Juazeiro do Norte (CE): Possível segurança do prefeito Raimundo Macêdo aponta arma e atropela universitário no campus da UFCA

A posse de Suely Salgueiro Chacon, Reitora da recém-criada Universidade Federal do Cariri (UFCA), foi marcada por manifestos, agressões e arma em riste de alguns universitários. Após a solenidade de posse, o Prefeito Raimundo Macedo (PMDB), que compunha a mesa de autoridades, foi hostilizado por dezenas de universitários que reivindicavam melhorias nas vias de acesso ao campus; transporte público de qualidade e investimento na educação da cidade, que recentemente teve escolas rurais fechadas.

Na saída do Campus - situado no bairro Cidade Universitária (Juazeiro do Norte) – o gestor municipal foi acompanhado até o estacionamento da UFCA por cerca de 40 estudantes, que empunhavam cartazes e entoavam palavras de ordem, como “Fora Raimundão, você destruiu a educação”; “Raimundão, ladrão, acabou com a educação” e “Fora Raimundão, universidade não é lugar de ladrão”.

O prefeito adentrou no carro do Secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turístico - SEDETU, José Roberto Celestino, no entanto, alguns estudantes formaram uma barreira humana impedindo à saída do veículo. Celestino se dispôs a conversar com o grupo que, irredutível, só aceitava “negociar” a desobstrução da via, após Raimundão se pronunciar acerca tais reivindicações.

Em um ato inesperado, Raimundo saiu do carro e disse: “Não querem sair? Sem problemas, irei a pé”, e seguiu caminhando por cerca de 200 metros, até ser “resgatado” por um possível segurança a paisana, que dirigia um Fiat Prata, de placas NVA – 8474, inscrição de Juazeiro do Norte.

Após ter o veículo novamente cercado pelos universitários, o motorista que não teve sua identidade revelada, sacou uma pistola e apontou em direção aos alunos, dispersando o grupo. Revoltados, os universitários se dirigiram ao veículo do secretário cobrando explicações. Celestino, outrossim inconsequente, arrancou em alta velocidade, atropelando Gabriel Soares, estudante do 7º semestre do curso de Filosofia.

Assustado, Gabriel relata as “atitudes irresponsáveis” do possível segurança, bem como do secretário. “Em nenhum momento tocamos um dedo sequer no prefeito ou em qualquer um que lhe acompanhava. Estávamos reivindicando de forma pacifica, até que o capanga do prefeito sacou uma arma e apontou para todos; não satisfeitos, o secretário arrancou o carro e me atropelou covardemente, como se eu fosse lixo”.

“Foi o misto de sensações: raiva, medo, indignação e impotência”, completa Gabriel. “É dessa forma que o prefeito reage diante de protestos legítimos?! Deixando que seus subordinados ajam de forma violenta e inconsequente?”, questiona o universitário.

Acompanhados de um professor do curso de Jornalismo, cerca de 10 alunos se dirigiram à 20ª Delegacia de Polícia Civil para prestarem um Boletim de Ocorrência e realizar exame de corpo de delito. Gabriel conta que além das “inúmeras testemunhas, vários alunos gravaram o momento em que ele nos aponta à arma”.

Em nota, o Centro Acadêmico dos Estudantes Xico Sá “lamenta e repudia o ocorrido” e diz que são “a favor da desmilitarização da polícia e fim dos seguranças-capatazes que servem aos políticos, aos moldes do velho coronelismo”. O C.A. informa, ainda, que a instituição adotará as medidas cabíveis junto à polícia.

A reportagem tentou contato com a assessoria de comunicação da prefeitura, no entanto, até o fechamento desta matéria não havíamos obtido retorno.

André Costa

Foto: André Costa/Ag. Miséria

Fonte: Miséria



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