Atiradores disparam contra comboio da ONU na Síria

Um veículo da ONU que transportava a equipe que irá investigar o uso de armas químicas na periferia de Damasco, na Síria, foi atingido por tiros diversas vezes por atiradores não-identificados nesta segunda-feira (26). A informação foi confirmada pelo porta voz da secretaria-geral da organização, que disse que ninguém se feriu na ação.

Segundo o comunicado do porta-voz divulgado hoje em Seul, onde o secretário-geral Ban Ki-moon se encontra em visita oficial, o carro foi danificado pelos tiros, impedindo que a equipe seguisse viagem e obrigando-a a retornar para uma base do governo.

A secretaria-geral fez ainda um pedido no comunicado dizendo que "ambas as partes precisam cooperar para que a equipe possa realizar seu importante trabalho com segurança".

O governo sírio autorizou ontem que inspetores da ONU visitem as áreas no subúrbio de Damasco onde teria havido um ataque com armas químicas na última quarta-feira (21). O comboio composto por seis carros com inspetores da ONU deixou um hotel de Damasco hoje e dirigiu-se para o local do suposto ataque.

A equipe de especialistas em armas químicas, vestidos com coletes à prova de bala da ONU, estava acompanhada por forças de segurança e uma ambulância, segundo informações da Reuters.

No trajeto, os inspetores entrariam na região dominada pelos rebeldes nos arredores de Damasco conhecida como Guta Oriental, local onde, segundo ativistas, mais de mil pessoas morreram após ataque com foguetes carregados com gás venenoso.

O governo sírio culpou "grupos terroristas armados" - forma como costuma chamar os rebeldes - pelo ataque contra os inspetores da ONU na periferia de Damasco.

Segundo uma fonte governamental citada pela televisão estatal síria, Damasco considerou que esses grupos armados são "responsáveis pela segurança, pela proteção da vida e pelo retorno pacífico da equipe da ONU"

As autoridades sírias negaram o uso de armamento químico em Guta, onde houve uma grande ofensiva contra os rebeldes na semana passada. O regime acusou os insurgentes de utilizarem esse tipo de armas em combates recentes no subúrbio de Damasco.

Kerry diz ter "poucas dúvidas" sobre uso de armas químicas
O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, afirmou em telefonema para o secretário-geral da ONU, Ban ki-Moon, ter "muitas poucas dúvidas" sobre o uso de armas químicas em ataque na Síria na última quarta-feira (21), segundo a agência de notícias Ansa.

Fontes diplomáticas ouvidas pela agência de notícias disseram que Kerry teria ainda afirmado que "se o regime sírio quisesse demonstrar ao mundo que não usou armas químicas durante o incidente, teria parado seu bombardeio na região e oferecido o acesso imediato da ONU cinco dias atrás".

Kerry teria entrado em contato nesta segunda, além de Ban Ki-Moon, com o chanceler britânico, William Hauge, o francês Laurent Fabius, o canadense John Baird e o russo Sergei Lavrov. A todos teria afirmado "ter muitas poucas dúvidas em relação ao uso de armas químicas por parte do regime sírio".

Por sua vez, o ministro britânico das Relações Exteriores, William Hauge, afirmou nesta segunda que é possível que uma resposta contra a Síria aconteça sem a aprovação completa do Conselho de Segurança da ONU.

Já o primeiro-ministro francês, Jean-Marc Ayrault, declarou que a "comunidade internacional não pode deixar passar este crime contra a humanidade", se referindo ao uso de armas químicas por parte do governo do presidente Bashar Assad.

Fonte: UOL



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