Lula pode voltar em 2014

A queda na popularidade da presidente Dilma Rousseff, registrada nas últimas pesquisas, criou em líderes da base a expectativa de que o Planalto passe a ouvir mais as vozes dos parlamentares. Desde o início do governo, as queixas da falta de diálogo de Dilma com aliados só crescem. Com a queda na aprovação da presidente, aumentou na base a percepção de que é mais forte a possibilidade da volta do ex-presidente Lula como candidato em 2014.

O senador Blairo Maggi (PR-MT), um dos aliados que mais vezes foram recebidos no Planalto, afirmou que, nas últimas semanas, têm sido recorrentes entre os parlamentares da base os comentários a respeito da volta de Lula. Segundo o senador, é tido como senso comum que Dilma ignorava o Congresso porque baseava seu governo no respaldo popular que tinha.

— Há grande possibilidade de Lula voltar, não vejo impedimento para isso, nem técnico, nem político. Para ser candidato, tem de estar viável. Ouvi de muitos dos que têm resistência a Dilma, e que têm vontade de deixar o barco, que, se Lula voltar, estarão dentro novamente. Não dá para o governo ficar mandando Medidas Provisórias sem conversar, nem para ficar esperando 60 dias para falar com a ministra Ideli (Salvatti, de Relações Institucionais) — disse o senador.

Autoridades do governo afirmam que a combinação da queda da popularidade de Dilma com o fato de Lula ter sido bem avaliado nas pesquisas deve fortalecer o movimento “Volta, Lula”.

Principal partido da base, o PMDB também faz cobranças em relação à falta de diálogo do governo com o Congresso, e aposta numa melhora da relação a partir da crise de popularidade. Segundo uma liderança da legenda, o Congresso esperava uma oportunidade como esta.

— Estava todo mundo torcendo e esperando por esse momento de queda da popularidade. Agora, a presidente fica mais dependente do Congresso, o governo terá que se abrir mais às negociações legislativas. Se ela continuar com a falta de diálogo até o ano que vem, não sobrará ninguém ao lado dela — comentou, reservadamente, um cacique do PMDB.

Lideranças do partido ressaltam que a presidente deu os primeiros sinais de que poderá passar a consultar a base. Mas ainda se mostram céticas quanto à reação de Dilma, e preferem aguardar para ver se ela manterá a rotina de reuniões com os aliados. Eunício Oliveira (PMDB-CE), líder do partido no Senado, afirmou que a preferência por Lula dentro do PT é notória, mas diz que seu partido ainda irá esperar o desenvolvimento dos fatos para se posicionar:

— Esses dias, ela não tem feito outra coisa a não ser conversar com a base. É natural que um momento de crise sirva para promover essas mudanças. Esse momento de ebulição faz com que todos promovam autocrítica. Se a eleição fosse daqui a um mês, a preocupação seria grande. A maioria no PT prefere o Lula, mas nós, do PMDB, não vamos ser oportunistas neste momento. Temos de esperar para ver que respostas serão dadas pelo governo.

Eduardo Cunha (PMDB-RJ), líder do partido na Câmara, ressaltou que a primeira resposta da presidente Dilma às manifestações populares, a proposta de um plebiscito, não foi adequada.

— A presidente deu um sinal de que quer começar a ouvir a base. Vamos ver se isso será uma prática quando a crise passar. Mas plebiscito, a bancada do PMDB na Câmara não vai aceitar agora. É um custo elevadíssimo e não vai valer para 2014 — afirmou o deputado, completando que ainda é cedo para avaliar a queda de popularidade.

O líder do partido do presidenciável Eduardo Campos, senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), alerta que, se o governo tivesse dialogado desde o início, poderia ter evitado problemas:

— Há uma queixa no Congresso com a falta de diálogo, mas o governo se sustentava muito nos índices de aprovação. Pode ser que agora, encontre maiores dificuldades para lidar com algumas forças políticas — disse.

Fonte: O Globo



AddThis