Juazeiro do Norte (CE): Denúncia aponta parlamentar Ronnas Motos como mentor intelectual da morte de Amarílio Pequeno e um policial civil

Paulo Víctor lopes, 26, processado como o homem que contratou o pistoleiro para matar o vereador juazeirense Amarílio Pequeno da Silva e, no embalo, acabar executando também o policial civil aposentado Dedé Teixeira, disse à polícia que o autor intelectual dos crimes é o também vereador de Juazeiro do Norte, Ronaldo Gomes de Lira, conhecido na Região do cariri como “Ronnas Motos”.

A equipe de policiais inicialmente encarregada do caso errou feio nas investigações e apontou pessoas inocentes como envolvidas. Aos poucos, a verdade vem à tona.

O duplo assassinato aconteceu no dia 20 de setembro de 2011, na Praça do Giradouro, em Juazeiro do Norte. As vítimas conversavam quando dois homens chegaram em uma moto. O que viajava na garupa desceu do veículo e disparou vários tiros contra o vereador, que morreu na hora. O policial só estava no lugar e hora errada. Por isso, acabou assassinado como queima de arquivo.

Segundo o delegado Francisco Crisóstomo, diretor do Departamento de Inteligência Policial, o plano para a prática do duplo homicídio partiu de fora para dentro da Penitenciária Industrial do Cariri. Uma pessoa manteve contato com o detento Damião Érico Cavalcante Nicolau, vulgo “Damiãozin”. Este usou o celular para falar com Paulo Victor, filho de um coronel da PM, a quem pediu para “arranjar uma pessoa para fazer o serviço”. Victor, então, contratou o pistoleiro Jonatan Marcos de oliveira, também identificado como "Thiago Pernambuco", 22. A confirmação foi feita pelo próprio Victor, na presença de um promotor de justiça.

Os erros
A polícia cometeu equívocos na investigação, levando a justiça a manter, atrás das grades pessoas, que, mais tarde, comprovaram inocência. O primeiro foi o advogado e ex-procurador Geral da Prefeitura de Juazeiro do Norte Irlando Linhares, apontado pelos encarregados das primeiras diligências como autor intelectual dos assassinatos.

Graças à interferência do delegado Francisco Crisóstomo é que ficou constatado, ´posteriormente´, que Irlando não tinha envolvimento com as mortes. Ele passou três meses trancafiado, mas acabou ganhando liberdade dada a inconsistência do apurado nas investigações.

Em seguida, foi cometido o segundo erro por parte da equipe encarregada de desvendar o caso. O vendedor ambulante Cícero Edgar estava lavando as dependências de sua casa em Barbalha, para esperar o filho recém-nascido, quando foi preso acusado de ser o executor do duplo homicídio em Juazeiro. Segundo o delegado Crisóstomo, o garoto foi obrigado a confessar os crimes sob ameaças de policiais, que ainda não foram identificados. Cícero comprovou que, na data do crime, no final da tarde, estava no interior da Bahia, onde foi notificado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) e, consequentemente, não podia estar em Juazeiro do Norte. Mesmo depois de comprovada sua alegação, ele ainda passou 15 dias atrás das grades.

O fio da meada
Ao ser interrogado na superintendência da Policia Civil sobre quem seria o autor intelectual dos crimes, Paulo Victor citou o nome do vereador “Ronnas Motos”. O delegado não acreditou e, então, pediu para que Victor confirmasse a acusação. Nesse momento, o interrogado fez uma ligação telefônica para o assessor do referido parlamentar.

O contato foi acompanhado pelo delegado Cristóstomo através do viva voz. Victor perguntou: “como é mesmo o nome da pessoa que mandou matar o vereador?”. Respondeu o assessor: “Macho, é o Ronnas Motos, já esqueceu, foi?”. Para o delegado, a partir daí, ficou caracterizada a confirmação da pessoa responsável pelo planejamento da execução.

Depois dessa denúncia, o jornal Aqui CE entrou em contato com a Primeira Vara Criminal da Comarca de Juazeiro do Norte, onde tramita o processo do duplo homicídio. Servidores informaram que, mesmo com as referidas informações a constar nos autos, Ronaldo Gomes de Lira, o “Ronnas Motos”, ainda não foi denunciado pelo Ministério Público.

Quando surgiu a suspeita, no ano passado, o vereador Ronnas se defendeu das acusações e negou qualquer envolvimento no duplo assassinato. Durante sessão na Câmara Municipal, o parlamentar pediu maior aprofundamento nas investigações e que tirassem o nome dele das denúncias.

Silêncio
O jornal Aqui CE tentou entrar em contato com o vereador Ronnas Motos mais de 50 vezes, nos celulares 9641.0987 e 9965.6441, de prefixo 88, disponíveis no site da Câmara Municipal. De todas as ligações, apenas uma foi atendida. Do outro lado da linha, uma mulher, identificada apenas como Rosane, supostamente sua esposa, limitou-se a informar que o vereador não podia atender no momento, mas que passaria o recado. Até o fechamento desta edição, nenhuma resposta sobre a acusação.

Fonte: Aqui CE


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