Quadrilhas juninas fortalecem economia do Cariri

Uma fogueira, uma quadrilha, um bom forró pé-de-serra. É assim a festa junina no Nordeste. Na zona rural, a partir de cinco pares de dançarinos já se improvisa uma quadrilha, e se for ensaiada, aí é que todo mundo para pra ver. Uma batata assada na fogueira, bolo de milho, mungunzá... Tudo isso remete aos festejos que começam já no início do mês de junho, com a homenagem ao santo casamenteiro: Santo Antônio. No Brasil inteiro, o mês é de muita festa, mas, na região Nordeste, ela tem um gostinho especial. A cultura nordestina é popular pelas grandes festas juninas.

Em Campina Grande, na Paraíba, o São João dura o mês inteiro e é o maior do País. Mas aqui na região do Cariri, no Ceará, as festividades ficam maiores a cada dia. A festa de Santo Antônio em Barbalha já atravessou os limites do Cariri e se tornou nacional, gente do Brasil inteiro vem prestigiar o carregamento do Pau da Bandeira. Após a festa do santo popular por arrumar casamento para os solteiros e solteiras, começam os festejos de São João e São Pedro.

Impacto nas vendas
Como em qualquer mês que seja marcado por festas, o comércio espera e comemora alegremente a chegada do mês de junho. E todos os segmentos saem ganhando com a época, desde o setor de hotelaria até o mercado de tecidos e vestuários.

Apesar da cidade de Juazeiro do Norte, neste ano, não ter grandes festas para atrair turistas, por ser o centro comercial da região do Cariri, vê o seu mercado bem aquecido. Pelo fato de muitos grupos de quadrilha se concentrar na cidade, as lojas que são especializadas em vendas de tecidos percebem uma movimentação cada vez maior. Mas se engana quem pensa que apenas as lojas que vendem tecidos saem ganhando com os grupos de quadrilha.

Custos
Pequenos detalhes, que são comprados em quantidade, também ajudam a movimentar a economia local. O quadrilheiro Edson Santos, que já trabalha no ramo há no mínimo sete anos diz que "temos gastos com aviamentos, pedrarias, maquiagens, calçados, músicos, cenário, transportes, água e lanches, entre tantas outras coisas".

Só para se ter uma noção dos gastos que um grupo tem para se apresentar, Edson explica alguns investimentos: "por exemplo, se uma quadrilha tem em média 20 pares, ela gasta com chapéus e arranjos de R$ 15,00 a R$ 20,00 por cada um. Aí, no final, você vai ter um gasto de mais ou menos R$ 800,00, sem falar nas maquiagens, que são em média R$ 25,00 por dama".

Mais o maior gasto é com transportes, pois além de transportar os dançarinos, é preciso levar cenário, instrumentos etc.

"Se uma quadrilha faz em média dez apresentações por mês, só aqui pela região, cada viagem é em torno de R$ 300,00 a R$ 400,00. Aí vem a questão de que nunca é apenas um ônibus fretado...No final, vai dar em torno de R$ 8 a R$ 10 mil", revela.

Cuidados
Se não tem festival de quadrilha, pelo menos uma fogueira na frente da casa os juazeirenses garantem. Para animar a noite, fogos e bombas completam a festa. As crianças são as que mais se divertem usando esses itens, que vão desde simples bombinhas até "chuvinhas" mais incrementadas. É aí onde mora o perigo.

Quem vai comprar os artigos para usar nas "noites de fogueira", não atenta para alguns cuidados básicos que podem evitar vários acidentes comuns na época, como queimaduras causadas pelo uso incorreto da pólvora.

Rosemberg Soares, proprietário de uma loja especializada nesse segmento de produtos, deu algumas dicas para que os leigos no assunto possam ficar um pouco mais seguros.

Segundo ele, para cuidar que as crianças não se machuquem é importante "estar de olho na classificação, que vai de "A" a "D", sendo que apenas a primeira é indicada para crianças, por ser a única que não tem muita pólvora nem tiros".

A partir da classificação "B" os fogos e bombas são indicados apenas para adultos. A indicação é encontrada na embalagem do produto. Outro cuidado, que muitas pessoas ignoram, mas que Rosemberg explica ser muito importante, é o de "seguir as instruções de uso, que também são encontradas na embalagem do produto". Lembra também que a combinação fogos-bebidas não é segura.

Julho
Com tudo isso, o comércio de Juazeiro do Norte comemora uma aquecida no mês inteiro, que deve se estender até o início de julho, já que os festejos não terminam junto com o mês.

O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas - CDL da cidade, Michel Oliveira Araújo, diz que "como o São João, que é data mais forte para o comércio já passou, as vendas devem cair um pouco, mas não a ponto dos lojistas deixarem de festejar também, a noite de São Pedro não deixa a economia local esfriar".

Para os nordestinos, caririenses e simpatizantes, as festas juninas sempre são uma boa oportunidade de festejar, seja com muito forró, mungunzá e bolo de milho, ou com muitas vendas e economia movimentada.

Mais informações
CDL de Juazeiro do Norte
Rua Padre Cícero, 576, Centro
Ed. Antônio Correia Celestino
Fone: (88) 3512.2266 / Fax: (88) 3512.1248 

Fonte: Diário do Nordeste



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