário do Nordeste



AddThis