Senado mantém 75% dos royalties a educação

O Senado aprovou nesta teça-feira (7) o projeto de lei que prevê 75% dos royalties do petróleo para educação e 25% dos royalties para a saúde. No entanto, o texto foi alterado e agora prevê uma quantidade menor de recursos destinadas a essas áreas que o texto substitutivo aprovado pela Câmara dos Deputados. O projeto de lei terá de voltar para a Câmara dos Deputados.

Após pressão do governo federal, o relator da matéria e líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), mudou novamente os critérios que definem as áreas de exploração de petróleo na lista daquelas cujos royalties seriam contabilizados para as áreas da educação e da saúde e a parte do Fundo Social do Pré-Sal que será destinada à educação.

Ainda não há estimativa do valor que vai para o setor educacional com o novo texto substitutivo, mas sai da conta uma parte dos recursos dos municípios e dos Estados.

Segundo Eduardo Braga, da maneira que está o projeto destinará ao menos R$ 4 bilhões ao ano para a educação a partir de 2014.

O ministro da Educação Aloizio Mercadante acompanhou a discussão no plenário do Senado e afirmou que os recursos não serão suficientes para alcançar a meta de investimento de 10% do PIB (Produto Interno Bruto) do PNE 2011-2020, mas considerou o texto um avanço.

Contratos firmados ou comercializados
O texto aprovado no Senado prevê que os royalties da União de contratos com declaração de comercialidade a partir de 3 de dezembro de 2012 e da parcela dos royalties dos municípios e dos Estados de contratos celebrados a partir dessa data sejam divididos entre saúde e educação.

A Câmara queria que as parcelas de royalties de todos os contratos com exploração que começasse a partir de 3 de dezembro de 2012 fossem para a educação e a saúde--parcelas da União, dos Estados e dos municípios.

O texto aprovado no Senado resolve que a parte dos recursos que cabe à União será destinada para educação em todos os contratos, como previa a Câmara. Mas decide que no que diz respeito aos Estados e municípios, serão destinados à educação e à saúde os recursos dos royalties dos contratos firmados após essa data, áreas ainda improdutivas. Os contratos que foram firmados antes disso não tiveram seus recursos divididos.

De acordo com o relator do substitutivo, a ideia foi "garantir mais consistência jurídica e evitar o aprofundamento da judicialização", já que os Estados e Municípios iriam contestar o texto do jeito que foi aprovado na Câmara na Justiça.

O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) propôs preferência para o texto original da Câmara, mas seu requerimento foi rejeitado, assim como emendas de diversos senadores.

Rendimentos ou recursos
Atendendo a outro pedido do governo, o texto aprovado pelo Senado voltou a destinar 50% dos rendimentos dos recursos do Fundo Social do Pré-sal para educação pública. Além de 50% da parcela que a União destina ao Fundo Social.

Na Câmara dos deputados foi aprovado o investimento de 50% do Fundo Social do Pré-Sal para a educação, com as parcelas da União, dos municípios e dos Estados.

Governo queria 100%
Durante a tarde de terça-feira (2), a ministra Idelli Salvatti, da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, e o ministro Aloizio Mercadante, da Educação, defenderam algumas das alterações do projeto acatadas pelo Senado em reunião com os líderes partidários no Senado. No entanto, o governo defendia que 100% dos royalties do petróleo fossem destinados exclusivamente para educação.

Apesar da derrota, o ministro da Educação comemorou o texto que foi aprovado pelos senadores. "O que foi aprovado é sem dúvida nenhuma um grande avanço para a educação no Brasil e faço questão de estar aqui pessoalmente". "É este dinheiro que vai financiar o ensino em tempo integral e a melhora no nível do salário dos professores, além de seus planos de carreira", afirmou o ministro após a votação simbólica que aprovou o substitutivo do senador Eduardo Braga.

Uma das preocupações do governo era a de não destinar todos os recursos do Fundo Social do Pré-sal para educação para que o país não passe pela chamada "doença holandesa", um termo da economia que se refere à situação de estagnação na industrialização do país devido à especialização na extração ou produção de recursos naturais.

"Todos os países produtores de petróleo, quando pegaram todos os recursos do petróleo e jogaram diretamente na economia, viveram a chamada 'doença holandesa'. A moeda fica muito valorizada e isso prejudica todos os setores da economia. É só olhar para a Venezuela, o Iraque, o Irã e a Arábia Saudita", disse o ministro da Educação.

Mercadante afirma também que é importante fazer uma "poupança" com o Fundo Social, para que o dinheiro não seja inteiro gasto de uma vez e seja distribuído ao longo do tempo. "As futuras gerações também tem direito a este dinheiro", disse o ministro.

Fonte: UOL



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