Cultura do Cariri tem atraído pesquisadores de todo o mundo

O Cariri tem atraído pesquisadores e admiradores do Brasil e várias partes do mundo. Um dos divulgadores da cultura regional, o alemão Titus Riedl, professor da Universidade Regional do Cariri (Urca) chegou ao Cariri há quase 18 anos. Residindo na região, é um incansável pesquisador das tradições e as manifestações populares. Ele se tornou um amante do caldeirão de cultura. Aos 46 anos, Riedl ajuda a divulgar a região pelo país e o mundo.

O seu grande interesse pelas tradições populares, fez como que desenvolvesse um trabalho amplo de pesquisa na área da fotopintura. O material dos fotógrafos do Nordeste chamou em especial a sua atenção, e o impulsionou a organizar diversas exposições, que já foram apresentadas em cidades brasileiras e no exterior, como São Paulo, Los Angeles e Nova York.

Além disso, Titus Riedl ajudou na pesquisa do premiado documentário "Câmera Viajante", que retrata o universo e o ofício dos fotógrafos populares no Brasil. O alemão veio pela primeira vez ao Ceará em 1989, através de um intercâmbio entre a Universidade de Colônia, na Alemanha, e a Universidade Federal do Ceará (UFC). "Fui bolsista da UFC e por um convite da Urca, cheguei ao Cariri", lembra. Titus afirma que quando chegou ao Brasil já tinha estudado muito sobre o país. "Estudava a cultura brasileira, português. E tinha um conhecimento relativamente grande sobre cultura sul-americana", diz ele.

A sua predileção pelo interior foi o guia para o Cariri. Ele vê no interior como algo mais a se estudar e o Cariri, nas suas especificidades, para ele faz parte de um Brasil mais brasileiro. "Sendo realmente de expressões culturais, de conselheiros e beatos, que ainda tinham por lá. E isso foi estimulante e interessante. Foi uma descoberta do Brasil através do interior", disse.

A exposição sobre fotografia popular, organizada pelo pesquisador, aconteceu recentemente no México. Ele justifica o seu gosto pelo tema, ao mesmo tempo em essa é uma tradição que está desaparecendo no Brasil. A exposição seguiu para salões de Nona Yorque e Los Angeles, e no Brasil, para São Paulo e Bahia. "Isso, na verdade, ajuda a despertar o interesse pelo Cariri, a curiosidade das pessoas para essas especificidades", destaca.

E o bom de tudo isso, tem sido, ao longo desse passeio com os artigos da cultura local, a boa reação das pessoas. "Também estou com alguns projetos de curadoria, mas trabalhar com o resgate cultural é um trabalho árduo", avalia. Não apenas instituições locais têm auxiliado nesse processo de divulgação, mas a Fundação Joaquim Nabuco, em Pernambuco, e o Banco do Nordeste, são apoiadores fundamentais nesse processo.

Para Titus, a região é extremamente rica em informalidades. "Isso não só em relação à cultura, mas à economia, o design. É um imenso núcleo de comércio e expressão informal, que não chegam à formalização através da academia, de ensino, etc. Esse é um dos grandes potenciais do Cariri, porque a informalidade sempre corresponde a uma maior criatividade. Nas romarias você vê bem isso: carrinhos vendendo qualquer coisa, expositores que se inspiram em novos designers", destaca. Além da população local, que o professor classifica como humilde, aberta e hospitaleira.

Com o crescimento regional, o pesquisador e professor de história da Urca, alerta para a preservação dos espaços urbanos, e do seu patrimônio histórico. "Vejo derrubarem casas antigas, destruírem área com registros rupestres, etc. E as cidades estão se tornando todas, infelizmente, um pouco iguais. E poderia haver mais apoio para as manifestações populares", alerta.

Fonte: Diário do Nordeste



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