Crato (CE): Igreja suspende venda de casas

A Diocese da Igreja Católica neste município se comprometeu em invalidar a venda de imóveis de sua propriedade, após reivindicações de inquilinos. Alguns deles já residem nas unidades há mais de cinco décadas. Moradores realizaram uma manifestação por conta das supostas vendas, sem que tivessem sido avisados e reclamam da comercialização dos empreendimentos com preços abaixo do mercado. Os inquilinos ameaçam voltar novamente às ruas da cidade, até a sexta-feira, e entraram com ação no Ministério Público sobre o problema.

Segundo pároco da Igreja Matriz da cidade, Edmilson Neves, em nota divulgada pela Diocese, já está sendo providenciada a renegociação dos empreendimentos vendidos para a devolução à Igreja, com a invalidação das escrituras. Ele afirma que, com isso, os moradores terão a garantia dos imóveis, como preferentes para compra.

As casas e prédios comerciais estão distribuídos em várias ruas do Crato, inclusive do Centro da cidade. De acordo com os moradores, são cerca de 65 imóveis entre casas e prédios comerciais, alguns deles, há mais de um ano vendidos com preços abaixo do mercado. Conforme o padre, a negociação foi feita por um assessor da Igreja, sem o pleno conhecimento do bispo dom Fernando Panico. Ele disse, ainda, que foram tomadas providências e houve a mudança do cargo da pessoa responsável pelas finanças. "É como uma Prefeitura. São muitas coisas para administrar e o bispo tomou conhecimento e decidiu fazer a mudança imediata", explica.

Um dos moradores inconformados com a questão é o funcionário público Carlos Pedro Bacurau, que teve a sua casa vendida há mais de um ano. Com cópia de um documento extraído no cartório da cidade. Ele diz que a sua residência, considerada modelo, pelo zelo que tem com a casa que mora há 37 anos, foi negociada por um preço bem abaixo do que ofertou há cerca de três meses "Houve a venda por R$ 60 mil há mais de um ano, e fiz uma proposta de R$ 280 mil", afirma o morador, que disse estar angustiado com a situação e cobra o posicionamento da Igreja em relação ao caso.

Os moradores chegaram a contratar advogado para resolver a questão. Há pessoas que residem em casas da Igreja há mais de 50 anos. Segundo o padre Edmilson, várias providências relacionadas à forma como vinham sendo conduzidas as questões relacionadas às finanças da instituição estão sendo modificadas, em função de problemas verificados.

Para o morador Humberto Pinheiro, a situação é de constrangimento, em relação ao que aconteceu. Morador da Rua Monsenhor Sóter há 22 anos, ele afirma que todos os meses tem pago o aluguel, mas não imaginava que a sua casa estava vendida a outro proprietário. Para constatar a veracidade, decidiu ir até o cartório da cidade e viu que a unidade tinha sido vendida há pelo menos um ano, mesmo com o contrato de aluguel renovado em nome da Diocese.

Ele disse que chegou a falar com um padre sobre a situação e alegação foi de que a Igreja estava passando por dificuldades. De acordo com o inquilino, a sua casa foi vendida em julho de 2012 e o contrato de aluguel renovado em dezembro do mesmo ano. Humberto alega má fé na negociação, sem que o direito do inquilinato fosse respeitado, dando preferência a outros moradores.

Negociações
Em uma carta de esclarecimento a um dos moradores, o bispo dom Panico nega a venda de uma das casas da rua Carolino Sucupira, no Centro, no valor de R$ 350 mil.

Conforme a carta do bispo, com a negativa da Diocese, é pedido para o inquilino comparecer à Cúria Diocesana para maiores esclarecimentos. Os imóveis estão localizados em ruas como a Monsenhor Sóter, Coronel Secundo, Carolino Sucupira e Adelice Macedo, dentre outras áreas da cidade.

ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER 

Fonte: Diário do Nordeste



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