Juazeiro do Norte (CE): MP avalia deficiências dos hospitais públicos

As deficiências no atendimento os usuários da saúde, neste município, estão sendo inspecionadas pelo Ministério Público Estadual. Hospitais da cidade estão sendo percorridos para se constatar nos próprios locais como a população está recebendo os serviços, além das condições físicas e de recursos humanos.

As constatações de abandono foram relatadas pela promotoria, que destacou o estado de gravidade em que se encontra a saúde no âmbito municipal. Em setembro deverá ser realizada audiência pública para se tratar sobre assunto, envolvendo várias instituições.

Até o momento, foram inspecionados em Juazeiro do Norte, o Hospital Regional do Cariri (HRC), que atende casos de alta complexidade, e o Hospital Tasso Ribeiro Jereissati, conhecido como o Estefânia Rocha Lima. Em reunião com a direção do HRC, a promotora de justiça Alessandra Magda Ribeiro disse que grande parte dos problemas de atendimento está relacionada às deficiências ocasionadas à atenção primária e secundária do município. Com isso, as pessoas acabam indo buscar atendimento no hospital regional. A proposta do HRC é atender casos de alta complexidade, e a demanda de atendimento, somente de Juazeiro, aumentou, principalmente após o fechamento do Hospital Santo Inácio, há um ano e meio.

Segundo Alessandra Magna, as primeiras reclamações relacionadas aos serviços de saúde foram referentes ao HRC. "De lá, a gente percebeu que o problema era reflexo do mau funcionamento da rede municipal", avalia. A problemática inicial estava voltada à grande quantidade de encaminhamentos destinada ao regional. Conforme a promotora, essas questões têm prejudicado o HRC, que se propõe a outro tipo de atendimento. A direção do hospital afirma que os casos chegam e não há como deixar de atender às pessoas.

Comprometimento
Para a promotora, esses atendimentos destinados à atenção básica do município acabam gerando o comprometimento do que foi pensado para o hospital regional, no caso das áreas específicas e casos mais graves. Ela avalia que a atenção básica da cidade não tem funcionado bem. No caso do Estefânia, disse que chegou a conversar com profissionais do hospital, pessoas que aguardam atendimentos e os familiares. Mas a inspeção tem a meta de analisar todas as instalações do prédio, a forma de atendimento, demandas, além dos atendimentos, a estrutura de funcionamento, a própria condição de trabalho dos médicos, se há falta de medicamentos ou instrumentos de trabalho, entre outras questões.

O próximo hospital a ser visitado será o São Lucas, onde funciona o atendimento à maternidade, além dos postos de atendimentos do Programa de Saúde da Família (PSF). As reclamações também estão associadas às unidades de saúde e as pessoas resolvem procurar atendimento direto nos hospitais. O MP estadual solicitou a parceria do Ministério Público Federal (MPF), por envolver orçamento do governo federal em algumas áreas de atendimento, desde a última quarta-feira. Primeiramente, está sendo realizado um diagnóstico da situação em que se encontra a saúde da cidade, para em seguida, serem solicitados laudos técnicos e traçadas ações conjuntas.

A audiência pública que deverá ser realizada no próximo mês de setembro, envolverá as duas instâncias do ministério público, estadual e federal, além de setores da saúde do estado, município e governo federal no que diz respeito ao atendimento à saúde. De acordo com a promotora, será enfocada não apenas a questão do atendimento durante a audiência, mas as condições de estrutura física dos hospitais, com laudos técnicos da vigilância sanitária, perícias, já que a pretensão é abordar a problemática da saúde de forma mais ampla. Mesmo com a audiência ainda prevista para acontecer em setembro, a promotora adianta que já estão sendo feitas algumas recomendações, diante do quadro que vem sendo encontrado em alguns equipamentos, como é o caso do Estefânia Rocha Lima. No local, ela constatou problemas relacionados à gestão do hospital, sem uma identificação de quem faria atendimento no rol de entrada, o que pode dificultar os casos de triagem para encaminhamentos. "Acredito que não é uma situação difícil de ser resolvida", afirma.

Mas o que considerou grave, foi verificar uma ala inteira desativada, antes utilizada nas pequenas cirurgias. Há um pavilhão no local ocupado com sucatas de material do hospital e outra com macas. O hospital Tasso Ribeiro Jererissati foi construído há mais de 15 anos, e se encontra com vários problemas. No local, são atendidos cerca de 600 pacientes por dia. Durante uma manhã, por volta das 10 horas, um médico já havia atendido mais de 70 pessoas. A promotora ainda ficou preocupada por perceber o centro cirúrgico do local praticamente desmontado.

Mais informações
Ministério Público do Estado do Ceará
Procuradoria Geral de Justiça (PGJ)
Telefones: : (85) 3452-3781 / 3769
(88) 3571.6182

ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER 

Fonte: Diário do Nordeste



AddThis